terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CULPA





   Aprenderam a vestir a túnica de “super-heróis”, tentando satisfazer e suprir as necessidades da família, e se culpavam quando não conseguiam resolver esses problemas.
   Sábios são aqueles que acumulam conhecimentos não somente através do estudo das ciências, mas também pela prática e pela observação.
   Sabedoria, portanto, é a soma de nossos conhecimentos coerentes obtidos em contato com os diversos acontecimentos da vida; não apenas o que foi adquirido pela instrução acadêmica, mas, acima de tudo, pelas experimentações, vivências, atividades e realizações nas mais variadas áreas. Sensatez, prudência, desempenho e erudição são patrimônios intransferíveis da alma humana, alicerçados na intimidade do próprio ser.
   Dessa maneira, podemos entender que, quanto mais impedimos as pessoas com as quais convivemos de agir e de pensar por si mesmas, mais estaremos dificultando suas oportunidades de amadurecimento e de crescimento.
   Muitos indivíduos trazem um comportamento psicológico inadequado, adquirido desde a mais tenra idade, pela longa convivência com familiares difíceis e criaturas problemáticas que se diziam incapazes de se cuidar e se defender. Em decorrência disso, essas crianças assumiram responsabilidades que não lhes pertenciam e, para que pudessem sobreviver emocionalmente no lar em desajuste, aprenderam a vestir a túnica de “super- heróis”, tentando satisfazer e suprir as necessidades da família, e se culpavam quando não conseguiam resolver esses problemas.
   Passaram a viver para controlar e proteger pais, irmãos, outros parentes, amigos e conhecidos à sua volta, preocupando-se, neurótica e compulsoriamente, em solucionar as dificuldades ou equacionar a vida dessas pessoas.
   “Desenvolveram ao longo do tempo relacionamentos doentios, nunca se preocupando com o que eles próprios sentem ou desejam, mas somente se interessando por aquilo que os outros estão sentindo e pensando.” Trazem como lema “sua dificuldade é meu problema” ou” sua vontade é minha vontade”, assumindo obrigações pelo bem-estar, comportamento, decisões, emoções, pensamentos ou mesmo pelo destino de outras pessoas.
   Outra situação de culpa é a sexualidade em que mais floresce na sociedade. Nossa limitação na compreensão dos outros seres humanos se deve ao pouco ou a quase nada que sabemos sobre nós mesmos, ou seja, ao desconhecimento de nossa sexualidade. Por isso é que temos dificuldade de admitir a diversidade de sentimentos e emoções afetivas e sexuais.
   Na atualidade, as crianças são introduzidas prematuramente na esfera dos adultos por inúmeras revistas, filmes, cartazes, fotografias e pela publicidade da televisão e do rádio, o que lhes provoca a malícia numa idade desprovida da lógica e do bom senso contra essa espécie de afronta sexual.
   Devemos, assim, viver em paz com nossa experiência sexual, valorizando nosso aprendizado e, em tempo algum, culpar-nos ou atribuir culpa a alguém.
   Na realidade, criaturas imaturas se consideram profundamente culpáveis, porque valorizam em excesso o que os outros dizem e pensam. Por lhes faltar independência interior, nem sempre reúnem condições de julgar seu próprio comportamento, pensamentos e emoções, responsabilizando-se pelas conseqüências que tais atos causam sobre elas.
  A culpa não encontraria abrigo em nossa alma, se tivéssemos uma ampla fé no amor de Deus por nós e se acreditássemos que Ele habita em nosso âmago e sabe que somos tão bons e adequados quanto permite nosso grau de conhecimento e de entendimento sobre nossa vida interior e também exterior.

PATRICIA JORGE ALVES
TERAPEUTA HOMEOPATA

INSTITUTO CULTURAL IMHOTEP