segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O SENTIDO DA VIDA



O SENTIDO DA VIDA

O fardo da nossa existência torna-se demasiado pesado, encontrando-se envolvida na dura e monótona rotina cotidiana. O cansaço das obrigações, o perigo constante da doença, do desemprego, dos acidentes e da morte; a incerteza dos dias futuros e a angústia das dificuldades financeiras; os homens procuram construir várias espécies ou sistemas de explicações para a vida.
De todos os sistemas que nos são mostrados, um deles podemos chamar de heróico. É o materialista, que explica que a vida como uma fatalidade natural a que não podemos fugir e que devemos enfrentar com energia e serenidade, sem nos atemorizar-mos. Belo sistema!
As almas fortes, dotadas de intuição mas que de serve todo o heroísmo desse sistema para a grande massa do povo que não tem disposição para o heroísmo?Se toda uma nação torna-se materialista, veríamos extremos de desespero e de loucura que esse belo sistema nos leva.
Na filosofia clássica, na corrente do ceticismo, que nos vem do filósofo grego Perron(aproximadamente 360-270 a.C) limita-se a considerar a vida como um fardo consumado, diante do qual nos resta suportá-la. Para os temperamentos frios e calculistas naturalmente indiferentes, ele pode servir.
Há um sistema que chamaríamos de otimista, e que não se funda no pensamento. Segundo esse sistema a vida é bela, o mundo é magnífico e o homem nasceu para gozar as delícias da vida e os esplendores do mundo. Quando motivos desagradáveis nos acometem, não podendo satisfazer a esse objetivo único da existência, corajosamente estourar os miolos com uma bala ou atirar-se do último andar do mais elegante arranha céu é a solução mais fácil.
Mas há outro sistema que se enquadra na estrutura doutrinária de várias religiões dominantes do mundo, segundo qual o homem nasceu para sofrer e o seu destino é a dor, a amargura, sendo uma luta com as adversidades insuperáveis. É um sistema doloroso que o povo procura sempre dosar com sua esperança ilógica. A uma lenda para esse sistema que sempre repetimos: “A felicidade não é deste mundo”.
Ao surgir na Terra em forma de filosofia interpretando a vida, em meados do século XIX, Allan Kardec professor e cientista, opôs-se desde logo a todos esses sistemas. Negou que a vida não tenha objetivo nem significação, combateu a teoria do prazer material como finalidade da existência humana e manifestou-se contrário à idéia de que o homem nasceu para sofrer. Foi ensinado a Kardec pelos espíritos outro sistema diferente de todos os anteriores, abrindo perspectivas novas e mais amplas para a Inteligência Humana, horizontes mais vastos para o coração angustiado do homem terreno, que se debate entre a crença empírica numa vida futura e a descrença científica, cada vez mais desesperada, em qualquer possibilidade de sobrevivência.

O Espiritismo renovou fundamentalmente a concepção humana da vida e do mundo, ensinando ao homem que ele não nasceu para gozar nem para sofrer, mas para evoluir, crescer e progredir; pois tudo ao nosso redor nos faz crescer. A dor deixou de ser um castigo imposto ao homem pela “absurda vingança de Deus” contra o “casal primitivo”; o prazer deixou de ser o objetivo aceitável da existência corpórea e ambos, prazer e dor, passaram a ser meras decorrências de um processo mais amplo e mais complexo, em que o homem se acha envolvido, para crescer e se desenvolver, em espírito e verdade. Seria injusto em acreditar-mos que após a morte, dormiríamos num sono profundo e que quando Deus achar necessário acordaríamos e dependendo de nossos atos aqui na Terra viraríamos pó. E todo sacrifício, aprendizagem, sofrimento se não teremos mais continuidade. Seria irracional pensarmos dessa forma. Se Deus é equilíbrio, porque uns nascem com privilégios e outros não, se todos nós somos filhos do mesmo Pai? Pois é com esse raciocínio lógico e sendo regidos pelas “Leis Universais” é que nos desenvolvemos e aprendemos tendo a oportunidade de evoluirmos com a certeza da continuidade de nossa história.
A teoria do transformismo, da evolução das espécies, de Charles Darwin, apresenta o homem como descendente direto das espécies inferiores, dos animais, e mais proximamente do macaco. Segundo essa teoria , o homem é um ser que vem sendo elaborado pela natureza através de longo processo, passando pelas mais variadas experiências biológicas, para chegar ao seu estado atual. A vida não é mais do que um trabalho constante de elaboração, e o homem é o mais elevado produto desse esforço multimilenar de todas as forças conhecidas e desconhecidas do Universo que habitamos. Toda a Natureza é um imenso e penoso trabalho de construção.
A geologia nos mostra a formação da Terra, através dos séculos e dos milênios, como um lento e laborioso desenvolvimento. Vemos graças aos estudos e as pesquisas científicas, que as várias classes de seres vivos estão todas ligadas numa ampla cadeia. Por que estranho motivo apenas o homem seria uma exceção a regra geral? E que estranha rejeição seria essa em detrimento de si próprio ao invés de engrandecê-lo? Se o homem não se enquadrasse nesse vasto panorama da evolução terrena, qual seria sua posição, num mundo de constante evolução? Tudo progride ao seu redor, “menos ele” o enteado da criação, abandonado às suas próprias fraquezas e encerrado no estreito limite da vida orgânica, entre o berço e o túmulo. Tudo flui e tudo se transforma. Nesse imenso processo o homem representa o ponto culminante da Natureza.
As religiões dizem que “Deus criado o homem à sua imagem e semelhança. De acordo com esse princípio, aparentemente bíblico, o homem tem de ser elemento à parte na criação, porque é a própria imagem de Deus colocado dentro do Universo. O espiritismo nos mostra esse conceito ao invés de elevar o homem, diminui a Deus.

Kardec nos disse no capítulo XII da Gênese:

“... Não rejeitemos, pois a Gênese bíblica; estudemo-la, ao contrário, como se estuda a história da infância dos povos.”
“Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.”
Vemos, portanto, que Deus não foi esquecido, nem ficou à margem mas continua colocado com mais justeza e maior razão, na base de tudo quanto existe.
Comentando a teoria científica de que as coisas do Universo provém das propriedades íntimas da matéria, sem intervenção de qualquer outro princípio.

Kardec nos escreveu no Livro dos Espíritos:

“... Atribuir a formação primordial das coisas às propriedades intrínsecas da matéria seria tomar o efeito pela causa, pois que esses propriedades são, por sua vez, efeitos que devem ter uma causa.”

A natureza do efeito decorre sempre da natureza da causa. Analisando o Universo, pelo que dele podemos aprender, vemos que seus efeitos são de natureza inteligente, e se entrosam de maneira tão harmônica, tão perfeita, que só podem decorrer de uma causa inteligente.
O Espiritismo estabelece uma estreita relação entre a Ciência e a Religião, por meio da filosofia. Sem negar a existência de Deus, ele contraria a concepção antropomórfica das religiões e estabelece uma teoria. Deus já não é matéria de crença. No tocante a formação do homem à imagem e semelhança de Deus; diz a gênese bíblica que o homem foi feito de terra e embora não aceitando literalmente a imagem de um boneco de barro feito por alguém; que seria Deus. O Espiritismo aceita o princípio de que o homem procede do barro terreno, de que a vida orgânica teve princípio juntamente com o desenvolvimento mental e psíquico, na argila fecunda dos primeiros tempos da formação planetária.
A pergunta formulada por Allan Kardec no primeiro capítulo do Livro dos Espíritos:
“ Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?”
Responderam os espíritos:

“ – Não, pois lhe falta o sentido necessário.”
Kardec esclareceu:

“ A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a Natureza íntima de Deus. Na infância da humanidade o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas a medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas, então, faz idéia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta à sã razão.”

“...Deus não tem a forma orgânica do homem. Ora, se compreendemos que o homem não é seu corpo animal, mas o espírito que anima esse corpo e realiza através dele sua evolução na vida terrena, vemos que as palavras da bíblia não foram prejudicadas pela interpretação espírita; e vemos que há uma relação mais íntima e profunda de essência e não de forma, entre Deus e o homem,do que a relação materialista estabelecidas pelos exegetas bíblicos das várias religiões.” ( Herculano Pires).

A alma ou espírito é o princípio inteligente do Universo. Indestrutível, ao mesmo título que a força e a matéria, não lhe conhecemos a essência íntima, mas somos obrigados a reconhecer a existência distinta. O princípio inteligente, do qual emanam todas as almas é inseparável do fluído universal; sob sua forma original o que vale dizer em seu estado mais puro.
Todos os espíritos encarnados ou desencarnados qualquer que seja o grau de seu progresso moral são revestidos de uns invólucros, invisíveis, intangíveis e imponderáveis. Perispírito é como denomina esse corpo fluídico.
Trecho retirado do livro Evolução Anímica do autor Gabriel Delane:

“...A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes, na Terra, a fim de acendrar suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a se­nhorear e governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até  à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre­-lhe fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos.
As reencarnações constituem, destarte, uma necessidade inelutável do progresso espiritual. Cada existência corpórea não comporta mais do que uma parcela de esforços determinados, após os quais a alma se encontra exausta. A morte representa, então, um repouso, uma etapa na longa rota-- da eternidade. Depois, é a reencarnação novamente, a valer um como rejuvenescimento para o Espírito em marcha. A cada renascimento, as águas do Letes propiciam à alma uma nova virgindade: desvanecem-se os erros, prejuízos, as superstições do passado.  Paixões antigas, ignomínias, remorsos, desaparecem, o es­quecimento cria um novo ser, que se atira cheio de ardor e entusiasmo, no percurso da nova estrada. Cada esforço redunda num progresso e cada progresso num poder sempre maior. Essas aquisições sucessivas vão alteando a alma nos inumerá­veis degraus da perfeição.
Revelações são essas que nos fazem entrever as perspec­tivas do infinito. Mostram-nos a eternidade da existência a desenvolverem-se nos esplendores do cosmo; permitem-nos me­lhor compreender a justiça e bondade do imortal autor de todos os seres e de todas as coisas.
Criados iguais, todos temos as mesmas dificuldades a vencer, as mesmas lutas a sustentar, o mesmo ideal a atin­gir  a felicidade perfeita. Nenhum poder arbitrário a predes­tinar uns à beatitude, outros a tormentos sem fim. Unidos, só o somos de própria consciência, pois ela é quem, ao retornarmos ao espaço, nos aponta as faltas cometidas e os meios de as repararmos.
Somos, assim, o árbitro soberano de nossos destinos; cada encarnação condiciona a que lhe sucede e, mal grado a lentidão da marcha ascendente, eis a gravitar incessantemente para alturas radiosas, onde sentimos palpitar corações fraternais, e entrarmos em comunhão sempre mais e mais íntima com a grande alma universal - A Potência Suprema...”
Termino este pequenino texto com a certeza de buscar sempre mais para a caminhada evolutiva e o sentido da vida ao meu  “ser” tem a consciência de que somos sementes em evolução e crescimento.

Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata


INSTITUTO CULTURAL IMHOTEP