quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MACROCOSMO


                                                       


Não limitemos a Ciência ao quadro do seu saber, indaguemos ao mais alto nível de compreensão. Interroguemos a nós mesmos o porque estamos neste planeta e que força nos conduzimos até aqui. Depois que nos libertarmos nosso pensamento da ação do peso, a fim de nos emanciparmos da servidão que nos liga à Terra, seguiremos com os olhos bem abertos para o novo.
Iniciamos com a afirmativa: Matéria e Energia, constitui o Universo Animado.
Cada período terrestre , de aproximadamente vinte e cinco mil e alguns centos de anos,  determinado pelo fenômeno astronômico conhecido sob o nome de precessão dos equinócios, cataclismas são acometidos com grande intensidade. Mudanças de inclinações do eixos dos pólos, deslocando às águas, que em razão de sua fluidez, tendem naturalmente a correr para o lado onde são mais atraídas, como o prova o fenômeno das marés.Blocos de gelos despedaçando não sendo mais sustentadas pelas águas, surgindo novas terras, novos continentes.
Fazendo um paralelo com a mudança natural terrestre, observemos e nossa anatomia e fisiologia.
A teoria atômica, como a dos equivalentes químicos, encontradas nas transformações de corpos entre si, nos induz a considerar a matéria como sendo um composto de elementos extremamente sutis, agrupados uns com os outros, de diferentes modos; dando o nome de moléculas a estes elementos. Estas moléculas, compõem-se de aglomerações de outros elementos “indivisíveis”, estes elementos são os átomos.
O que é a matéria? “É uma coisa que podemos ver e tocar, coisa formada de partes elementares, que, consideradas como matéria não existem absolutamente”, suponho que muitas pessoas ficariam surpreendidas ouvindo tal definição. Sendo sustentado por personagens eminentes, os partidários do átomo inextensível. Que seria o átomo então? Uma ficção matemática? Os elementos da matéria.
Em virtude da grande lei da conservação da matéria, que Lavoisier definitivamente estabeleceu, apesar de seus movimentos e migrações perpétuas, o átomo não varia nem se destrói: é indestrutível e invariável, constituindo apenas um elemento fluídico, cíclico, giratório do fluido universal de que a matéria é formada.
A energia animal dos átomos, de um movimento tão rápido, que a imaginação não pode fazer uma idéia dele, é o agente real que fixa a molécula, sendo por sua vez energia condensada. A idéia da impenetrabilidade da matéria dos corpos é absolutamente falsa. O volume das moléculas pode ser, quando muito, avaliado por milionésimos de milímetros, e mesmo, levando em conta o espaço considerável que as separa, é ainda por trilhões, quintilhões, sextilhões que devemos contá-las em um milímetro cúbico. Elas estão em um estado contínuo de agitação, de projeção, de choques violentos, de atração, de repulsões energéticas, das quais é sem dúvida um pálido reflexo o movimento browniano das partículas microscópicas.
Cada molécula, formada por uma multidão de átomos- turbilhões, é hoje considerada por alguns sábios do modo pelo qual ela foi antigamente por iniciados da Índia e do Egito, como um sistema planetário, com todas as complicações de movimento e de vida, dirigida segundo os pandits da Índia atual, por inteligências elementares inferiores. Os corpos, que são aglomerações de moléculas, seriam assim os análogos das vias – lácteas e das nebulosas resolúveis.
Para compreender a essência da vida, não é inútil fazer o exame comparado do Universo e do Homem. Do Macrocosmo e do Microcosmo. E depois só podemos ter concepções claras das coisas, elevando nossa alma acima das coisas ordinárias do pensamento, de onde nascem, quase sempre os preconceitos, as idéias errôneas, as ilusões a respeito do que nos cerca. A libertação do nosso espírito do quadro estreito da vida cotidiana,cujas ele tende a amoldar-se.
Considerando o macrocosmo na imensidade, veremos que a comparação da molécula com a nebulosa é racional. Ignoramos as leis dos movimentos moleculares, e se estamos mais familiarizados com as que governam os planetas do nosso sistema, desconhecemos as leis dos movimentos estelares. Os movimentos da molécula, como concebemos, sejam comparáveis ao das estrelas e seus planetas, subentendendo-se que as proporções do tempo de evolução da molécula devem ser reduzidas às do espaço em que ela evolui. Não percebemos os movimentos das moléculas, com uma velocidade aproximadamente de 30 quilômetros por  segundo, teríamos uma vida “curta” como o mais rápido pensamento, com ocupações relativamente numerosas e longas, senão fúteis.
Laplace, como o prova este trecho da sua Exposição do Sistema do Mundo:

Uma de suas propriedades notáveis, a da atração – escreve ele –, é que se as dimensões de todos os corpos do Universo, suas distâncias mútuas e velocidades crescessem ou decrescessem proporcionalmente, descreveriam curvas inteiramente semelhantes às que descrevem, de modo que o Universo ofereceria sempre a mesma aparência aos seus observadores. Estas aparências são, por conseguinte, independentes do movimento absoluto que possa haver no espaço. A simplicidade das leis da Natureza não nos permite, pois, observar e conhecer senão as relações.”

Considerando os cometas, esses gigantes dos campos celestes, que nada mais são além de “matéria cósmica”, que se busca e se acumula para, mais tarde,em um ponto do infinito, formar um novo mundo solar. Nesse estado, a energia, tomando a forma  de átomos, para se confederar em moléculas, ainda não saiu completamente do estado potencial; mas, basta que um ponto se materialize, e todas as moléculas novas irão agitar-se sobre este ponto; e a energia, encontrando-se sob sua “nova forma”; a matéria passará ao estado dinâmico. Chuvas de moléculas se multiplicarão; os pontos de energia materializarão uns sobre os outros, desenvolvendo uma quantidade de calor, a ponto de se tornarem volátil. E assim se formam os sóis que giram nos céus.Destes sóis em fusão, escapam as massas anulares voláteis, que esfriam no espaço onde vão se perder. Perder não é o termo, porque elas são retidas pela atração ou segundo Newton “quam ego attractionem appello”(o que denomino atração),pela atração do seu sol, cujos planetas ficam sendo.Eis o que nos dirão as estrelas.

É assim “que a gravidade, por um vasto e lento processo de cristalização, cujo progresso nas profundezas do espaço o astrônomo contempla com emoção, devia condensar, pouco a pouco, a matéria então prodigiosamente dilatada e confeccioná-la em sistemas estelares, solares e planetários”. (E. Jouffret.)



“O Sol, fazendo viver, pela ação benéfica de sua luz e calor, os animais e as plantas que enchem a Terra, deve analogamente produzir efeitos semelhantes sobre os outros planetas; porque não é natural pensar-se que a matéria, cuja atividade vemos desenvolver-se de tantos modos, seja estéril sobre um planeta tão grande como Júpiter, que tem, como o globo terrestre, seus dias, noites e anos, e sobre o qual os observadores notam mudanças que indicam forças muito ativas. Entretanto, seria dar demasiada extensão à analogia, concluir por isso a semelhança entre os habitantes dos planetas e os habitantes da Terra. O homem, feito para a temperatura de que goza e para o elemento que respira, não poderia, segundo toda a aparência, viver em outros planetas. Mas, não existirá neles uma infinidade de organizações relativas às diversas constituições dos globos do Universo? Se a única diferença dos elementos e dos climas põe tanta variedade nas produções terrestres, quanto mais devem diferir as dos diversos planetas e seus satélites? A imaginação mais ativa não pode fazer uma idéia delas; mas a sua existência é muito verossímil.” (Laplace, Essai sur les Probabilités.)


Depois que a Ciência nos fez assistir à formação dos sistemas, à gênese dos mundos, seja-nos permitido perguntar-lhe para que todo esse movimento, toda essa agitação! Dou ainda a palavra aos mais autorizados na questão. Diz E. Jouffret:


Segundo um cálculo de Helmholtz, o sistema solar não possui mais que 454ª parte da energia transformável, que ele possuía no estado de nebulosa. Embora esse resíduo constitua ainda provisão, cuja enormidade nos confunde o entendimento, ela será um dia consumida também. Mais tarde, a transformação terá lugar no Universo inteiro e, por fim, estabelecer-se-á um equilíbrio geral de temperatura, como de pressão.
A energia não será mais, suscetível de transformação. Não será mais o nada, nem será a imobilidade a mesma soma de energia subsistirá, sempre, sob a forma de movimentos atômicos; mas será a ausência de todo o movimento sensível, de toda a diferença e de toda a tendência, isto é, a morte absoluta.
Tal é, admitida a permanência das leis que regem hoje a Natureza e, segundo o raciocínio, o estado a que há de chegar o Universo...
Laplace, enganado pelo cálculo, não suspeitou esse desmoronamento final.

O homem aí está, no meio do espaço sem limites, quer em largura, quer em profundeza ou em todas as direções. Quando o compreende, se resigna a ser uma célula do Grande Ser! Pode ele limitado conceber o que não tem limites. Há milhares de anos, estrelas que não parecem mudar de lugar. Instrumentos inventados pelo homem permitem calcular; por exemplo, as estrelas chamadas fixas se afastam ou se aproximam, com a velocidade de 20, 30, 35 e mais quilômetros por segundo. Dez, vinte, trinta vezes mais rápida que uma bala ao sair do cano de um revólver.

Não entra no plano deste estudo fazer o histórico das diversas teorias emitidas a respeito dos fenômenos que presidem à conservação das funções da matéria organizada, isto é, à vida. Suponho que as doutrinas físico-químicas, animista, vitalista ou stahlista, etc., são conhecidas. Recordemos que, de uma parte, uns não queriam ver na vida senão um conjunto particular de fenômenos regidos pelas leis da Física e da Química, ao passo que outros, os animistas, consideravam-na como a manifestação onipotente da alma (Stahl) ou de um arqueu inferior (Basile Valentin, Van Helmont, etc.). Esta coisa imaterial, segundo os animistas, é o grande deus ex machina da vida; é ela que fiscaliza o bom funcionamento das células, preside às secreções e regula, em uma palavra, todos os atos da vida orgânica, a inteligência ou parte intelectual da alma, conservando-se acima do todo.
 Se admitirmos a existência autônoma da energia “como ser real, elemento constitutivo do Universo”? Assim não penso; a energia coexiste ao lado da matéria, admita-se. Como a matéria, que, do estado cósmico ou radiante (W. Crookes) passa às formas gasosa, líquida, sólida e às suas combinações infinitas, a energia torna-se luz, movimento, calor, magnetismo, eletricidade, conforme o modo pelo qual opera sobre a matéria ou une-se a ela. Associada à substância organizada, a energia se transformaria em vida, em inteligência, etc. E do mesmo modo que a matéria em movimento tende ao repouso, em conseqüência do que se chama em mecânica a degradação da energia, e perde sua energia dinâmica, do mesmo modo a matéria organizada e viva, sob a influência de uma lei análoga à da degradação, perderia, por sua vez, a energia dinâmica, isto é, vital, como o elemento motor do qual acabamos de falar, voltaria ao grande reservatório comum da energia potencial para onde, tendem, “no fim dos tempos”, todas as forças do Universo: seria sempre o aniquilamento imediato para a consciência; seria, como se diz ainda – sem saber exatamente porquê – o regresso ao Inconsciente.

         “Eis a doutrina interior que Fot (Buda), no seu leito de morte, revelou pessoalmente a seus discípulos:

“Todas estas opiniões teológicas – disse ele – não passam de quimeras; todas estas narrativas da Natureza dos deuses, de seus atos, de suas vidas, são apenas alegorias, emblemas mitológicos, sob os quais se escondem idéias engenhosas de moral e o conhecimento das operações da Natureza, no jogo dos elementos e na marcha dos astros”.


“A verdade é que tudo se reduz ao nada; que tudo é ilusão, aparência, sonho; que a metempsicose moral não é mais que o sentido figurado da metempsicose física, desse movimento sucessivo, pelo qual os elementos de um mesmo corpo, que não perecem, passam, quando ele se dissolve, para outros meios e formam outras combinações. A alma não é mais que o princípio vital, resultante das propriedades da matéria (isto foi escrito em 1820, 7ª edição) e do jogo de elementos existentes no corpo, onde elas criam um movimento espontâneo. Supor que este produto do jogo dos órgãos, nascido com eles, adormecido com eles, subsiste quando os órgãos não mais existem, é um romance talvez agradável, mas realmente quimérico, fruto de imaginação iludida. O próprio Deus não é senão o princípio motor, a força oculta espalhada nos seres, a soma de suas leis e propriedades, o princípio animador, em outras palavras, a alma do Universo, a qual, em razão da infinita variedade de suas relações e operações, considerada ora como simples e ora como múltipla, agora como ativa e logo como passiva, apresentou sempre ao espírito humano um enigma insolúvel. Tudo quanto ele pode compreender de mais claro, nisto, é que a matéria não perece nunca; que ela possui essencialmente propriedades pelas quais o mundo é regido como um ser vivo e organizado; que o conhecimento dessas leis, em relação ao homem, é o que constitui a sabedoria; que a virtude e o mérito residem na observância delas, e o mal, o pecado, o vício, em sua ignorância e infração; que a felicidade e a infelicidade resultam delas, pela mesma necessidade que faz as coisas pesadas descerem e as coisas leves subirem, e por uma fatalidade de causas e de efeitos cuja cadeia vai do último átomo até aos mais elevados astros. Eis o que foi revelado no leito de morte pelo nosso Buda-Sidarta Guatama.”

                                    Patricia Jorge Alves
                                  Terapeuta Homeopata

             

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