segunda-feira, 13 de abril de 2015

RAÍZES DOUTRINÁRIAS



                                                                                         
                                                                                                   


 Hipócrates (460 - 375 AC)

Na época de Hipócrates, duas correntes de medicina se definiram. A escola de Cnido e a de Cos.
Na escola de Cnido, a patologia era localizada e os sintomas eram analisados e combatidos. Existiam doenças.
Para a escola de Cos, a doença era interpretada como um quadro específico de cada paciente, que era tratado como um todo indivisível. O remédio era para restabelecer a ordem da pessoa e não para atacar os sintomas. Não existiam doenças, mas sim doentes.
Hipócrates defendia a escola de Cos, apesar de admitir a utilidade do método de Cnido.
Nas escola de Cos, existia o princípio de que a cura dos doentes era feita pela administração de remédios
que produziam sintomas semelhantes aos que o doente apresenta:
"A doença é produzida pelos semelhantes, e pelos semelhantes que prescrevemos ao paciente, ele retorna da doença à saúde. A febre é suprimida pelo que a produz e produzida pelo que a suprime" (Hippocrate. Euvrés Completes em Landman pg 84).

Paracelso, Filipe Bombast von Hohenhelm (1493 - 1591)

Mestre de Alquimia, médico e filósofo alemão, amigo do heresiarca Zwinglio, de idéias iconoclastas, conseguiu difundir suas doutrinas sem ser condenado pela Igreja. É considerado o personagem mais característico do Naturalismo alemão na Renascença. Definia o fundamento da Medicina como uma conjugação entre o mundo exterior e as diferentes partes do organismo humano. Célebre pela doutrina dos
medicamentos específicos e por sua teoria da múmia, bálsamo natural que deveria preparar todos os tecidos.
É considerado o pai da Medicina Hermética e destruidor da Medicina Escolástica.
Fundiu seus conhecimentos alquímicos com a prática médica.
Paracelso foi discípulo de Johannes Trithemius (1462-1516), abade de Sponheim - expert em Ocultismo e famoso for fazer luzes mágicas que nunca se consumiam. É dito que o imperador Maximiliano I pagou 6.000 coroas por uma destas lâmpadas e que depois de 20 anos abandonada, continuava acesa.
1. Introduziu a noção de metais e minerais como agentes medicinais importantes.
2. Rejeitou a Escola de Galeno (129-199) sobre os quatro humores (sangue, fleuma, bile e linfa), que dizia que todas as doenças eram desequilíbrios destes humores. Como também negou o princípio que o contrário cura o contrário (a Medicina utiliza estes conceitos. Por exemplo, dá-se um remédio que abaixa a temperatura para aqueles que têm febre. Esta medicina é conhecida como (Alopatia).
3. Introduziu a idéia dos 3 princípios majoritários (enxofre, mercúrio e sal, considerados por ele como a manifestação da trindade divina), sistema que veio da antiga literatura alquímica do Islã. Segundo Paracelso, os 4 elementos (terra, fogo, água e ar) seriam fundamentados nos 3 princípios.
4. O igual cura o igual. "Onde as doenças afloram, também podem se encontrar as raízes da saúde, pois a saúde deve se originar das mesmas raízes que a doença e se a saúde vai de lá para cá, a doença também deve ir" (Hahnemann. "Lesser Writings em Danciger, pg. 34). "Jamais uma doença quente foi curada por alguma coisa fria, nem a fria, por alguma coisa quente. Mas já aconteceu do igual curar igual" (ibid, pg. 34). Ele propôs que os mineiros de Fuggens (Áustria), que sofriam de enfermidades
causadas pelos minérios, fossem tratados com os mesmos metais que geraram suas doenças.

5. Teoria dos Arcanos: qualidade essencial existente numa substância que a torna curativa. "...o princípio da Medicina consiste destes arcanos e que os arcanos formam a base de um médico. Agora, se a essência fatal da matéria reside nos arcanos, conclui-se que o fundamento de tudo é a Alquimia" (Hahnemann "Lesser Writings" em Danciger pg 35).
6. Como a astrologia influía sobre as partes do organismo, os remédios deveriam ser proporcionados a isto.
7. Não importa a quantidade do Arcano: "Quem consegue pesar a luminosidade do sol... ou o spiritum arcanum?... Ninguém" (Alan Debus em Danciger pg 40).
8. A existência de uma causa espiritual das doenças. "... Mas, uma vez que o corpo não possui nenhuma participação nesta forma de vida (espiritual), ela é o ens spirituale, o princípio ativo espiritual, de onde brota a doença..." (Hahnemann "Lesser Writings" em Danciger pg 41).
9. Defendia a analogia desenfreada das formas.
10. Prescrevia a saxífraga na litíase renal em virtude da forma desta planta ser parecida com a de um rim. Ou, o ciclame nas afecções do aparelho auditivo devido ao formato auricular de suas folhas, etc... (Romanach em Landman pg 85).

 Van Helmont, Jean Baptiste (1578 - 1644)

Flamengo, praticante de ocultismo, foi condenado pela Inquisição em 1634 por 2 anos, sob a acusação de superstição, magia e artes diabólicas.
1. Contra os remédios sintomáticos.
2. Como Paracelso, acreditava que os Archeus geravam as doenças, quando em desarmonia.
3. Archeus: Princípio imaterial, força vital e espiritual, mas não era a alma.
4. A doença provinha do espírito para a matéria.
5. Não existe doença e sim doentes. As causas exteriores eram ocasionais e não essenciais para a doença.


. Stahl, George Ernest (1660 - 1734)

Médico e químico alemão, professor na universidade de Halle.
Foi o criador da teoria do Flogístico (matéria do fogo, que poderia se combinar reversivelmente com os outros três elementos básicos: ar, água e terra).
Ele defendia a teoria do animismo vital. As doenças eram causadas pela desarmonia do espírito, a doença era o esforço da Anima para restaurar, nos órgãos adoecidos, o vigor e a harmonia. A teoria da anima imaterial que regula todas as funções fisiológicas influenciou muito a escola de medicina de Montpellier.

Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata

INSTITUTO CULTURAL IMHOTEP