quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A ORIGEM DA INDIVIDUALIDADE




A ORIGEM DA INDIVIDUALIDADE


   Em se tratando de um ser vivo existe nele a capacidade de perceber o meio, percepção no qual está situado e com o qual interage. A partir do momento em que a consciência se dualiza ela “esquece” que é essencialmente una; não mais se dá conta de que o “eu”, os “eus” e todas as coisas integram uma só essência. Sentindo-se divisionária a mente, em vez de agir como unicidade, passa a agir como dualidade e por isso cobra a necessidade de interações com tudo aquilo que é percebido. Em tal condição o ser deixa de vivenciar a realidade única, unicidade e passa a vivenciar a realidade virtual, multiplicidade, que é o mundo imanente.
    Somente a metafísica especula sobre o que está além daquele limite expresso pelo mundo objetivo, mas ela se distancia muito do pensamento cartesiano adotado pela ciência oficial. Para além do ponto inicial da criação não se pode usar qualquer tipo de método científico, não se podem usar conceitos de geometria, de física, de matemática ou coisas assim. O único meio de abordagem sobre a transcendência é o da especulação metafísica e filosófica, portanto desde que nenhum método experimental se presta para este fim qualquer afirmação sobre o que está além do ponto adimensional da creação não pode ter respaldo científico, exatamente por transcender os limites da experimentação, da análise objetiva.
    A Filosofia Homeopática fala de Psora Latente Conferindo a qualidade de uma forma de angústia existencial, presente em todos os seres racionais, e quiçá nos irracionais. Mas para se entender o que na verdade é a Psora Latente em nível mental, se faz além do limite da própria creação e sendo assim não podemos obedecer aos protocolos da ciência experimental.
    Como tudo tem uma origem única fora do mundo objetivo, podemos então dizer: a angústia existencial tem origem no limite entre o mundo transcendente e o imanente, portanto fora do mundo dialético, ou seja, fora do mundo objetivo. Não adianta buscá-la em nível de organismo, e sim da própria existência do Ser.
    A Angústia Existencial atinge todos os seres. Para se entender, se faz deixar de lado o aspecto científico de nível experimental e penetrar no especulativo. Mas como a ciência experimental é totalmente ignorante no que tange à origem das coisas existentes que constituem o Universo em geral e as condições mentais em especial, isto nos leva a ter de usar premissas estabelecidas no campo da metafísica, das doutrinas filosóficas e religiosas.
    Houve o surgimento de uma Luz no início dos tempos (tempo cronológico, tempo linear, pois o tempo absoluto é eterno, portanto não tem início). No início deste universo manifestou-se algo que a ciência chama de energia e as doutrinas chamam de Luz. A ciência intitula de energia primordial existente num estado chamado de singularidade é idêntico àquela condição que as doutrinas oriundas do pensamento védico chamam de “Brahma”; as judaico-cristãs, de Deus Pai, e assim por diante.
    Temos duas condições, os dois mundos, o transcendente e imanente. A transcendência é o “nada quântico” que é considerado como sendo a Consciência Suprema, a Consciência Cósmica, que por transcender o ponto de origem do mundo imanente é considerada Una. Não existem duas consciências porque na transcendência Tudo é Um.
    A Consciência Creadora gerou duas condições distintas em manifestação. Tudo procede do Um, a primeira representa a consciência imponderável, e a segunda a consciência-energia-estruturada em todas as coisas objetivas. Ambas as condições são diferentes aspectos de manifestação de algo único que é a consciência.
    Qualquer expressão de consciência somente pode ser detectável através de algo. A Consciência Cósmica para se manifestar objetivamente necessitou criar as coisas que constituem o Universo físico, e isto conforme o pensamento dos antigos filósofos se fez sentir primariamente mediante os quatro elementos: Fogo, Água, Ar e Terra.
    Nesse processo fica evidente que a partir da unicidade se estabeleceu a multiplicidade, gerando assim dois aspectos de manifestações perceptivas da “existência Uma”. A primeira consiste em percebê-la como natureza primordial, isto é, como unicidade – Unismo; e a segunda, como descontinuidade – Dualismo, como uma “ilusória fragmentação do Uno” (Ilusão Maya). A multiplicidade é a condição que predomina quase totalmente na mente dos seres que integram o chamado “mundo Imanente”, a creação.
   A visão unista difere da dualista apenas no que diz respeito à objetividade. No dualismo Deus se manifesta objetivamente como polaridades, enquanto que no unismo como potenciais em que não há polaridades, pois o que é uno não pode comportar polaridade alguma.

Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata


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