quarta-feira, 22 de maio de 2013

INTELIGÊNCIA,CONSCIÊNCIA E CURA




Para valorizar a diversidade, não só a sala de aula, mas todo o ambiente escolar precisa ser pensado diferentemente, inclusive a própria organização curricular e pedagógica “se não  for ela a primeira a necessitar revisão”.
Qual a razão de todos os alunos terem que absorver o mesmo conteúdo, da mesma forma, ao mesmo tempo e nas mesmas disciplinas? Uma criança na 3ª série, que se sente razoavelmente bem, mas não desvendou ainda todos os segredos da leitura, por que não pode ter aula junto com os colegas da 1ª que justamente estão lidando com esses segredos? E um aluno da 3ª série que já domina aqueles básicos de matemática, não pode juntar-se nessa hora aos colegas da 4ª ou 5ª série? Por que não é encorajado aos alunos trabalharem sozinhos, assistidos por outro professor, em uma atividade de seu interesse, ou que atende a uma necessidade primordialmente sua?
Por que as nossas escolas não podem ser pensadas como “laboratórios de aprendizagem”, orientando a organização e planejamento pedagógico pelo que está sendo aprendido pelo aluno, ao invés de se concentrar no que é para ser ensinado pelo professor?
Para que todos e cada um dos alunos continuem a ser o que são, a se educar e crescer com suas características e não apesar delas, nesse processo de cultivo da diversidade, a escola vai necessariamente ser empurrada para além de seus limites, a fim de prover atenção às especificidades evidenciadas no aluno e nas mais variadas direções. Esse impulso originado na sua própria organização e projeto pedagógico, implica que a escola amplie seus limites físicos e sociais.

Educação é um ato de amor pelo qual uma consciência formada procura elevar uma consciência em formação”
A educação tradicional, fruto de uma sociedade “baseada no lucro”, não consegue promover a transcendência, o domínio das paixões, a superação da animalidade, a incapacidade de ser feliz e auxiliar o outro a conseguir a felicidade. Como uma bola de neve, os problemas do indivíduo da Terra aumentaram com o desenvolvimento técnico, convidando a exigir a educação verdadeira que se expressa pelo desenvolvimento das possibilidades, das perfectibilidades, como queria Kant. A nossa deseducação tem produzido tristes resultados.

“Como ajustar os fins superiores da educação às exigências de uma sociedade baseada no lucro?” Quando o “ter” é mais importante do que o “ser”, o homem, agindo como se fosse de barro, considerando apenas o corpo de carne, limita a captação da realidade à visão estreita daquele que só enxerga o barro, que permanece na imanência, incapaz de atingir a transcendência. Expressa-se como uma paixão inútil, como diria Sartre, comportando-se como uma espécie e não como um “devir”, um vir a ser, como escreveria Simone de Beauvoir.
A educação depende do conhecimento menor ou maior que o educador possua de si mesmo. Porque conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo do conhecimento do ser humano. A Humanidade é uma só. O ser humano, em todas as épocas e em toda parte, foi sempre o mesmo. Sua constituição física, sua estrutura psicológica, sua consciência são iguais em todos os seres humanos. Essa igualdade fundamental e essencial é o que caracteriza o homem. As diferenças temperamentais, culturais, de tipologia psicológica, de raça ou nacionalidade, de cor ou tamanho são apenas acidentais. Por isso mesmo a Educação é universal e seus objetivos são os mesmos em todas as épocas e em todas as latitudes da Terra.
Essa padronização, que devia simplificar a educação, na verdade a complica, porque por baixo do aspecto padronizador surgem as diferenciações individuais e grupais. Cada indivíduo é único, diferente de todos os demais, mesmo nos grupos afins. O tipo psicológico de cada ser humano é único e irredutível à massa. O mistério do ser, que aturde os educadores, chama-se personalidade. Cada ser humano é uma pessoa. E o é desde o nascimento, pois já nasce formado com sua complicada estrutura que vai apenas desenvolver-se no crescimento e na relação social. É difícil para o educador dominar todas essas variações e orientá-las.
Educar, como se vê, é decifrar o enigma do ser em geral e de cada ser em particular, de cada educando. René Hubert, pedagogo francês contemporâneo, define a Educação como um ato de amor, pelo qual uma consciência formada procura elevar ao seu nível uma consciência em formação. A Educação se apresenta, assim, como Ciência, Filosofia, Arte e Religião. É Ciência quando investiga as leis da complexa estrutura humana. É Filosofia quando, de posse dessas leis, procura interpretar o homem. É Arte quando o educador se debruça sobre o educando para tentar orientá-lo no desenvolvimento de seus poderes internos vitais e espirituais. Não se trata de uma imagem mística da Educação, mas de uma tentativa de vê-la, compreendê-la e aplicá-la em todas as suas dimensões. O ato de educar é essencialmente religioso. Não é apenas um ato de amor individual, do mestre para o discípulo, mas também um ato de integração e salvação. A Educação não procura integrar o ser em desenvolvimento numa dada situação social ou cultural, mas na condição humana, salvando-o dos condicionamentos animais da espécie, elevando-o ao plano superior do espírito
É fácil compreendermos como está longe de tudo isso o profissionalismo educacional do nosso tempo. Tinham razão os filósofos gregos quando condenaram o profissionalismo dos sofistas. Não se tratava apenas de uma diferenciação de classes sociais, mas da luta contra o abastardamento da Educação pelos que negavam a existência da verdade a troco de interesses imediatistas.
Como ajustar os fins superiores da Educação às exigências de uma civilização baseada no lucro? A falta de uma solução para esse ajustamento é a origem da crise universal da Educação em nosso tempo. Não obstante, a solução poderia ser encontrada na aplicação de processos vocacionais. Nenhum tipo de educação coletiva pode ser eficiente se não estiver em condições de observar e orientar as tendências vocacionais.
O desenvolvimento da Era Cósmica, apenas iniciada com as conquistas atuais da Astronáutica, traz novos e graves problemas ao campo educacional. Toda a Terra está sendo afetada pela nova concepção do homem e da sua posição no Cosmos. O aceleramento do processo tecnológico está levando o homem a conhecer melhor a sua própria condição humana. O ceticismo dos últimos tempos vai cedendo lugar a um despertar de novas e grandiosas esperanças. A Educação da Era Cósmica começa a nascer e os educadores começam a perceber que precisam renovar os processos educacionais.
A educação  começa no lar. Nas famílias é dever dos pais iniciar os filhos nos princípios doutrinários desde cedo. A falta de compreensão da doutrina faz que certas pessoas pensem que as crianças não devem preocupar-se com o assunto. Essas pessoas se esquecem de que os seus filhos necessitam de orientação espiritual e que essa orientação será tanto mais eficiente quanto mais cedo lhes for dada. Kardec, num trecho da Revista Espírita, conta como na França, já no seu tempo, a educação espírita no lar começava a produzir maravilhosos efeitos.
É preciso não esquecer que as crianças são espíritos reencarnados, espíritos adultos que se vestem, como ensina Kardec: “com a roupagem da inocência” para voltarem à Terra e iniciarem uma vida nova. Os espíritos que se reencarnam em famílias espíritas já vêm para esse meio para receberem desde cedo o auxílio de que necessitam. Os pais que, a pretexto de respeitar a liberdade de escolha de quem ainda não pode escolher, ou de não forçar os filhos a tomarem um rumo certo na vida, deixam de iniciar os filhos no Espiritismo, estão faltando com os seus deveres mais graves.
Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causas e efeitos, da presença do anjo-guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.
Descuidar da educação  dos filhos é negar-lhes a verdade. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranqüilidade e a orientação certa no futuro. Os pais que temem dar educação espírita às crianças não têm uma noção exata do Espiritismo e por isso mesmo não confiam no valor da doutrina que esposam.
Porque razão os católicos e os protestantes podem ensinar aos filhos que existe o inferno e o diabo, que a condenação eterna os ameaça e que o anjo da guarda pode protegê-los, e o espírita não pode ensinar princípios muito mais confortadores e racionais? Se o medo do diabo e do inferno não traumatiza as crianças das religiões formalistas, por que razão o ensino de que não existe o inferno nem existe o diabo vai apavorá-las? Não há lógica nenhuma nessa atitude que decorre apenas de preconceitos ainda não superados pelos pais, na educação errônea que receberam quando crianças.
As crianças de hoje estão preparadas para enfrentar a realidade do novo mundo que está nascendo. Esse novo mundo tem por alicerce os fundamentos do Espiritismo, porque os princípios da doutrina estão sendo confirmados dia a dia pelas Ciências. A mente humana se abre neste século para o conhecimento racional dos problemas espirituais. Chegou o momento do Consolador prometido pelo Cristo. Os pais espíritas precisam compreender isso e iniciar sem temor os seus filhos na doutrina que lhes garantirá tranqüilidade e confiança na vida nova que iniciam.
A melhor maneira de desenvolver a educação no lar é organizar festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema que busque a inteligência criativa acentuada com princípios de moral, explicação de parábolas, canções  e brincadeiras criativas, que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Espiritismo é alegria, espontaneidade, sociabilidade. Essas festinhas preparam o espírito da criança para o aprendizado na sala de aula e na sociedade.
Esconder às crianças de hoje a verdade  é cometer um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na cultura espírita do novo mundo que está nascendo. Que os pais  não se furtem a esse dever. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de educação escolar e de educação social, que os adolescentes e os jovens irão enfrentar na vida.

É evidente que as dimensões da educação decorrem das dimensões do homem. Se o homem pode ser encarado, tanto espiritual como socialmente, numa perspectiva de sucessões dimensionais, então o processo educativo também será susceptível dessa visualização. E é precisamente numa teoria dimensional do homem que vamos buscar as possibilidades de uma formulação teórica da educação nesse sentido. Formulação aliás, que pode levar-nos a maiores possibilidades metodológicas na colocação filosófica do processo educacional.
Apesar de termos nos referido a História e a historicistas, não é num historicista que vamos encontrar a teoria, mas no existencialista Jean Paul Sartre com seu famoso ensaio de ontologia fenomenológica. Tanto melhor, pois esse simples fato reforça a nossa referência às possibilidades de transcendência do processo educacional. Embora Sartre tenha encontrado a transcendência em termos fenomenológicos no plano social, a sua teoria nos leva, por um impulso dialético, a superar a polaridade ontológico-social da educação. E essa superação vai nos fazer sentir as suas possibilidades num ensaio de Denis de Rougemont sobre o desenvolvimento das dimensões humanas na civilização ocidental. É nesse ensaio que podemos avaliar a fecundidade da aplicação da teoria dimensional aos processos sociais.
O homem é apresentado por Sartre, em L'être et le Néant, na sua conhecida formulação dialética: uma forma rígida ou fechada, len-soi, primeira dimensão do ser, que se nega a si mesma na especificidade humana, atingindo em le pour soi a segunda dimensão, da qual resulta necessariamente a terceira dimensão de l'être pour autrui, na relação social. Essa formulação se repete no capítulo sobre a terceira dimensão ontológica do corpo da seguinte maneira: antes de tudo, o corpo existe, e este existir é a sua primeira dimensão; depois, o corpo entra em relação com os outros, e nesta relação surge a sua segunda dimensão; por fim, no conhecimento do corpo pelos outros tem ele a sua terceira dimensão. (“J'existe pour moi comme connu par autrui à titre de corps. Telle est la troisième dimension ontologique de mon corps.”)
Em Denis de Rougemont essa dialética das dimensões adquire maior densidade ontológica, passando do plano da fenomenologia para o da metafísica. Apresenta-se, porém, numa perspectiva fideísta. A transcendência do ser, que é a sua terceira dimensão, equivale a um duplo processo de relações: no plano social como amor do próximo, e no metafísico como amor de Deus. Essas dimensões se tornam mais claras numa enfocação histórico-cultural: a primeira dimensão é a do horizonte tribal, que o autor define servindo-se da teoria do corpo mágico ou corpo-sagrado do ensaísta austríaco Rudolf Kessner, e em que o homem primitivo aparece como simples parcela de um todo fechado sobre si mesmo; a segunda dimensão é a do horizonte civilizado em que surgem o indivíduo urbano que se torna cidadão. A terceira dimensão é a do transcendente em que o homem se torna cristão, integrando-se nos princípios espirituais da civilização. Esse particularismo de Rougemont equivale, entretanto, ao conceito universal da transcendência pela cultura, que encontramos no horizonte profético de John Murphy em seus estudos sobre as Origens e a História das Religiões.
Vemos, assim, que as limitações daquilo que chamamos perspectiva fideísta, no ensaio de Rougemont, não diminuem a importância de sua tentativa de aplicação da teoria das dimensões humanas num plano mais fecundo que o da ontologia fenomenológica de Sartre. Vejamos de que maneira Rougemont esquematiza a sua teoria das dimensões do espírito ocidental, que se eleva à terceira dimensão pelo impacto de uma religião oriental. É curiosa essa aplicação sectária da teoria das dimensões, que servindo-se de elementos orientais, faz surgir no ocidente, no fenômeno da pessoa, o homem tridimensional, ao mesmo tempo em que nega aos orientais essa possibilidade.
É o seguinte o esquema apresentado pelo próprio Denis de Rougemont: “Se o homem do clã, da tribo ou da casta, só tinha uma dimensão real: sua relação com o corpo sagrado; se a segunda dimensão, inventada pelos gregos, é a que reúne o indivíduo e seu modo de relações, a cidade; São Paulo definiu a terceira dimensão: a relação dialética com o transcendente, religando o indivíduo como vocação divina à comunidade, como amor do próximo. Esse homem, melhor liberado que o indivíduo grego, melhor entrosado que o cidadão romano, mais livre pela fé mesma que o entrosa, é o arquétipo do Ocidente que nasce, é a pessoa.”
Murphy, porém, ao tratar do horizonte-profético como uma conseqüência universal do desenvolvimento do horizonte civilizado, acentua o aparecimento “das condições novas que tornaram possível o advento de grandes individualidades, profetas, filósofos, instrutores éticos e religiosos, desde cerca de dois mil anos antes da nossa era.” Situando o período desse desenvolvimento entre o IX e o III séculos antes de Cristo, e limitando-o geograficamente à região compreendida entre a Grécia e o Egito, passando pela Palestina e a Mesopotâmia, até a índia e a China, demonstra historicamente o aparecimento da pessoa, equivalente à terceira dimensão de Rougemont, muito antes do advento do Cristianismo. Anulamos, assim, o exagero fideísta de Rougemont, como esse mesmo exagero anulou o negativismo existencial de Sartre, que limitava a terceira dimensão ao plano das relações sociais. E assim, por um processo dialético, temos a pureza conceptual da teoria das dimensões humanas, capaz de nos servir, sem qualquer limitação sectarista, para uma possível tentativa de elaboração metodológica, visando a mais ampla e mais profunda enfocação filosófica do problema da educação.
A validade da teoria dimensional do espírito parece-nos pelo menos bem sustentada nas formulações de Dilthey, Sartre e Rougemont. Claro que ela se funda, para o primeiro e o último, nos pressupostos da evolução histórica, e para o segundo, na problemática do ser. Temos assim, na sua base, a polaridade ontológico-social, com todas as implicações que vão de um pólo a outro. Convém lembrar, como demonstra Jean Vahl, que as raízes da teoria dimensional, por assim dizer, se aprofundam no passado filosófico. De qualquer maneira, o que nos interessa é a possibilidade de sua aplicação metodológica. Essa possibilidade parece fecunda principalmente por oferecer à Filosofia da Educação perspectivas filosóficas para a solução dos seus problemas até agora frustrados, em grande parte, pela falta dessas perspectivas.


Em 1854 o Prof. Denizard Rivail começou a investigar os fenômenos psíquicos que haviam, nove anos antes, abalado os Estados Unidos e repercutido intensamente na Europa. Discípulo de Pestalozzi, o grande pedagogo da época, e ele também pedagogo, interessava-se por todos os fenômenos que pudessem dar-lhe um conhecimento mais profundo da natureza humana. Partia do princípio de que o objeto da Educação é o homem e por isso o pedagogo tinha por dever aprofundar o conhecimento deste. Em 1857 lançava em Paris O Livro dos Espíritos como primeiro fruto de suas pesquisas. Havia descoberto o espírito, determinado a sua forma, a sua estrutura, as leis naturais (e não sobrenaturais) que regem as suas relações com a matéria. Podia afirmar, baseado em provas, que a natureza do homem é espiritual e não material, que ele sobrevive à morte, que possui um corpo energético, e se submete ao processo biológico da reencarnação para evoluir como Ser, despertando em sucessivas existências as suas potencialidades ônticas.
Para bem configurarmos o nascimento da Educação Espírita convém lembrar que Amélie Boudet, esposa de Kardec, era também professora. Sabemos como ela colaborou na obra do marido e como, após o passamento deste, empenhou-se em honrar-lhe a memória. O casal não teve filhos. A Educação Espírita foi assim a sua única filha. Essa filha mimada, extremamente querida, esteve junto ao seu coração até o fim de sua existência. O Prof. Rivail serviu-se dela para educar e instruir o seu tempo, não só no tocante à França, mas a todo o mundo.
André Moreil, em sua Vida e Obra de Allan Kardec, mostra-nos que o Prof. Rivail não foi apenas discípulo de Pestalozzi, mas o continuador da obra educacional do mestre: “É interessante notar que a impressão das obras completas de Pestalozzi termina exatamente no ano em que Rivail publicou a sua primeira obra, em 1824. Esta coincidência vem provar que uma tocha foi passada de mão para mão. Rivail iria trabalhar durante trinta anos para a educação da juventude francesa, antes de se consagrar, nos seus últimos quinze anos, aos princípios do Espiritismo.”


Encarando o problema da evolução do mundo, Kardec adverte em sua obra fundamental: “O Espírito só pode avançar gradualmente. Não pode transpor de um salto a distância que separa a barbárie da civilização” (perg. 271). A importância da Educação Espírita ressalta deste trecho: “Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível na infância às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.” (perg. 383.)

“ Os seres orgânicos são os que trazem em si mesmos uma fonte de atividade íntima que lhes dá vida; nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida e apropriados às necessidades da sua conservação. Compreendem os homens, os animais e as plantas. Os seres inorgânicos são os que não possuem vitalidade nem movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os minerais, a água e o ar etc.” (J. Herculano Pires- Livro dos Espíritos Cap.IV-princípio vital,pág74 ed. Lake)

Pergunta nº 60. É a mesma força que une os elementos materiais nos corpos orgânicos?
R. Sim, a lei de atração é a mesma para todos.

Pergunta nº 61. Há uma diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e inorgânicos?
R. É sempre a mesma matéria, mas nos corpos orgânicos é animalizada.

Pergunta nº 62. Qual a causa da animalização da matéria?
R. Sua união com o princípio vital.

Pergunta nº 63. O princípio vital é propriedade de um agente especial, ou apenas da matéria organizada; numa palavra, é o efeito ou uma causa?
R. É uma e outra coisa. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente sobre a matéria. Esse agente sobre a matéria não é vida, da mesma forma que a matéria não pode viver sem ele. É ele que dá vida a todos os seres, que os absorvem e o assimilam.

Pergunta nº 64. Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital formaria um terceiro?
R. É um dos elementos necessários à constituição do Universo, mas tem a sua fonte nas modificações da matéria universal. É um elemento para vós, como o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são elementos primitivos, pois todos procedem de um mesmo princípio.
64-a. Parece resultar daí que a vitalidade não tem como princípio um agente primitivo distinto, sendo antes uma propriedade especial da matéria universal, devida a certas observações destas?
R. É essa conseqüência do que dissemos.

Pergunta nº65. O princípio vital reside num dos corpos que conhecemos?
R. Ele tem como fonte o fluído universal; é o que chamais fluído magnético ou fluído elétrico animalizado. É o intermediário, o liame entre o espírito e a matéria.

Pergunta nº66. O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
R. Sim, modificado segundo as espécies. É ele que lhes dá movimento e atividade, e os distingue da matéria inerte: pois o movimento da matéria não é a vida; ela recebe este movimento, não o produz.

Pergunta nº67. A vitalidade é um atributo permanente do agente vital, ou somente se desenvolve com o funcionamento dos órgãos?
R. Só se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente, sem a matéria, não é vida? É necessária a união de ambos para produzir a vida.
67-a. Podemos dizer que a vitalidade permanece, quando o agente vital ainda não se uniu ao corpo?
R. Sim, é isso.

“O Conjunto dos órgãos constitui uma espécie de mecanismo, impulsionado pela atividade íntima ou princípio vital que neles existe. O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos. Ao mesmo tempo que o agente vital impulsiona os órgãos, a ação destes entretem e desenvolve o agente vital, mais ou menos como o atrito produz calor.(J. Herculano Pires)

Pergunta nº71. A Inteligência é um atributo do princípio vital?
R. Não; pois as plantas vivem e não pensam, não tendo mais do que vida orgânica. A Inteligência e a matéria são independentes, pois um corpo pode viver sem inteligência, mas a inteligência não pode manifestar-se senão por meio dos órgãos materiais: somente a união com o espírito dá inteligência à matéria animalizada.
“Não é o cérebro ou os neurônios que pensam, mas o espírito que está acoplado ao corpo pelo perispírito juntamente com a força vital que é um elo de ligação entre matéria e espírito.”
A Inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos, aos quais dá, com o pensamento de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer, a vontade de agir, a consciência de sua existência e relações com o mundo exterior e de prover às suas necessidades.
Podemos fazer a seguinte distinção:
1º Os seres inanimados, formado somente de matéria, sem vitalidade nem inteligência; são os corpos brutos.
2º Os seres animados não pensantes, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência.
3º Os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo ainda um princípio inteligente que lhes dá faculdade de pensar.
Pergunta nº72. Qual é a fonte da Inteligência?
R. A Inteligência Universal.
72-a. Poderíamos dizer que cada Ser tira uma porção de Inteligência da Fonte Universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
R. Isto não é mais do que uma comparação; mas não exata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada Ser e Constitui a sua INDIVIDUALIDADE MORAL.

Pergunta nº73. O Instinto é independente da Inteligência?
R. Precisamente, não, porque é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não racional; é por ele que todos os seres provêm às suas necessidades.

Pergunta nº74. Pode-se assinalar um limite entre o Instinto e a Inteligência, ou seja, precisar onde acaba um e começa o outro?
R. Não, porque eles freqüentemente se confundem; mas podemos muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto dos que pertencem à inteligência.

Pergunta nº75. É acertado dizer que as faculdades instintivas diminuem, à medida que crescem as intelectuais?
R. Não. O instinto existe sempre, mas o homem o negligencia. O instinto pode também conduzir ao bem; ele nos guia quase sempre, e às vezes mais seguramente que a razão; ele nunca se engana.
75-a.Por que a razão não é sempre um guia infalível?
R. Ela seria infalível se não existisse falseada pela má educação, pelo orgulho e o egoísmo do Espírito, que trazemos ou adquirimos nesta ou em outras vidas(banco de registro-tendências). O instinto não raciocina; a razão permite ao homem escolher, dando-lhe o livre-arbítrio.
(Livro dos Espíritos- ALLAN KARDEC, tradução J.Herculano Pires, Ed. Lake – cap.IV- Princípio Vital; págs. 74 à 77.)

Há muitas coisas que não compreendeis porque a vossa inteligência é limitada; mas isso não é razão para as repelirdes. O filho não compreende tudo o que o Pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende. Nós te dizemos que a existência não tem fim. O que vemos, percebemos e sentimos é uma partícula infinitamente pequena do que realmente somos e o que podemos ser. Pense nisso.

Para que as instituições de ensino possam realmente ensinar, precisam antes de tudo ter profissionais capacitados com uma visão holística do Ser e Do Mundo que os rodeia. Cada Ser Compõe um Todo. Fazemos parte do Todo. Para que realmente possamos ter um ensino com uma visão ampla, precisamos saber ver e ouvir, sem colocar limites, ampliar a inteligência e deixar de olhar só para nosso umbigo; perceber o quanto temos que galgar.  Temos ainda  uma  percepção e inteligência limitada!


Parágrafo §9 – “Na condição de saúde do homem, a força vital espiritual, a energia(dynamis) que anima o corpo material, domina com poder ilimitado, e mantém todas as partes do organismo em admirável e harmonioso funcionamento vital, tanto quanto às funções como às sensações, de forma que a mente, dotada de razão, que nos habita, possa livremente empregar este instrumento vivo e sadio para os altos fins de nossa existência.”
 “Organon da Arte de Cura”- Samuel Hahnemann


“O Fundo ou a essência fundamental deste princípio vital espiritual, comunicado a nós, homens, pelo infinitamente misericordioso Criador, é incrivelmente enorme, se os médicos soubessem como manter sua integridade nos dias de saúde, direcionando o homem a um modo saudável de viver, e como invocar e aumentá-lo nas enfermidades puramente através do tratamento homeopático.”
Samuel Hahnemann. The Chronic Diseases their Peculiar Nature and their Homeopathic Cure.

“A moderação em tudo, até no que diz respeito ao que é inofensivo, deve ser a norma principal dos pacientes crônicos.” Hahnemann


§ 210. “ Não existe nenhuma doença dita somática onde não possamos descobrir modificações constante do estado psíquico do doente”.
“Organon da Arte de Cura” – Samuel Hahnemann


A aplicação da homeopatia em distúrbios psicológicos e em patologia psiquiátrica, pode ser considerada como grandemente positiva.
O que traz então de original e especificamente útil, neste domínio, o método médico descoberto e fundado por Samuel Hahnemann?
Um conhecimento global e dinâmico da personalidade do doente levando a um modo de relação individualizado; uma possibilidade de prevenção de emergências psicopatológicas; uma terapêutica personalizada, estimuladora e reativa, farmacologicamente ativa, mas caminhando no mesmo sentido que uma ação psicoterápica.
Em toda sua obra, Hahnemann insistiu sobre a importância dos sintomas psíquicos, tanto na valorização das observações experimentais quanto na pesquisa e identificação com o medicamento “simullimum”. Seus sucessores (Boenninghausen, Jahr, Kent, Allen,Hering), reconheceram nos indivíduos justificáveis(somáticas diversas) de um mesmo medicamento, a freqüência significativa de certas seqüências de sintomas psíquicos: Modalidades intelectuais e emocionais; traços de caráter e tonalidade de humor; particularidades do comportamento.
Esta contribuição da experiência clínica completou e modulou as contribuições patogenéticas, conduzindo a uma compreensão mais global e dinâmica deste “conjunto semiológico” reconhecível, específico de um medicamento.
Os comentários descritivos substituíram a enumeração dos sintomas experimentais de verdadeiros “quadros clínicos” viu-se constituir esta galeria de psicotipos, ao mesmo tempo surpreendentes e sedutores, que encontramos nas matérias médicas homeopáticas. Corre-se então o risco de se afastar demais dos sintomas experimentais e, por força de interpretações pessoais, travestir a verdade.
A este risco real, a única atitude honesta é a obtenção perseverante e rigorosa de observações cuidadosas, tão objetivas quanto possível, num domínio onde toda história clínica é, de uma certa maneira, única, onde todo sintoma tem seu valor somente pelas suas nuâncias conotativas.
A Semiologia somática e semiologia psíquica contribuem de maneira indissociável, segundo sua importância e concomitância, em determinar com exatidão o medicamento cuja indicação é manifestada pela patologia do doente.
“Angústia que ocorre ao acordar”: este sintoma é, indiscutivelmente, uma queixa freqüente durante os estados depressivos. Em Homeopatia, dirigimo-nos a possibilidades terapêuticas bem diferentes segundo o quadro clínico do conjunto:
Se é o caso de uma mulher pletórica, congestiva, agitada, logorréica, reinvindicadora mas desanimada, durante uma depressão reacional (a um choque emocional ou a sua menopausa), e que é acordada por uma crise de angústia.
Se é o caso de um adolescente longilíneo, de tórax magro, de pele malsã e com espinhas, triste, abúlico, com despertar difícil e tardio, confrontando-se a partir deste momento com a angústia de um vazio existencial, de um futuro sem atração e de um intransponível torpor intelectual;
Se é o caso de um grande depressivo melancólico, que abre seus olhos com o desgosto do dia que terá que viver; ou se é o caso de um idoso esgotado, caquético, impaciente, irritável, acordando repentinamente durante um sonho de morte eminente.
Pra um a indicação de Lachesis Muta, para o outro de Phosphoricum acidum, o outro Aurum metalicum e o terceiro de Arsenicum álbum; para o último, é provável, sob reserva, que outras informações clínicas corrijam ou corroborem.
Os distúrbios orgânicos e as perturbações psíquicas causadas por uma intoxicação a estes produtos podem ser, a experiência mostrou(Lei de Semelhança), melhoradas ou curadas por estes mesmos produtos em diferentes graus de atenuação e de dinamização.
Através do interesse dedicado às suas queixas diversas, o interrogatório minucioso no que concerne toda sua fisiologia, o exame clínico tradicional, o doente se vê aceito na sua unidade somatopsíquica.
Pelo fato do conhecimento das patogenesias e deste olhar diferente depositado no cliente, a atitude do Homeopata não pode e nem deve ser uma atitude padronizada.
Sintomas orgânicos e sintomas psíquicos são “decodificados” como significados de uma certa organização somatopsíquica com a qual trata-se de se estabelecer uma comunicação “sob medida”.
 Ajudar a evolução do doente para lhe dar mais liberdade interior é, de fato, a meta de toda psicoterapia, ainda mais sob a perspectiva homeopática.
O trabalho homeopático não é, evidentemente, instaurar uma espécie de equilíbrio normativo, referindo-se a algum conceito abstrato que só pode ser uma amputação da personalidade, mas restaurar, tanto quanto se possa, este equilíbrio original perturbado durante uma história particular.
Parece que esta evidência é, às vezes, mal percebida, daí certas recusas surpreendentes quanto às possibilidades da Homeopatia em Psiquiatria.

O Que é Curar e o Que Curar?
Curar é reunificar; o fato de ser reconhecida, em Homeopatia, uma estreita relação entre os distúrbios físicos e os mentais já é um elemento de resposta, quando sabemos que atualmente numerosos psiquiatras questionam-se sobre a noção de Totalidade, que os fenomenólogos, após BINSWANGER, procuram uma resposta terapêutica a esta necessidade de se considerar o indivíduo na sua totalidade e que Michel SAPIR, exprime:

“ É importante saber quem trata ainda do corpo no seu conjunto. O Psicanalista, seguramente, trata do corpo global, mas ao nível do imaginário. Ele não toca, não examina. O médico especialista examina somente o que é do seu domínio, isto é, de uma parte do corpo, encaminhando as outras queixas ao clínico geral. Só este último pode ter o corpo do paciente entre suas mãos, a não ser que ele distribua as partes aos especialistas, mas sob a condição que ele possa “juntar os pedaços”.
Porém o praticante pode refazer a unidade do corpo na totalidade, isto é, entre o corpo físico e o corpo imaginário, e em seguida situar este corpo no discurso do contexto desde que este contexto seja imediato, histórico ou médico? Ele tem os meios para isso?...”

O método Homeopático traz uma resposta. Depositar um outro olhar sobre o cliente, lhe dar uma escuta, mesmo inabitual, prever e prevenir os riscos de sua evolução.
A originalidade da ação terapêutica em Psiquiatria é que ela exclui toda contradição de atitude, toda oposição dialética entre a ação de um medicamento (que não é nem uma supressão artificial de sintomas, nem uma mordaça colocada sobre o inconsciente); e a ação da palavra que além dos sintomas significativos, faz surgir e exprimir o significado: em nível simbólico, o medicamento homeopático, é semelhante ao estado do paciente, é um espelho estendido a ele pelo terapeuta, refletindo sua própria imagem.
O Fato de procurar e de reconhecer o conjunto patogenético mais análogo ao estado do doente introduz, na relação homeopática uma qualidade diferente e um outro ritmo: assumir o caso avaliando de maneira mais precisa as possibilidades reacionais de cada um. O doente também percebe esta adequação personalizada como um estímulo exatamente apropriado às suas possibilidades de esforços, e assim um apelo a participar de seu tratamento.
A Homeopatia me fez ver que somos individualidade. Somos únicos e o que construímos em decorrer de nossas vidas é a causa de nossas dores e não o efeito! Portanto, quando as dores se instalam em nosso corpo físico, sabemos que ela já estava instalada em nosso espírito (corpo espiritual) e que o que vemos é o efeito. Precisamos perceber que enquanto nossa visão estiver somente nas dores físicas, continuaremos doentes. O medicamento alopático tem essa visão de suprimir a doença, mas o corpo para que ele possa continuar vivo ele drena em outro órgão “surgindo uma outra doença: falsa doença”. Vira uma bola de neve e conseqüentemente não saímos do médico. Tudo está interligado, nada está separado, por isso digo que se a nossa inteligência continuar limitada somente no efeito (extremidades) não veremos o quanto é Infinito o Ser! O Quanto somos Infinito. Cabe, então a cada um de nós lapidar o cristal que temos dentro de nós sem ter medo do desconhecido. Enfrente!
A Inteligência acoplada com a Consciência  Moral, eleva nossa percepção a níveis mais amplos e conseqüentemente nos direciona a caminhos de aprendizado e evolução. As escolhas são individuais.
“O Plantio é livre a Colheita é Obrigatória”.

Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata
E
Hipnóloga Condicionativa











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