sexta-feira, 21 de outubro de 2011

VIDA


                                                              

                                                          VIDA

Uma significação genérica da vida, abstrata para designar o conjunto de coisas existentes, quando se fala da vida Universal. Em fisiologia, a palavra vida corresponde a qualquer coisa de objetivo. Para o ser animado a faculdade de responder, por movimentos a uma excitação exterior.
A vida: a característica dos seres organizados, que nascem, vivem e morrem. As condições necessárias a manutenção e ao desenvolvimento da vida, a fim de podermos saber se ela é devida, a um princípio especial ou se não passa de resultante das forças naturais em ação permanente no mundo.
Para todos os seres vivos, a vida resulta das relações existentes entre a sua constituição física e o mundo exterior. O organismo é preestabelecido pois que provém dos ancestrais, por filiação.
Não é, por uma luta contra as condições cósmicas que o organismo se mantém, e se desenvolve, mas, muito ao contrário, por uma adaptação um acordo. O ser vivo não constitui exceção a grande harmonia natural, que faz que as coisas se adaptem umas as outras. Ele, o ser vivo, não rompe nenhum acordo, não está em contradição, nem em luta com as forças cósmicas, ele faz parte do concerto Universal. Somos um fragmento desta vida universal. Adoecemos quando rejeitamos a unidade em nós estabelecemos vínculos negativos com nossa forma de pensar, sentir e agir. A Humanidade encontra-se num caos profundo onde forças negativas alimentadas pelo ego destroem-se a si.”
A destruição orgânica é, com efeito determinada pela função do ser vivente. Quando no homem ou no animal, sobrevém um movimento, uma parte da substância ativa do músculo se destrói ou se queima; quando sensibilidade e vontade se manifestam, há um desgaste de nervos; quando se utiliza o pensamento, é porção de cérebro que se consome. Pode-se então dizer que jamais a mesma matéria serve duas vezes à vida. Realizado um ato, a matéria que lhe serviu a produção deixa de existir. Retornando a nova vida é matéria nova que ele concorre.
A usura molecular é sempre proporcional a intensidade das manifestações vitais. A desassimilação expulsa das profundezas do organismo substâncias tanto mais oxidadas pela combustão vital. Quanto maior energia melhor o funcionamento. Essas oxidações ou combustões, engendram calor, produzindo ácido carbônico que se exala pelos pulmões, além de outros produtos eliminados por diferentes glândulas da economia. O corpo se gasta e sofre consumação e perda de peso, que traduzem e medem a intensidade das funções. Por toda parte a destruição físico-química liga-se a atividade funcional, podendo encarar como um axioma. Toda manifestação orgânica liga-se necessariamente a uma destruição orgânica.
Os fenômenos de criação orgânica são atos plásticos que se completam nos órgãos em repouso e os regeneram. A síntese assimiladora reúne os materiais e as reserva que o funcionamento deve despender. É um trabalho íntimo e silencioso. Os efeitos da destruição orgânica nos ilude a ponto de chamarmos de fenômenos vitais, quando na realidade são letais, por isso que se engendram destruindo tecidos. A reparação de órgão e tecidos opera-se íntima, silenciosamente fora de nossas vistas. Só o embriogenista, acompanhando o desenvolvimento do ser vivo, apreende permutas e fases reveladoras deste trabalho surdo. É aqui um depósito de matéria; ali, uma formação de invólucro, ou núcleo; acolá, uma divisão, uma multiplicação, uma renovação. Muito pelo contrário, os fenômenos de destruição, ou de morte vital, saltam-nos à vista, e é por eles, que costumamos caracterizar a vida. Quando se opera um movimento e um músculo se contrai; quando vontade e sensibilidade se manifestam; quando o pensamento se exerce; quando a glândula segrega, o que se dá é consumo, de substância muscular, nervosa, cerebral: portanto fenômenos de distruição e morte.
 As duas ordens de fenômenos de destruição e criação, apenas se concebem separáveis e divisíveis, espiritualmente fa­lando. Por natureza, elas se encontram estreitamente ligadas e cooperam em todo o ser vivente numa entrosagem que jamais se poderia romper. As duas operatórias são absolutamente co­nexas e inseparáveis, no sentido de que a destruição é condicio­nal imprescindível da renovação. Os atos destrutivos são os precursores e instigadores daqueles por que as partes se res­tauram e renascem, ou seja, dos de renovação orgânica. Dos dois tipos de fenômenos, o que se poderia dizer o mais vital,  o fenômeno de criação orgânica, está, portanto, de algum modo subordinado ao fenômeno físico-químico da destruição."
Todos os seres vivos têm necessidade, para manifestarem sua existência, das mesmas condições exteriores, e nada há que melhor demonstre a unidade vital, a identidade da vida nos se­res organizados, vegetais ou animais, do que a carência das qua­tro seguintes condições: 1.a umidade, 2.a calor, 3.a ar, 4.a uma determinada composição química do ambiente.

A vida psíquica de todo ser pensante apresenta uma con­tinuidade assecuratória de sua identidade. É por não sentirmos lacuna em nossa vida mental, que nos certificamos de ser a mesma, sempre, a individualidade em nós residente. A memória religa, de forma ininterrupta, todos os estados de consciência, da infância à velhice. Sob a forma de lembranças, podemos evocar eventos do passado, dar-lhes vida fictícia, julgar-lhes as fases, dar-nos conta de que, mal grado todas as vicissitu­des, lutas, abalos morais, desfalecimentos ou triunfos da vontade, é sempre o mesmo eu que odiou ou amou, gozou ou sofreu. Numa palavra: - que somos idênticos.
Enfim que parte do ser reside essa identidade?
Evidentemente, no espírito, pois é ele que sente e quer. Na Terra, as faculdades intelectuais estão ligadas, em suas mani­festações, a um certo estado do corpo, e o cérebro é o órgão pelo qual o pensamento se transmite ao exterior. O cérebro, porém, muda perpetuamente, as células dos seus tecidos são incessantemente agitadas, modificadas, destruídas por sensações vindas do interior e do exterior. Mais do que as outras, essas células submetem-se a uma desagregação rápida, e, num período assaz curto, são integralmente substituídas.
Como conceber, então, a conservação da memória, e, com esta, a identidade?
De nossa parte, não hesitamos em crer que o perispírito, ainda aqui, representa um grande papel, evidenciando a sua necessidade, visto como os argumentos que validamos, para o mecanismo fisiológico, melhor ainda se aplicam ao funcionamento intelectual, bem mais intenso e variado que as ações da vida vegetativa ou animal. Dessas duas ordens de fatos, bem comprovados, resulta: a renovação incessante das moléculas e a conservação da lembrança, que as sensações e os pensamentos registrados não o são apenas no corpo físico, mas também no que é imutável - no invólucro fluídico da alma. Eis como se pode representar o fenômeno.
Todo o mundo sabe que para termos uma sensação faz-se preciso que um dos órgãos dos sentidos seja excitado por um movimento vibratório, capaz de irritar o nervo correspondente.
O choque recebido propaga-se até ao cérebro, onde a alma toma conhecimento dele, por um fenômeno dito de percepção, Mas, nós sabemos que, entre o cérebro e a alma, está o perispírito, que aquele choque deve atravessar, deixando-lhe um traço.
Com efeito, ao mesmo tempo em que é percebida a sensação - o que se dá no instante em que a célula cerebral entra a vibrar -, o perispírito, que transmitiu ao espírito o movimento, registrou-a.
A célula pode, então, desaparecer, cumprida a sua tarefa. A que lhe deva suceder será formada pelo perispírito, que lhe imprimirá os mesmos movimentos vibratórios que recebera. Des­tarte, a sensação será conservada e apta a reaparecer, quando o queira o espírito.
Importa, necessariamente, assim seja, pois a certeza do trabalho molecular do cérebro é absoluta. Pode-se até medir a intensidade da atividade intelectual pela elevação de tempe­ratura das camadas corticais, e pelas perdas excrementosas conseqüentes.
O substrato material é incessantemente destruído e reconstituindo.
Não fosse o perispírito uma espécie de fonógrafo natural, a registrar sensações para reproduzi-Ias mais tarde, impossível se tornaria adquirir conhecimentos, pois o novo ser, aquele que incessantemente substitui o antigo, nada conhece do passado.
Lógico é, pois, admitir que o perispírito tem grande importância do ponto de vista psíquico, e nada há nisso que nos deva surpreender, por isso que, em suma, ele faz parte da alma e lhe serve de agente junto à matéria.                                                               

Temos assinalado a existência, no homem, de enorme quantidade de ações vitais, completando-se simultaneamente, e trabalhando cada órgão com autonomia própria, mas fiéis à comodidade e solidárias no conjunto de que são partes.
Tal coordenação de elementos tão diversos é obtida mediante os diferentes sistemas nervosos, cuja rede abarca todo o corpo.
Inútil lembrar, longamente, que todos os órgãos da vida, vegetativa - coração, vasos, pulmões, canal intestinal, fígado, etc. -, por estranhos que sejam uns aos outros e por absorvidos que pareçam em suas necessidades peculiares, estão, contudo, jungidos a estreita solidariedade, devida aos sistemas grande-simpático e ganglionário, cuja ação regular escapa à vontade.
Para que as funções se completem, sem tréguas, importa exista uma estabilidade que mal se ajusta à mobilidade característica dos atos voluntários.
Entretanto, este sistema não fica isolado no ser; revela-se ao espírito por sensações de bem ou mal-estar, quais a fome e a sede, e, às vezes, por impressões mais nítidas, quando a enfermidade atinge um órgão.
Os fenômenos gerais da vida orgânica têm como regulador o sistema nervoso cérebro-espinhal, isto é, os nervos sensitivos, os motores, a coluna vertebral e o cérebro.
A fisiologia tem estudado e demonstrado as respectivas funções desses órgãos. Chegou-se a isolá-los por diferentes pro­cessos, reconhecendo-se que a vida psíquica tem um território bem determinado. Onde situar a sede da atividade psíquica?
A experiência fornece-nos, a propósito, indicações precisas. Tomemos qualquer vertebrado inferior, uma rã por exem­plo. Vemo-la saltar, coaxar, tentar fugir; sua atividade cerebral, por mais restrita que a suponhamos, se exerce por movimento de luta e defesa, numa agitação incessante.
Pois bem: - podemos, de chofre, suprimir todas essas manifestações, bastando destruir, a estilete, o sistema nervoso central.
Muda-se logo a cena. O animal que gritava, saltava, deba­tia-se, defendia-se, tornou-se massa inerte, que nenhuma exci­tação pode revelar. Não mais movimentos, nem espontâneos nem reflexos.
Entretanto, o coração continua a bater, e os nervos e músculos motores são excitáveis pela eletricidade: - todos os aparelhos, todos os tecidos estão vivos, salvo o aparelho central destruído.
Suprimiu-se o aparelho adequado às manifestações intelec­tuais, o princípio inteligente não mais pode utiliza  os fenômenos psíquicos desapareceram.
O nervo motor que põe em relação cérebro e músculos devem conduzir algo da célula central a esse músculo que se contrai à sua influência. Por idêntica maneira, a sensação, carreada pela fibra nervosa sensível, deve ser transmitida por algo que modifica o estado da célula central.
Podemos-nos determinar a natureza desse algo e dizer o que ele seja? Questão posta tantas vezes, ainda não pôde ser deslindada. No intuito de forrar-se a embaraços, comumente se apela para a ação do nervo. Mas, quem diz ação nervosa não aclara grande coisa quanto à natureza dessa tal ação.
Os físicos pretenderam, contudo, reduzir essa influência a um agente físico outro, e era, então, a eletricidade que se apre­sentava naturalmente, de vez que, quando se subtrai um músculo à influência da vontade transmissível pelo nervo mo­tor, pode-se, perfeitamente, substituir esta ação pela eletri­cidade.
Entretanto, essa teoria é indemonstrável no estado atual da ciência . Interrompido o filete nervoso, por seccionamento, a corrente elétrica ainda continuará pelas partes condutoras convizinhas, ao passo que a menor lesão, fisiológica ou anatô­mica, impede a influência nervosa de transmitir-se ao músculo.
A influência nervosa é, pois, uma ação especial, um agente fisiológico distinto de qualquer outro. Difere da força vital, como vimos na experiência da rã, cuja vida vegetativa e movi­mentos automáticos persistem, apesar da supressão da influên­cia neuropsíquica, tal como sucede aos membros paralisados que continuam vivos, não obstante subtraídos à influência da vontade.
Os recentes trabalhos de Crookes e de  Rochas demonstra­ram, experimentalmente, a existência dessa força nervosa.
O célebre físico inglês publicou as investigações feitas com Honre.
Utilizando instrumentos de mensuração, exatos quão deli­cados, ele mediu essa força atuante sobre objetos inanimados sem contacto visível.
Com A. de Rochas, vimos como essa força pode exteriori­zar-se, confirmando, assim, as experiências de Crookes.
Há, portanto, uma notável progressão entre a evolução do principio inteligente e as forças que lhe servem para manifes­tar-se no organismo vivo.
Nos seres inferiores, nos quais não há funções diferen­ciadas, só a força vital se revela; mas, com o desenvolvimento do organismo e a especificação das propriedades protoplásmi­cas, aparece o regulador, o coordenador das ações vitais: o sistema neuroganglionar, sempre acionado pela força vital. Finalmente, prosseguindo a evolução, os fenômenos da vida psíquica assumem importância mais a mais crescente, o siste­ma cérebro-espinhal organiza-se e surge uma diferenciação es­pecial da energia: - a força nervosa, que afetará especialmente a vida intelectual.
Mais tarde, veremos o papel que ela representa na vida psíquica, e como as suas modificações determinam os estados sonambúlicos e as alterações outras na personalidade.

É a alma que condi­ciona o corpo, isto é, que o modela sob um plano preconcebido, tanto quanto o dirige por meio do perispírito.
A forma humana, ressalvadas as alterações próprias da idade, conserva o seu tipo, apesar do afluxo incessante de ma­téria que passa pelo corpo. Destarte, assemelha-se a uma rede, entre cujas malhas se insinuam as moléculas. Esse retículo fluídico contém, igualmente, as leis do mecanismo vital, e fica estável através do turbilhão das ações físico-químicas, que des­troem e reconstroem, incessantemente, o edifício orgânico.
Compõe-se, portanto, o ser humano de três elementos dis­tintos: a alma com o seu perispírito, a força vital, e a matéria.
A força vital representa aqui um duplo papel: dá ao proto­plasma suas propriedades gerais, e ao perispírito o grau de materialidade necessária para que ele possa manifestar as leis que oculta, enfim, fazendo-as passar da virtualidade ao ato.
A grande autoridade de Claude Bernard, a quem consul­tamos muitas vezes, vem, ainda neste ponto, confirmar a nossa forma de ver. Eis como ele se exprime em seu livro - Investi­gações sobre os problemas da Fisiologia:
“Há - diz - como que um desenho vital, que traça o plano de cada ser e de cada órgão; de sorte que, considerado isoladamente, cada fenômeno orgânico é tributário das forças gerais da natureza, a revelarem como que um laço especial, parecendo dirigidos por alguma condição invisível na rota que perseguem, na ordem que as encadeia”.
“Assim é que as ações químico-sintéticas da organização e da nutrição se manifestam como se fossem animadas por uma força impulsiva governando a matéria; fazendo uma química apropriada a um fim, e pondo em jogo os reativos cegos dos laboratórios, à maneira dos próprios químicos”.
"E essa potência de evolução, imanente no óvulo, que nos limitamos a enunciar aqui, que constituiria, só por si, o quid proprium da vida; pois é claro que essa propriedade do ovo, a produzir um mamífero, uma ave, ou um peixe, não é nem física, nem química."
A vida resulta, portanto, evidente da união da força vital com o perispírito, dando aquela a vida, propriamente dita, e este as leis orgânicas, concorrendo à alma com a vida psíquica.
Destes três fatores, só um é sempre e por toda parte identifico - a vida. O Espírito, transitando pela matéria vivente, e as primitivas eras do mundo, conseguiram, paulatinamente, a transformação progressiva e aperfeiçoada. Cremos seja ele o agente de evolução das formas orgânicas e, daí, a razão do rito, conservando-lhe as leis. Nem foi senão lentíssima e progressivamente que essas leis se lhe incrustaram na con­textura.
Havemos de ver de que modo um movimento, voluntário de início, pode tornar-se habitual, maquinal, e, por fim, auto­mático e inconsciente . . . Este o lado fisiológico. A mesma coisa ocorre com as manifestações intelectuais, dado o paralelismo das duas evoluções. e difícil, em primeiro lugar, representam umas matérias fluídicas, invisíveis, imponderáveis, agindo sobre a matéria, para ordená-la mediante leis; nada obstante, pode­mos encontrar analogias que permitem fazer uma idéia, assaz aproximada, dessa espécie de ação.
 Conhecemos em física um instrumento chamado eletroímã, que nos vai servir de comparação. Compõe-se ele, principalmen­te, de um cilindro de ferro destemperado e dobrado em forma de ferradura, à volta do qual se enrola, à direita e à esquerda dos respectivos ramos, um longo fio de cobre isolado. As extremidades de ferro chamam pólos do eletroímã.
Fazendo passar uma corrente elétrica no fio de cobre, o ferro se imanta e conserva essa propriedade por tanto tempo quanto dure a ação elétrica. Se voltarmos o aparelho de modo a ficarem os pólos no ar, colocando por cima um cartão delgado e polvilhado com limalha de ferro, veremos que esta se ordena espontaneamente em linhas regulares, a formar desenhos variá­veis e correspondentes à forma dos pólos. A essas figuras deu-se o nome de fantasma ou espectro magnético, e às aglomerações de limalha chamaram-se linhas de força, por isso que traduzem objetivamente a ação dás forças magnéticas.
Temos, assim, um exemplo material do que ocorre com todo ser animado.
Umas forças invisíveis, imponderáveis - o magnetismo - agindo sem contacto sobre a matéria - a limalha. Em nosso tempo, a eletricidade representa o papel da força vital, o eletroímã o do perispírito, e a limalha representam as moléculas componentes dos tecidos orgânicos.
Podem formar-se no ímã pólos secundários, chamados pontos conseqüentes, de sorte que também eles produzem espectro secundários, que, misturando-se aos primeiros, origi­nam as mais complicadas figuras.
O magnetismo é bem uma força imponderável, pois que um ímã capaz de elevar um peso vinte e três vezes maior que o seu, nem por isso pesa mais do que antes de ser imantado.
Comparando-se a ação do perispírito sobre a matéria à do eletroímã sobre a limalha, podemos fazer uma idéia do seu modo operatório. Concebe-se que lhe seja possível modelar a substância do ser embrionário, de feição a imprimir-lhe a forma exterior, fadada ao tipo específico, ao mesmo tempo em que facetar os órgãos interiores: - pulmões, coração, fígado, cérebro, etc., propiciados às funções vitais.
O espectro magnético não forma senão um desenho no cartão, desenho que figura um agregado feito na esfera da in­fluência magnética; entretanto, se pudéssemos dispor, em torno dos pólos e em forma de leque, uma série de cartões, veria o espectro magnético a estender-se e a formar um campo mag­nético em todas as direções. É o que se dá com o perispírito, com a só diferença de serem internas as suas linhas de força, ou, por melhor comparar: - o corpo físico é o espectro magnético do perispírito.
São simples os desenhos formados pelos pólos do eletro­ímã, porque simples é o movimento molecular do ferro. No envoltório fluídico, esse movimento é muito complexo, e, daí, uma grande diversidade nos seres vivos. Da mesma forma que a ação magnética se mantém enquanto a corrente elétrica circula no fio de cobre, mantém-se vivo o corpo enquanto haja força vital animando o perispírito.
Podemos levar ainda mais longe a analogia. As proprie­dades magnéticas do ferro brando permanecem latentes, enquanto à eletricidade não as desperta, orientando as moléculas metálicas.
Assim, dormitam, também, as propriedades organogênicas do perispírito, por assim dizer, enquanto a alma pervaga no espaço  e não se tornam ativas senão sob a influência da força vim. A razão aí está de poderem os Espíritos, em suas manifestações, reconstituir um corpo temporário, acionando o mecanismos perispiritual, desde que um médium lhes forneça a força vital e a matéria indispensável a essa operação.
Temos, em suma, que uma força imponderável - a eletri­cidade - determina, por indução, o nascimento de outra força imponderável - o magnetismo -, que tem ação diretiva sobre a matéria bruta. No ser vivente, a força vital age sobre o perispírito e este pode, então, desenvolver suas propriedades, que são, qual o vimos, a formação e reparação do corpo físico.
Como o perispírito é matéria, tem forma bem determinada e é indestrutível, podemos conceber-lhe modificações sucessivas de movimento atômico, correspondendo a modificações e complicações cada vez maiores no seu modus operandi. Por outras palavras, vale dizer que, começando por organizar formas rudimentares, pôde, após longa evolução de milhões de anos e de inumeráveis reencarnações, dirigir organismos mais e mais delicados e aperfeiçoados, até chegar aos humanos. Alma e perispírito formam um todo indivisível, constituindo, no conjunto, as partes ativa e passiva, as duas faces do princípio pensante. O invólucro é as partes materiais, a que tem por função reter todos os estados de consciência, de sensibilidade ou de vontade; é o reservatório de todos os conhecimentos, e, como nada se perde na natureza, sendo o invólucro indestrutível, a alma tem memória integral quando se encontra no espaço.
O perispírito é a idéia diretora, o plano imponderável da estrutura orgânica. É ele que armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e idéias da alma. E não somente incrusta  na substância todos os estados anímicos determinados pelo mundo exterior, como se constitui a testemunha imutável, o detentor indefectível dos mais fugidios pensamentos, dos sonhos apenas entrevistos e formulados.
E, enfim, o guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado. Em sua substância incorruptível, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento, tornando-o, por excelência, o conservador, de nossa personalidade, por isso que nele é que reside a memória.
A alma jamais abandona o invólucro, sua túnica de Nesso, mas bálsamo consolador também.
Desde períodos multimilenares em que a alma iniciou as peregrinações terrestres, sob as formas mais ínfimas da cria­ção, até elevar-se gradativamente às mais perfeitas, o perispírito não cessou de assimilar, por maneira indelével, as leis que regem a matéria, pois à medida que o progresso se realiza as criações multifárias do pensamento formam bagagem crescente, qual tesouro  incessantemente abastecido. Nada se destrói,  tudo se acumula nesse perispírito tão imperecível e incorruptível como a força ou a matéria de que saiu. Os espetáculos maravilhosos que nossa alma contempla , as harmonias sublimes que se dilatam nos espaços infinitos, os esplendores da arte, tudo se fixou em nós, e nós para sempre possuímos o que pudemos adquirir. O mínimo esforço é levado mecanicamente ao nosso ativo, nada se perde, e assim é que lenta, mas seguramente, galgamos a escada do progresso.
Com a morte do homem, quando o despojo mortal se lhe decompõe; quando os elementos que o conformaram entram no laboratório universal, a alma subsiste integral, completa, conservando o que fez sua personalidade, isto é, a memória, e, o que mais é: - não apenas a da última encarnação, porque a de todas as que tenha experimentado.
Panorama imponente e severo que se lhe desenrola à vista, no qual ela pode ler os ensinamentos do passado e discernir os deveres do futuro.
Agora, queremos estabelecer como pôde o perispírito adqui­rir as suas propriedades funcionais, passando e repassando em sucessivas reencarnações pelo tamis da animalidade.
Preciso é, portanto, demonstrarmos a unidade do princípio pensante no homem e no animal, e estabelecermos que não há transições bruscas entre um e outro; que a lei de continuidade não se interrompe, que o homem não constitui um reino à parte no seio da natureza, e que só mediante uma evolução contínua, por esforços consecutivos, chega a atingir o ponto culminante na criação.


Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata







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