quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DOENÇA DA ALMA


                                                                        
Quem é que, nas horas de silêncio e recolhimento, nunca interrogou à Natureza e a seu próprio coração, perguntando-lhes o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do Universo? Onde está aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma realidade? Não seria um ser humano por mais descuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes,esses tremendos problemas. A dificuldade de os resolver a incoerência e a multiplicidade das teorias que tem sido feitas, as deploráveis conseqüências que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, os tem relegado à indiferença e ao ceticismo.
O Homem tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que console da certeza que o guie e sustente. Para isso, deve-se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.
Uma imensa transformação se opera nos seios das sociedades.O Homem aspira cada vez mais a libertar-se de todo o entrave e a dirigir a si próprio. Ao mesmo tempo em que as instituições políticas e sociais se modificam, as crenças religiosas e a fé nos dogmas se tornam enfraquecidas. É uma das conseqüências da liberdade em sua aplicação às coisas do pensamento e da consciência. A liberdade, para os homens ignorantes e viciosos, não seria como uma arma possante nas mãos da criança? A arma neste caso freqüentemente se volta contra aquele que a porta e o fere.
Se observarmos atentamente ao redor constatamos a ausência do Ser e do Saber e a ilusão de estar. Estar esta em sociedade, procurando a felicidade em valores distorcidos. Tão superficial é o seu ideal, quanto superficial é o homem!
A todo o momento buscamos subterfúgios para preenchermos um vazio existencial. Nos desculpamos constantemente de erros cometidos, pois nosso orgulho de acharmos que somos super heróis e temos o controle de nossa vida nos traz uma falsa esperança de quem ou de que realmente somos. “Somos vítimas de nosso Orgulho”.
É a raiz da doença da Humanidade. “A ausência de si mesmo em não aceitar que somos seres em crescimento e com deficiências muitas vezes não vistas e não aceitas por nós. O quanto ignorantes somos!
A verdade é crua, seca e cruel. Sem máscaras, ausência de cor, sem som. Entramos num vácuo imersos de ignorância do saber. E todo o saber que achamos que somos? São verdades ou criação de uma falsa ilusão? Quem somos?

O que realmente é a Vida?
Não há efeito sem causa; nada procede do nada. Quando afastamos de nossa alma, o espesso envelope de erros, preconceitos e sofismas, que tem revestido nossa inteligência, sentimos desprovidos de vida. Viramos zumbi de nossa existência.
O espírito jaz na matéria como um prisioneiro em sua cela. Tudo mostra que o ser humano pertence apenas temporariamente à matéria. O corpo é uma vestimenta emprestada, uma forma passageira e por conseguinte tudo o que criamos em nosso redor bem como sofrimentos achamos ser verdades imutáveis e deixamos de olhar para o que realmente tem valor. Quais são os valores que colocamos em nossa vida como verdades absolutas?
Criamos máscaras amortecedoras de dor.
Refletimos sobre nossa existência. Somos doentes de alma?

PATRICIA JORGE ALVES
TERAPEUTA HOMEOPATA

CRÍTICA

                                                                                                                                                                             

 Por projeção psicológica entende-se a atitude de perceber-nos outros, com certa facilidade, nossos conflitos e dificuldades, com recusa, no entanto, de vê-los em nós mesmos.
   Dependendo do grau de distorção que fazemos dos fatos, para atender nossas teorias e irrealidades, é que se inicia em nossa intimidade o processo de paranóia. Os paranóicos possuem uma característica peculiar: relacionam qualquer acontecimento do mundo consigo mesmos, ou, melhor dizendo, desvirtuam a realidade dos fatos, trazendo para o nível pessoal tudo o que ocorre em sua volta.
   Quanto mais conscientizado for o homem, tanto mais entende a ordem das coisas e mais as questionará em seu simbolismo. Estar perfeitamente harmonizado e centrado em tudo o que existe é o requisito primordial para atingirmos a plenitude da vida.
   Tudo o que criticamos veemente, no exterior encontraremos em nossa intimidade. Isso nos leva a entender que o ambiente em que vivemos é, em verdade, um espelho onde nos vemos exata e realmente como somos.
   Se, na exterioridade, algo de inoportuno estiver ocorrendo conosco ou chamando muito a nossa atenção, é justamente porque ainda não estamos em total harmonia na interioridade. Significa que devemos analisas melhor e estudar ainda mais a área correspondente ao nosso mundo íntimo.
   Todas as maldades e eventos desagradáveis que visualizamos fora são somente mensageiros ou intermediários que tornam consciente a nossa parte inconsciente.
   Os efeitos sonoros do eco são reflexões de ondas que incidem sobre um obstáculo e retornam ao ponto de origem. Poderemos entender o mecanismo espiritual de funcionamento da Lei de Ação e Reação em nossas existências. Atos ou palavras, repetidas sucessivamente, voltarão ecoando sobre nós mesmos; são “veredictos” resultantes de nossas apreciações e estimativas vivenciais.
    Todas as nossas suspeitas sistemáticas têm raízes na falta de confiança em nós mesmos, e não nos outros. Por isso:
   - se criticarmos o comportamento sexual alheio, podemos estar vivendo enormes conflitos afetivos dentro de nós ou do próprio lar;
   - se tememos a desconsideração, é possível termos desconsiderado alguma coisa muito significativa dentro de nossa intimidade;
   - se desconfiarmos de que as pessoas querem nos controlar, provavelmente não estamos na posse do comando de nossa vida interior.
   -se condenarmos a hipocrisia dos outros, talvez não estejamos sendo leais com nossas próprias vocações e ideais.
   Projetar nossas mazelas e infortúnios sobre alguma coisa ou pessoa não resolve a nossa problemática existencial. Somente quando reconhecemos nossas “traves”, é que poderemos ver com lucidez que, realmente, são elas as verdadeiras fontes de infelicidade,que nos distanciam da paz e da harmonia que tanto buscamos.


PATRICIA JORGE ALVES
TERAPEUTA HOMEOPATA

EGOÍSMO

                                                                        

A vaidade é filha legítima do egoísmo, pois o vaidoso é um “cego” que somente sabe ver a si próprio.
  A vaidade é um desejo superlativo de chamar a atenção, ou a presunção de ser aplaudido e reverenciado perante os outros. É a ostentação dos que procuram elogios, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo e não dentro de si mesmo.
  A vaidade atinge toda e qualquer classe social, desde as paupérrimas até as que atingiram o cume da independência econômica.
  Francisco VI, duque de La Rochefoucauld, escritor francês do século XVII, dizia que “ficaríamos envergonhados de nossas melhores ações, se o mundo soubesse o que as motivou”.
   A afirmativa é válida porque se refere às criaturas que fazem filantropia a fim de alimentar sua vaidade pessoal, impressionando o mundo para que os inclua no rol dos generosos e de grandes altruístas.
   Filhos de pais orgulhosos podem-se tornar crianças exibicionistas, carregando uma grave dependência psíquica de destaque. Comportam-se para ser socialmente aceitas e para aparentar-se pessoas brilhantes.
   Os vaidosos colocam máscaras de criaturas impecáveis e, evidentemente, transmitem aos filhos toda uma forma de pensar e agir alicerçada na preocupação com os rótulos e com a escala de valores pela qual foram moldados.
   Outra causa do desenvolvimento da vaidade nas criaturas é a importância desmedida que dão às posses e propriedades. Na atualidade, por menor que seja a classe social em que se encontra constituída uma família, ainda é o dinheiro uma fonte absoluta de poder.
   A supervalorização social e econômica de determinada profissão ou emprego influencia as escolhas de conformidade com a realização externa, em detrimento das inclinações e vocações internas.
   A mesquinhez pode manifestar-se ou não com a acumulação de posses materiais, como também pode aparecer como um “refreamento de sentimentos” ou um “autodistanciamento do mundo”.
   A falta de generosidade e a insensibilidade em relação às necessidades dos outros têm raízes numa defesa psicológica que desencadeia nos indivíduos uma ruptura na conexão entre o seu conteúdo emocional e o seu conteúdo intelectual.
   A criatura sovina isola-se em si mesma. Nada tem importância para ela, a não ser a contenção doentia e generalizada em relação à sua própria vida interior, e não só em relação aos outros, como se pensa habitualmente. A mesquinhez pode manifestar-se ou não com a acumulação de posses materiais, como também pode aparecer como um refreamento de sentimentos ou um auto distanciamento do mundo. Como a matriz interior se fundamenta numa necessidade reprimida da pessoa que não consegue se relacionar com outras, nem mesmo delas se aproximar para permuta de experiências e afetividade, ela se sente solitária e, assim, compensa-se acumulando bens. Constrói torres e muralhas imensas para se proteger do empobrecimento que ela mesma vivencia, inconscientemente, há muito tempo. A escassez e a inibição da aproximação social e afetiva.
   Cria toda uma atmosfera de autonomia por possuir valiosos objetos exteriores destinados a suprir a sensação de vulnerabilidade que sente ao lidar com as pessoas.
   Na atualidade, tenta-se resgatar essa sensação do vácuo interior, existente na intimidade da alma humana, com uma reivindicação do desejo, cada vez maior, de possuir bens materiais. O grande fluxo de indivíduos que buscam os consultórios de psiquiatria e as clínicas das mais diversas especialidades médicas se deve a esse clima de insatisfação e de vazio existencial, que nada mais é que a colheita dos frutos do egoísmo. Incapacidade de se relacionar, repressão dos sentimentos de amor e de fraternidade e a inconsciência de uma vida interna e externa.
   A indiferença e a frieza emocional, a apatia e o apego patológico, bem como o distanciamento das privações dos outros, são características marcantes das criaturas que alimentam uma paixão egoística pelos bens materiais. São conhecidas como sovinas, mesquinhas ou usurárias.
   O trabalho interior sempre melhora a qualidade de nossa vida, pois passamos a conhecer a nós mesmos e o Universo como um todo, visto que somos levados também por um propósito precípuo cuja função é a de aprender a amar incondicionalmente.
   Procuremos então viver, não como proprietários definitivos de nossas posses, mas apenas como usufrutuários delas.
   A técnica para aprendermos a amar, usando de generosidade e desprendimento, é empregarmos nossos sentimentos e emoções com equanimidade, ou seja, dar-lhes igual importância ou utilizá-los com imparcialidade.
   Caridade sem salvacionismo; humildade sem baixa-estima; determinação sem atrevimento; obediência sem submissão; bondade sem anulação da personalidade; compaixão sem sentimentalismo; segurança sem impulsividade; perseverança sem obstinação.
   A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na intimidade da psique humana. Ela tenta enfeitar ou distrair o conflito com a busca de bens perecíveis, mas nunca consegue suprir a sensação de carência íntima.
   O altruísmo é o amor desinteressado, resultado do “enriquecimento da vida interior”, enquanto a avareza é filha da “pobreza do mundo interior”, acarretando uma desumanização e uma obstrução da capacidade de amar.

 PATRICIA JORGE ALVES
TERAPEUTA HOMEOPATA
                                                                

INSTITUTO CULTURAL IMHOTEP