“A
idade média nos deu uma doutrina metafísica do princípio da individualização: a
signatio materiae”.LAÍN ENTRALGO uma das objeções indiscriminadas de caráter
condenatório lançadas é a de que a homeopatia, remete-se a um nostalgismo
“iluminista”, pretendendo resgatar através dele a visão eclesiástica na prática
da medicina, denominá-la como ressureição
como disse DEMARQUE, de uma medicina filosófica. Paulo Rosenbaum em seu
livro: Miasmas – Saúde e Enfermidade na Prática Clínica Homeopática, (Ed.
Roca,1998, pág.341) parágrafo 2 nos esclarece:“ A resposta a estas objeções,
deliberadamente apressadas, é que é do próprio material experimental,
particularmente nos registros patogenéticos, que nasceu a suspeita de uma
problemática existencial de caráter filosófico-existencial-metafísico, que
“invade” o experimentador com as especulações da inquietude do espírito. Diante
desta errônea margem de acusação, convém explicitar ao leitor que jamais se
pretendeu estabelecer uma medicina “eclesiástica”, apenas compreender-se os fenômenos desencadeados no
experimentador e, para isto, talvez seja necessário remeter-nos ao estudo das
disciplinas que foram relegadas em nossa atual formação médica.”No material
experimental as expressões faladas pelo experimentador, por exemplo: Arsenicum
Album que levanta suspeitas “acerca da bem aventurança da sua alma”; ou Kalium
bromatum, cujo experimentador afirma que tem a ilusão “que será o objeto de
vingança divina”; Opium que diz “visitar vários apartamentos do paraíso”. Há
muitos outros exemplos retirados de material patogenético experimental; bem
como: Atropa Belladona, Chellidonium majus, Cyclamen, Digitalis, Cannabis
indica, Pulsatilla, Lilium tigrinum, Selenium, Veratrum, Stramonium, etc. Como
podemos desconsiderar o material experimental? Suspendê-lo não seria a antítese
do parágrafo 6 que diz que devemos refutar as hipóteses metafísicas que
não “puderem ser comprovadas
experimentalmente”? O Sintoma “pressentimento” registrado por Hahnemann no
sintoma 521 de Aconitum nappelus mostra que o experimentador fala: “Visão
lúcida: ele diz, agora minha amada2(distante 70 milhas) deve estar cantando
aquela passagem difícil, que eu acabara de cantar”.Hahnemann exigia a
experimentação no homem são, exatamente para descobrir o que ele sentia,
falava, pensava e imaginava; aspectos impossíveis nas experimentações com anima
vili. Conforme a descrição no capítulo 6, no Aforismo 21, Samuel Hahnemann
descreve o princípio básico:[...Ora, sendo inegável que o princípio curativo
dos remédios não é perceptível por si mesmo e como nas experiências puras com
os remédios, desenvolvidas pelos observadores mais rigorosos, nada pode ser
observado que os constitua em medicamentos ou remédios a não ser o poder de
causar alterações distintas no estado de saúde do corpo humano e,
particularmente, no corpo do indivíduo saudável, nele excitando vários sintomas
morbíficos definidos, conclui-se que, quando os remédios agem como
medicamentos, eles podem apenas fazer funcionar sua propriedade curativa
mediante esse poder de alterar o estado de saúde do homem, produzindo sintomas
peculiares; e assim, por conseguinte, temos que confiar somente nos fenômenos
morbíficos que os remédios produzem no corpo saudável como a única revelação
possível de seu poder curativo inerente a fim de aprender qual o poder que cada
remédio possui em particular para produzir a doença e, ao mesmo tempo, a
cura...]O propósito da experimentação de um medicamento é registrar a
totalidade dos sintomas morbíficos produzidos por essa substância em indivíduos
saudáveis; e essa totalidade, constituirá as indicações curativas sobre as
quais será prescrito o medicamento curativo para o doente. “O corpo humano
parece admitir ser afetado de maneira muito mais poderosa, em sua saúde, pelos
remédios químicos do que pelos estímulos morbíficos naturais. Pois as doenças
naturais são curadas e dominadas por remédios apropriados”.É possível, na
verdade, envenenar um organismo com qualquer substância, se for administrada em
quantidade suficiente. Isto é verdade tanto para um veneno como para um
alimento. Uma coisa tão comum como o sal de cozinha, se for administrado em
grandes doses diariamente durante um longo tempo, pode gerar uma variedade de
sintomas em pessoas relativamente saudáveis. Se administrarmos uma substância
que está sendo testada, em quantidade suficiente, ela perturbará a força vital
o bastante para mobilizar o mecanismo de defesa que, por sua vez, gerará um
grupo de sintomas peculiares à substância que está sendo testada.Quando uma
substância é administrada e os sintomas resultantes são anotados, estamos
registrando as manifestações específicas do mecanismo de defesa. Esse é o único
modo que temos para identificar a freqüência ressoante da ação do medicamento.
Quando anotamos o sintoma, estamos registrando as manifestações peculiares que
representam a freqüência resoante do mecanismo de defesa. Combinando o quadro
de sintomas do medicamento com o quadro de sintomas do cliente, comparamos suas
freqüências de ressonância, realizando, dessa maneira, a cura pelo fortalecimento
do mecanismo de defesa em seu ponto mais fraco. Se uma substância for
administrada em doses tóxicas ou venenosas, todo o organismo reagirá, mas essa
reação será muito grosseira para ter valor em termos de homeopatia. Sintomas
como coma, convulsões, vômito ou diarreia serão registrados, mas as distinções
sutis, refinadas, não estarão evidentes. Se, doses pequenas, até mesmo
diminutas e potencializadas, forem usadas, produzirá uma ampla variedades de
sintomas altamente refinados e específicos, nos planos mental e emocional. É
por isso que a homeopatia enfatiza as experimentações em seres humanos
saudáveis, capazes de descrever de forma lúcida até as mudanças mais sutis. O
método alopático, pelo contrário, primeiro testa as drogas em animais e, depois
em seres humanos doentes. O teste com animais é naturalmente, inadequado para
qualquer propósito terapêutico verdadeiro, pois os únicos sintomas que podem
ser registrados são os sintomas físicos mais grosseiros. Para os propósitos
homeopáticos, o teste de drogas feito em seres humanos doentes também é
inadequado, já que os sintomas da doença podem confundir-se facilmente com os
efeitos da droga. É obvio que as drogas alopáticas são testadas apenas na sua
capacidade de funcionar como paliativos dos sintomas ou síndromes específicos e
não pelo efeito que podem ter sobre a saúde geral do paciente.Quando uma
substância é administrada num organismo, existem duas fases de resposta. O
efeito primário ocorre imediatamente, dentro de poucas horas ou dias; este
representa a fase de excitação da reação, que geralmente é um tanto violenta. O
organismo em sua tentativa de restabelecer o equilíbrio, compensa a si mesmo,
então com um efeito secundário. Esse tem, geralmente, um período de reação
aproximado de duas vezes o tempo da reação primária. Os sintomas gerados nessa
segunda fase podem ser opostos aos sintomas da primeira fase. Em qualquer
experimentação, é importante registrar os sintomas das duas fases, mesmo que
eles pareçam contraditórios. Cada fase representa uma manifestação
característica da ação do mecanismo de defesa e, deve ter a mesma
importância.Para que o mecanismo de defesa produza os sintomas, o limite da
força vital deve ser transposto. Ou a dosagem da substância é suficientemente
forte para sobrepujar a força vital, ou o organismo tem um grau relativamente
alto de sensibilidade a ela. Visando produzir sintomas nos provadores cuja
vibração é muito diferente da vibração do medicamento, devem ser usadas altas
dosagens do material, podendo-se esperar que os sintomas resultantes sejam
muito abruptos. Se essa alta dosagem do material fosse usada em provadores
muito sensíveis à substância, isso poderia resultar em sintomas fortes e
prejudiciais. Se, for dada uma dose diminuta ou potencializada aos provadores
que estão muito próximos da taxa de vibração da substância, aparecerão uma
série de sintomas altamente específicos e característicos; nesse caso, os
sintomas serão sutis, individuais e característicos, principalmente nos planos
mental e emocional. É ético administrar substâncias potencialmente tóxicas em
indivíduos essencialmente saudáveis? As experimentações jamais devem ser feitas
em dosagens tóxicas; para os sintomas tóxicos contamos apenas com relatos dos
envenenamentos acidentais já registrados na literatura toxicológica. A
administração da substância que está sendo provada é suspensa assim que houver
o registro do primeiro sintoma. Qualquer medicamento experimentado que registre
apenas os sintomas físicos é insuficiente para os propósitos da homeopatia. A
cura é o objeto da administração do medicamento e os sintomas eliminados do ser
como um todo, durante o processo de cura, são os mais confiáveis, pois indicam
o mais alto grau de sensibilidade ao medicamento. Se o grau de vibração de um
dos experimentadores combinar exatamente com o da substância, este provador
Terá um alívio extraordinário e duradouro de todos os sintomas apresentados
antes da experimentação. No que o experimentador sente, fala, pensa e imagina;
estão contidos todos os aspectos de sua individualidade, fundamentais para sua
prescrição, não importando quão estranhas ou inusitadas tais manifestações
possam parecer aos olhos de quem conduz. Devemos conservar com o experimentador
o mesmo procedimento vivencial que temos com os clientes. Reconhecer os conflitos
como reais, vivos e presentes para o indivíduo que o verbaliza, desenha ou
representa. Como conviver com a admissão da realidade da preocupação humana com
os fins de sua existência ou com sua angustia metafísica existencial, ocupando
uma parcela significativa da subjetividade? Negá-la parece-nos uma medida
arbitrária e obscuranista. Qualificá-la como enfermidade mental, é mais um
atributo nosológico do que uma contribuição para o equacionamento do problema. Para
que possamos nos aproximar da homeopatia pedida por Hahnemann, devemos estar
atentos a uma psicologia da alma, aos movimentos desuniformes dos miasmas que
lançam obstáculos para a interrupção do estado de saúde e do desenvolvimento
humano. Estar atentos a isto não significa necessariamente “mitologizar” a vida
dos pacientes, simplesmente porque ela já está “mitologizada” por aquilo que
Mauron descreve como o “mito pessoal” ou “fantasma obsedante”. Hahnemann
revolucionariamente lança a enfermidade à luz de um entendimento de uma unidade
substanciada no imaterial. Para negar a base de sua reforma é necessário
estabelecer contrapontos respeitáveis, provando que o homem não representa tal
unidade e que uma totalidade não seletiva não é o que realmente importa.“O
fundo ou a essência fundamental deste princípio vital espiritual, comunicado a
nós homens, pelo infinitamente misericordioso Criador, é incrivelmente enorme,
se os médicos soubessem como manter sua integridade nos dias de saúde,
direcionando o homem a um modo saudável de viver, e como invocar e aumentá-lo
nas enfermidades puramente através do tratamento homeopático...”(Cf.Hahnemann,
S.The Chronic Diseases their Peculiar Nature and their Homeopathic
Cure.Translated from second enlarged german edition of 1835 by Louis H. Tafel.
New Delhi, B. Jain Publishers, Reprint 1985. 2 vols.p XIX preface to Fourth
Volume.)
Princípio de Infinitesimal
Dentre
os princípios que regem a homeopatia, aquele que provoca mais discussões
apaixonadas é o princípio de infinitesimalidade. Como aceitar que soluções cada
vez mais diluídas até limites inconcebíveis possam manter uma atividade
terapêutica?
Definir
a infinitesimalidade traduz-se por dar limites ao que, etimologicamente, não os
tem. O termo infinitesimalidade está ausente do dicionário; figura apenas o
adjetivo infinitesimal, termo retirado da língua inglesa e que significa “extremamente
pequeno”. Ele vem do latim, finis (“baliza”), expressando no sentido próprio, o
limite de um campo ou de um território, e, no sentido figurado, o termo, a
meta. Finireé, traduzido por “delimitar”, e infinitus, por “sem limites,
indeterminado”. O termo “infinitesimalidade”, com a noção de desconhecido e até
de “vago”, “impreciso”, é capaz de preocupar e chocar médicos e pesquisadores
que não escolhem explorar de imediato um mundo científico radicalmente novo e
cujos pontos de referência devem ser inteiramente elaborados. Infinitas é a
“imensidão”. Quanto ao infinito , é um conceito facilmente administrado pelas
ciências matemáticas, que não experimentam nenhum embaraço com isso, provando,
assim, que ele é compreendido pelo ser humano. Não sendo estranho ao homem, o
infinitesimal não pode e não deve ser estranho ao médico. A infinitesimalidade
é um assunto inteiramente justificado na pesquisa científica e médica.Em
Homeopatia, a noção de infinitesimalidade aplica-se à preparação dos
medicamentos que serão administrados segundo o princípio da similitude. Os
medicamentos são diluídos sucessivamente a 1/100 (centesimal hahnemaniana) em
álcool a 70º, um número considerável de vezes. Isso tem como conseqüência a
administração de doses extremamente fracas do produto de origem. A partir de um
determinado número de diluições, a presença de moléculas é mesmo improvável.“
Não é em virtude de uma opinião preconcebida, nem por amor da singularidade,
que me decidi em favor de doses diluídas, tanto para o quinino ( China offic.)
tanto para qualquer outra substância. Cheguei a isso após experiências e
observações muitas vezes renovadas, e elas me demonstraram que maiores
quantidades de medicamentos, mesmo nos casos em que elas fazem bem, agem com
mais intensidade do que o necessário para obter a cura. Assim, as diminuí, e
como eu sempre observava os mesmos efeitos, desci até as doses mínimas que me
pareciam suficientes para exercer uma ação salutar, sem agir com uma violência
capaz de retardar a cura.” Hahnemann – Organon.
A
demonstração experimental por Hahnemann e seus alunos de uma atividade curativa
de diluições cada vez maiores das substâncias de origem vegetal, animal e
mineral, escolhidas de acordo com o quadro de sintomas que elas desenvolvem no
sujeito sadio.(patogenesias).O método hahnemaniano é preparado com frascos
separados, comporta uma agitação muito forte, chamada dinamização. A técnica
consiste em bater o fundo do frasco em posição vertical com golpes secos sobre
uma superfície firme, cem vezes, chamadas de diluições centesimais(diluições
sucessivas a 1/100).É natural que as diluições infinitesimais utilizadas em
homeopatia tenham provocado críticas desde sua introdução em terapêutica. Quando
não encontramos mais moléculas em uma dinamização homeopática pelo método da
sucussão temos a memória medicamentosa instalada “in vitro”. Diluições
totalmente desprovidas de moléculas são, portanto, capazes de transmitir uma
informação; os fatos experimentais estão aí para demonstrar a realidade do
fenômeno. É necessário tentar compreender qual poderia ser o suporte material
dessa informação. Cinco áreas de pesquisa estão envolvidas: a memória dos
átomos, o crescimento fractal, o método do grupo de renormatização, aplicado
aos fenômenos físicos de acordo com as escalas de comprimento, a física
relativista e o movimento browniano, e a eletrodinâmica quântica.Se analisarmos
nossas células contém memórias de todo o universo, somos compostos por
elementos químicos que estão nas estrelas, planetas, nas rochas, plantas, em
todos os lugares. Fazemos parte de um todo. Existe um equilíbrio delicado e
dinâmico entre todas as formas de vida e o ambiente. “O DNA é que controla a
vida. Na verdade, a epigenética, que é o estudo dos mecanismos moleculares por
meio dos quais o meio ambiente controla a atividade genética, é hoje uma das
áreas mais atuantes da pesquisa científica em geral.”O que muitos cientistas
ainda consideram antropomorfismo, ou melhor, citopomorfismo, eu chamo de
“biologia 101”. Você pode se considerar um indivíduo, mas eu digo que seu corpo
físico é uma grande comunidade cooperativa de aproximadamente 50 trilhões de
células e que a maioria delas vive como amebas, ou seja, organismos que
desenvolvem uma estratégia cooperativista para a sobrevivência de todos. Assim
como uma nação reflete as características de seus cidadãos, nossa condição
humana reflete a natureza de nossa comunidade celular. Embasado nesse
raciocínio, as nossas reações emocionais, mentais, comportamentais e biológicas
reagem em cadeia. Se na Malásia por exemplo está acontecendo um foco de
meningite, consequentemente nos afetará com muita rapidez. Vou mais longe,
criamos forma pensamento e damos vida. Hahnemann chamou de “miasmas”. Muitas
vezes vibramos pela nossa maneira de agir, pensar e sentir em algum adoecimento,
exemplo, o câncer que hoje em dia é muito comum entre os seres humanos. As
células estão destruídas e há uma guerra dentro do organismo para promover a
cura, então sua vida, seus pensamentos, sentimentos e ações como estão? Mágoas,
raiva, indignação, orgulho em não aceitar as coisas, querer se impor sempre com
arrogância e prepotência, agressividade etc. Somos responsáveis pelo que
acontecemos conosco. O medicamento homeopático contém a memória energética, ao
tomarmos, vibraremos em uma frequência maior
e semelhante, onde o restabelecimento do desequilíbrio acontecerá. Todos os
pesquisadores podem incluir em seus trabalhos a Homeopatia, que se tornou
realidade, mas será necessário associar ao estudo das diluições, como suportes
da informação; será preciso verificar se o paradigma mecanicista não é um
entrave à progressão da inteligência da Homeopatia. Refugia-se no mundo dos
objetos traz o risco de limitar o campo interpretativo de uma terapêutica da
globalidade e do ser vivo. Um novo paradigma, o paradigma do sentido, nos
propõe uma nova abordagem do ser vivo; fundada na comunicação sensível em que o
corpo e a mente se organizam em torno das trocas significantes de informação;
ele pode ser proposto para especificar a finalidade da informação veiculada
pelas diluições infinitesimais. Hahnemann nos coloca com propriedade sobre a
eficácia do medicamento homeopático que até hoje é ridicularizado por muitos
médicos.[...Se uma gota de um determinado medicamento altamente atenuado, assim
eles falam, consegue ainda agir, então a água do lago de Genebra, dentro do
qual uma gota do medicamento mais forte caiu, deve mostrar tanto poder curativo
quanto em cada uma de suas gotas separadas, de fato muito mais, vendo que nas
atenuações homeopáticas uma proporção muito maior de fluido atenuado é usado.A
resposta para isso é que, na preparação das atenuações medicamentosas
homeopáticas, uma parte pequena de medicamento não é simplesmente acionada à
uma quantidade enorme de fluido não medicamentoso, ou apenas levemente misturado
a ele, como na comparação acima, que tem sido maquinada a fim de verter
escárnio sobre a questão, mas pela sucussão ou trituração prolongadas; aí
resulta não somente a mais íntima mistura, mas, ao mesmo tempo e essa é a mais
importante circunstância – aí resulta como que uma grande, e até aqui
desconhecida e não sonhada, mudança, pelo desenvolvimento e liberação dos
poderes dinâmicos da substância medicinal assim tratada, de forma a provocar
admiração.” ...](Escritos Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel
Hahnemann”, copilado e traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 694 “Espírito da
Doutrina Médica Homeopática). Ele nos explica que, se comparando sem a devida
reflexão, por meio do gotejamento de uma gota do medicamento dentro de um lago
grande como o lago de Genebra, não pode restar dúvida, mesmo de sua mistura
superficial com todas as partes de uma massa de água de tal volume, ao fato de
que qualquer parte deverá conter uma igual porção da gota do medicamento. Se
tentássemos impregnar uma quantidade menor de água com uma gota do medicamento,
sem nenhuma agitação, fosse ela mesmo tão prolongada, teria sucesso,
distribuindo essa gota uniformemente ao longo da massa inteira, sem mencionar
que a mudança interna constante e a decomposição química das partes componentes
da água constantemente se sucedendo destruiriam e aniquilariam o poder
medicamentoso de uma gota no curso de poucas horas. Hahnemann, esse grande
gênio “contemporâneo” nos coloca que nas operações farmacêuticas homeopáticas,
admitindo que elas fossem meramente uma mistura comum, o que não são, enquanto
apenas uma quantidade pequena do fluido atenuado é colocada por vez (uma gota
de tintura medicamentosa agitada com somente 100 gotas de álcool), começando aí
uma união e igual distribuição em uns poucos segundos. O modo de atenuar os
medicamentos para uso homeopático realiza não apenas uma distribuição igual da
gota medicamentosa em todas as partes de uma grande quantidade proporcional de
fluido não – medicamentoso (o que está fora de questão na comparação acima),
mas também acontece e isto é infinitamente da maior importância que, pela
sucussão ou trituração empregadas, uma mudança é efetuada na mistura, que é tão
incrivelmente grande e tão inconcebivelmente curativa, que esse desenvolvimento
da força espiritual dos medicamentos até um nível desses, por meio da múltipla
e contínua trituração e sucussão de uma pequena porção da substância medicinal,
mesmo com mais e mais substâncias não medicamentosas secas ou fluidas, merece
incontestavelmente ser reconhecida entre as maiores descobertas.É somente o
ignorante vulgar que ainda considera a matéria como uma massa morta, pois à
partir do seu interior, podem ser elucidados poderes incríveis até aqui não
esperados. Observemos que, quando um pedaço de aço é forte e rapidamente
esfregado por meio de uma batida descendente contra uma pedra dura, por
exemplo, ágata, em uma operação que é designada de arremesso de fogo, faíscas
incandescentes soltam, ateiam fogo no material facilmente inflamável, onde caem;
mas poucos cuidadosamente refletem o que realmente acontece. Um grande fenômeno
natural é aqui revelado. Quando faíscas são arremessadas com força suficiente,
e apanhadas em uma folha de papel em branco, podemos ver com os olhos nus ou
por meio de uma lente, pequenas bolinhas de aço situadas ali, as quais foram
destacadas em um estado de fusão da superfície do aço pelo ardente golpe de
fricção, caindo num estado incandescente, como pequenas bolas de fogo. Pode a
violenta fricção provocar tamanho grau de calor suficiente para fundir o aço em
pequenas bolas? Isso não requer um calor de no mínimo 3000 graus no termômetro
de Fahrenheit a fim de derreter o aço? De onde vem esse calor tremendo? Ele
deve vir das substâncias que são esfregadas? O que é a realidade? O aço, o qual
quando em repouso está frio, contém um estoque inexaurível de caloria, podendo
ser liberado pela fricção; o que não é calculável pelas cifras matemáticas que
procuram das muitas vezes limitar a natureza tornando-se contemptível,
aplicando a mesa de multiplicação aos fenômenos naturais limitando sua força. O
efeito da fricção é tão grande que não somente as propriedades físicas
internas, tal como caloria, odor, etc., são originadas e desenvolvidas por ela,
mas também os poderes medicinais dinâmicos das substâncias naturais, trazidos à
tona até um grau incrível. Hahnemann o notável gênio, foi o primeiro a fazer
essa grande e extraordinária descoberta, que as propriedades das substâncias
medicinais brutas ganham, quando são líquidas por meio de sucussão com líquidos
não medicinais, e quando são secas por meio de trituração contínua, com pós não
– medicinais , como que um aumento do poder medicinal, quando esses processos
são levados mais além, mesmo substâncias nas quais, durante séculos, nenhum poder
medicinal fora observado em seu estado bruto, mostram sob essa manipulação, um
poder de agir na saúde do homem que é totalmente surpreendente. Assim: ouro,
prata, platina, chumbo, alumínio, zinco, plutônio, dentre outros, não tem ação
na saúde humana em seu estado sólido; o mesmo é o caso do carvão vegetal em seu
estado bruto. Muitos grãos de folha de ouro, folha de
prata ou carvão podem ser ingeridos pela pessoa mais sensível sem que ela
perceba qualquer ação medicamentosa a partir deles. Todas essas substâncias se
apresentam para nós em um estado de animação suspensa até onde se considera a
sua ação medicamentosa. Mas se um grão de folha de ouro for triturado
fortemente durante uma hora num almofariz de porcelana com cem grãos de açúcar
de leite, o poder que resulta na primeira trituração possui uma quantidade
considerável de força medicinal. Se um grão deste pó for triturado tão
fortemente e por tanto tempo com outros cem grãos de açúcar de leite, a
preparação atinge uma força medicinal muito maior, e se esse processo for
continuado, e um grão da trituração prévia for esfregada tão fortemente e
durante o mesmo período de tempo, cada vez com cem grãos frescos de açúcar de
leite até, após quinze dessas triturações, a quintilhonésima trituração do grão
original da folha de ouro é obtida, então as últimas atenuações não evidenciam
a mais fraca, mas ao contrário, a mais penetrante, a maior força medicinal do
montante das atenuações. Um único grão da última atenuação colocado num frasco
pequeno, limpo, recuperará um indivíduo morbidamente desesperado, com uma
tendência constante para cometer suicídio, em menos de uma hora, até um estado
pacífico da mente, um amor pela vida, uma felicidade, e horror do seu ato
comtemplado, caso ele faça senão uma única olfação no frasco, ou coloque sobre
sua língua uma quantidade desse pó não maior que um grão de areia nos explica
Hahnemann. A partir disso, percebemos que as preparações de substâncias
medicinais pela trituração, quanto mais longe é atingido o desenvolvimento de
seus poderes a partir dela, e mais perfeitamente elas são capazes de ser
levadas, à partir daí, a mostrar seus poderes, tornando-se capazes de responder
ao propósito homeopático em quantidade e doses proporcionalmente menores. Substâncias
medicinais não são massas mortas no sentido comum do termo, ao contrário, a sua
natureza essencial, verdadeira, é só dinamicamente espiritual, é força pura, a
qual pode ser aumentada em potência, por aquele processo muito notável da
trituração e sucussão segundo o processo homeopático, quase até um grau
infinito.Na mesma maneira os medicamentos líquidos não se tornam, por sua
atenuação cada vez maior, mais fracas em força, porém mais potentes e
penetrantes. Para propósitos homeopáticos essa diluição é realizada agitando-se
bem uma gota do medicamento com cem gotas de um fluido não medicamentoso; a
partir do frasco assim agitado uma gota é tirada e agitada da mesma forma com
outras cem gotas do fluido não medicamentoso, e assim por diante. Esse
resultado tão incompreensível para os homens de destaque, vai tão longe da
nossa compreensão humana tão limitada. E, desse jeito, as atenuações mais altas
tornam-se muito mais ativas.Não temos palavras em nosso vocabulário ainda
limitado perante a grandiosidade do medicamento homeopático potencializado e
sua atuação eficiente em processos agudos e
crônicos com uma total eficiência na cura sem gerar efeitos colaterais criando novas doenças
medicamentosas.O Mestre nos coloca as razões do porque o céptico ridiculariza
essas atenuações homeopáticas. Primeiro porque ele desconhece que através de
tais triturações a força medicinal interna é maravilhosamente desenvolvida, e
é, por assim dizer, liberada de seus limites materiais, de forma a capacitá-la
a operar de maneira mais penetrante e mais livremente sobre o organismo humano;
em segundo lugar, porque sua mente limitada e puramente aritmética acredita que
vê aqui somente um exemplo de enorme subdivisão, uma mera divisão e diminuição
material, no que qualquer parte deve ser menos que o todo. Como toda criança
sabe, mas ele não observa, que nessas espiritualizações da força medicinal
interna, o receptáculo material dessas forças naturais, a questão ponderável
palpável, não deve ser, em absoluto, levada em consideração; em terceiro lugar,
porque o céptico não tem experiência relativa à ação de preparação de tal poder
medicamentoso exaltado.“Se, então, aquele que tenciona ser um buscador da
verdade não a quiser procurar onde ela deve ser encontrada, isto é, na
experiência, certamente falhará em descobri-la; ele nunca achará com cálculos
aritméticos.”(Escritos Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel
Hahnemann”, copilado e traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 699 “Como pequenas doses
de um medicamento tão atenuado, como a homeopatia emprega”).“Mas a arte sendo
tão conjectural (sobretudo do modo como hoje se mostra) não somente deu lugar
mais amplo ao erro como também, em verdade, à impostura”. (Francis Bacon,
1561-1626; iniciador do empirismo, enaltecedor da experiência e do método
dedutivo).“Habitantes da Terra, pensei, quão curto é o instante de nossas vidas
aqui em baixo! Com quantas dificuldades vocês tem de se contentar em cada
passo, a fim de manter uma existência simples, caso queiram evitar as veredas
que conduzem aos desvios da moralidade. E ainda, de que valem todos os seus
prazeres conseguidos a duras penas, se não desfrutam de saúde?”.(Escritos
Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel Hahnemann”, copilado e
traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 392 “ Esculápio na Balança”).“E ainda quão
amiúde isso é perturbado. Quão numerosos são os maiores e menores graus de
saúde comprometida; quão inaudita a multidão de doenças, fraqueza e dores, que
arqueia o homem enquanto ela sobe com dor e labuta em direção ao seu objetivo, e
que terrifica e põe em perigo sua existência, e mesmo quando ele é amparado
pelas recompensas fortuitas da fama, ou repousa no regaço da luxúria. E ainda,
oh! Homem, quão elevada a tua descendência! Quão grande e divino teu destino!
Quão nobre é o objeto de tua vida! Tu não estás destinado a se aproximar, por
meio da escada das impressões santificadas, das façanhas enobrecedoras, do
conhecimento que em tudo penetra, inclusive do grande Espírito que todos os
habitantes do Universo reverenciam? Pode o Espírito Divino, que deu a ti tua
alma, e deu-te asas para tais altos empreendimentos, ter designado que deveria
ser oprimido de forma desamparada e irremediável por aqueles transtornos
corporais transitórios que nós denominamos de doença? ?”.(Escritos Menores, Ed.
Organon,2006 “Obras Completas de Samuel Hahnemann”, copilado e traduzido por
R.E.Dudgeon. Pág. 392 “ Esculápio na Balança”).O Mestre Hahnemann nos colocou
com primor a ciência da Homeopatia e na maioria das vezes ou quase sempre
criticava a maneira de como a “medicina alopática” se tornou. Uma medicina
mecânica com mentes orgulhosas e arrogantes, designadas senhores do nosso
destino. Nos mostrou que o Autor de todo o Bem, quando permitiu que as doenças
injuriassem Seus Filhos, deve ter estabelecido um meio pelo qual aqueles
tormentos pudessem ser amenizados ou removidos. Essa arte deve ser possível
Essa arte que pode deixar muitos felizes; não só é possível, mas já existe. Não
encontraram registrados nos escritos médicos de todas as épocas curas nas quais
a perturbação da saúde era tamanha que nenhum outro desfecho do que uma morte
miserável parecia possível.Mais ainda, Hahnemann nos ensinou que, essas curas
brilhantes tem sido produzidas quando elas não foram antes atribuídas, ou à
força da juventude sobrepujando a doença, ou a irreconhecível influência de
várias circunstâncias felizes, do que aos medicamentos empregados. Mesmo se o
número de tais curas perfeitas fosse maior, podemos imitá-las com resultados
similarmente ditosos?Elas permanecem isoladas na história da raça humana.
Grandes curas são possíveis, mas como devem ser efetuadas? Qual a força e as
circunstâncias particulares pelas quais foram realizadas? E como devem ser
controladas de forma que possamos transferi-las para os outros casos, está muito
além do nosso alcance. Talvez a arte de curar não consista em tais
transferências. Uma arte de Medicina existe, mas não em nossas cabeças, nem em
nossos sinais e sintomas.As pessoas não são curadas todos os dias nas mãos de
doutores médicos, mesmo de médicos muito comuns, não, inclusive dos mais
ilustres cabeças duras? Samuel Hahnemann. Ele nos explicou com clareza e
lucidez que a maioria dos casos, para o tratamento dos quais um médico é
chamado, é de doenças agudas. ”Aberrações da saúde que apresentam apenas um
pequeno curso a seguir antes que findem ou em recuperação ou em morte. Quando
parcialmente é sanado a doença aguda indubitavelmente a dita doença não deixou
de existir, formando-se assim com uma nova máscara e gradativamente vai
mostrando sua cara. “Sim, ouço a escola continuar a se desculpar, “os milhares
de defeitos em nossa constituição cívica, o modo de vida complicado, artificial
tão distante da natureza, a luxúria multifacetada enervando e desarranjando
nossa constituição natural, são responsáveis pelo caráter incurável de todos
esses males. Nossa arte é bastante desculpada por ser incapaz de curar tais
casos”.“Vocês então conseguem acreditar que o Preservador de nossa raça, o
Onisciente, não destinou essas complexidades de nossa constituição cívica e
nosso modo artificial de vida para aumentar nosso regozijo aqui, e remover a
miséria e o sofrimento? Que extraordinário tipo de vida isso pode ser, ao qual
o ser não consegue se acostumar sem alguma grande perturbação de sua saúde? A
gordura de foca e o óleo de baleia comido com pão feito de ossos de peixe seco
previne nem tampouco impede o habitante da Groenlândia de gozar de saúde em
geral, quanto o faz a invariável dieta de leite do pastor nas montanhas suíças,
a comida puramente vegetal dos alemães mais pobres, ou a dieta animal do rico
inglês. O nobre vienense não se acostuma aos seus 20 ou 30 talheres, e ele não
goza exatamente da mesma saúde do chinês com sua rala sopa de arroz, o mineiro
saxão com nada senão batatas, o islandês do mar do sul com seu pão de fruta
torrado, e o escocês montanhês com seus bolos de aveia? Deve haver um tipo de
arte médica? Seria aplicável à todos?”.
?”.(Escritos Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel
Hahnemann”, copilado e traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 396 / 397 “ Esculápio na
Balança”). O Homem a Ciência e Deus
“O
progresso da Ciência, em suas escalas inumeráveis, é comparável a uma ascensão
em país de altas montanhas. À medida que o viajante galga as árduas encostas, o
horizonte se lhe alarga, os pormenores do plano inferior se confundem em vasto
conjunto, enquanto novas perspectivas se desvendam ao longe. Quanto mais sobe,
tanto maior amplidão e majestade adquire o espetáculo. Assim a Ciência, em seu
progresso incessante, descobre, a cada passo, domínios ignorados.Todos sabem
quão limitados são os nossos sentidos materiais, como é restrito o campo que
estes abraçam. Além das cores e dos raios percebidos por nossa vista, há outras
cores, outros raios, cuja existência é demonstrada pelas reações químicas. Do
mesmo modo, o ouvido só percebe as ondas sonoras entre dois extremos, além dos
quais as vibrações sonoras, muito agudas ou muito graves, nenhuma influência
exercem sobre o nervo auditivo.Se a nossa força visual não tivesse sido
aumentada pelas descobertas da óptica, que saberíamos do Universo na hora
presente? Não só ignoraríamos a existência dos longínquos impérios do éter,
onde sóis sucedem a sóis, onde a matéria cósmica, em suas eternas gestações,
faz surgir astros por milhares, como também nada saberíamos ainda dos mundos
mais vizinhos à Terra. Gradualmente e de idade em idade, tem-se estendido o
campo de observação. Graças à invenção do telescópio, o homem tem podido
explorar os céus e comparar o nosso mesquinho globo com as esferas gigantescas do
espaço. Mais recentemente, a invenção do microscópio abriu-nos um outro
infinito. Por toda parte, em torno de nós, nos ares, nas águas, invisíveis a
nossos fracos olhos, miríades de seres pululam e agitam-se em turbilhões
espantosos. Tornou-se possível o estudo da constituição molecular dos corpos.
Chegou-se a reconhecer que os glóbulos do sangue, os tecidos e as células do
corpo humano são povoados de parasitas animados, de infusórios, em detrimento
dos quais vivem ainda outros parasitas. Ninguém pode dizer onde termina o fluxo
da vida!A Ciência progride, engrandece-se, e o pensamento por ela alentado sobe
a novos horizontes. Mas quão leve se apresenta a bagagem dos nossos
conhecimentos, quando a comparamos com o que nos resta ainda aprender! O
Espírito humano tem limites, a Natureza não. “Com o que ignoramos das leis
universais – diz Faraday – poder-se-ia criar o mundo.” Os nossos sentidos
grosseiros permitem que vivamos no meio de um oceano de maravilhas, sem mesmo
suspeitarmos delas, como cegos banhados em catadupas de luz.”(DENIS,Léon –
Depois da Morte, A Natureza e a Ciência cap. 3, pág. 97, Ed. FEB)
O
sábio de Meissen, com sua percepção do homem, com esplendorosa lucidez nos
ensinou com palavras claras e diretas disse que o homem, considerado como animal,
foi criado de modo mais indefeso do que todos os outros animais, não possui
armas congênitas para sua defesa, nem velocidade que possibilite escapar dos
seus inimigos, nem asas e nem pés palmados, nem barbatana e nem armadura
impenetrável ao choque. Ele está exposto de forma indefesa a todos os ataques.
O homem está sujeito a um número bem maior de doenças que os animais, que
nasceram com um conhecimento secreto dos recursos medicamentosos para esse
inimigos invisíveis da vida, o instinto, o qual o homem não possui. O homem
sozinho sai dolorosamente do útero da sua mãe, macio, delicado, nu, indefeso,
desamparado e destruído de tudo o que pode a sua existência suportável,
destruído de tudo com que a natureza abundantemente dota o verme do pó para
tornar sua vida feliz.Veja, a fonte Eterna de todo o Amor só deserdou o homem
da natureza animal a fim de dotá-lo de forma ainda mais abundante com a chispa
da divindade. Uma mente que o capacita a retirar de si mesmo a satisfação de
todas as suas exigências, e uma medida plena de todos os benefícios
concebíveis, e a desenvolver à partir de si próprio, as inumeráveis vantagens
que exaltam a criança dessa Terra bem acima de qualquer coisa vivente. Uma
mente, indestrutível em si mesma é capaz de criar meios mais poderosos para sua
subsistência, proteção, defesa e conforto.Disse mais, o Pai da Humanidade tem
contato com essa faculdade da mente humana para descobrir agentes
medicamentosos, para protegê-la das enfermidades e acidentes aos quais o
delicado organismo humano está exposto. A ajuda que o corpo pode conferir a si
próprio para a remoção das doenças é pequena e muito limitada, de forma que a
mente humana é ainda mais compelida a empregar, para o cuidado com as doenças
do corpo, forças medicamentosas de uma natureza mais eficiente do que a que
pareceu ao Criador por bem implantar nos tecidos orgânicos. O que a natureza
bruta nos apresenta não deveria formar os limites para o alívio de nossas
necessidades, pois nossa mente deveria ser capaz de alargar seus recursos até
um grau ilimitado para o nosso perfeito bem – estar. Ele nos elucidou com um
exemplo simples: espigas de milho do seio da terra, não para serem mastigadas e
engolidas em estado cru e insalubre, mas a fim de que pudéssemos torná-las
proveitosas como alimento ao livrá-las da casca, esfregando, e livrando-as de
tudo que tivesse um aspecto danoso e medicamentoso, por meio da fermentação e
do calor do fogão, e ingerindo-as na forma de pão, nutritivo, uma preparação de
caráter inócuo, enobrecida pelo perfectivo poder da mente. Desde a criação do
mundo, os relâmpagos têm destruído animais e seres humanos, mas o Autor do
Universo achou por bem que a mente do homem deveria inventar algo, por meio de
que o fogo dos céus deveria ser impedido de tocar as residências, que por meio
de hastes metálicas ousadamente construídas no alto ele o conduzisse sem
prejuízos até o chão. Assim ele permite que os outros poderes da natureza não
nos prejudique. Que a inumerável ordem de doenças ataque e se apodere do
delicado arcabouço corpóreo, nos ameaçando com a morte e a destruição, sabendo
bem que a parte animal de nosso organismo é incapaz, na maioria dos casos, de
derrotar de forma vitoriosa o inimigo, sem ele mesmo sofrer mais ou menos, ou
sucumbir na luta; os recursos orgânicos agem como remédio, limitados e
insuficientes para a dispersão das doenças, a fim de que nossa mente possa
utilizar sua enobrecedora faculdade, em que a questão se relaciona com os mais
inestimáveis de todos os bens terrenos, a saúde e a vida. Continuando com o
raciocínio de Hahnemann, o grande Instrutor da humanidade; não pretendia que
fôssemos para o trabalho da mesma maneira que a natureza; pois deveríamos fazer
mais que a natureza orgânica. Dotados de inteligência e com nosso livre –
arbítrio nos foi dado a oportunidade de evolução, para podermos criar
mecanismos para nosso aprendizado. Nos deu azas para que pudéssemos voar. O que
construímos? Armas nucleares? Demos força aos vírus, bactérias com poderosos
antibióticos e vacinas?“... Eu fico, por conseguinte, surpreso que a arte da
Medicina tão raramente tenha se erguido de uma servil imitação desses processos
brutos, e que tem, em quase todas as épocas, acreditado que dificilmente alguma
coisa melhor poderia ser feita para a cura de doenças do que copiar essas
crises, e produzir evacuações na forma de suores, diarreia, vômitos, diurese,
drenagens venosas, vesicatórios ou feridas artificiais (esse foi e continuou
sendo o mais favorecido método de tratamento desde às épocas mais remotas até
agora; e foi sempre retomado quando outros modos de tratamento, baseados em
especulações ingênuas, desapontavam as esperanças que haviam levantado).
Exatamente como se essas imperfeitas e forçadas imitações fossem a mesma coisa
que aquilo que a natureza efetua nos ocultos recessos da vitalidade, por seus
próprios esforços espontâneos, na forma de crises! Ou como se tais crises
fossem o melhor método possível para vencer a doença, e não fossem antes provas
da (calculada) imperfeição e impotência terapêutica de nossa natureza
desajudada! Nunca, nunca foi possível forçar essas tentativas espontâneas do
organismo por intermédio de meios artificiais ( a própria noção implica em uma
contradição), nunca foi a vontade do Criador que deveríamos fazer assim. O seu
designo foi que nós conduzíssemos todo o nosso ser até uma perfeição ilimitada,
como também nosso arcabouço corpóreo e a cura de suas doenças...” ?”.(Escritos
Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel Hahnemann”, copilado e
traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 416 “ A Medicina da Experiência”).Hahnemann o
notável gênio nos elucidou sobre a pura cirurgia que, em vez de agir como a
natureza, entregue a si mesma, a qual consegue amiúde só retirar uma lasca de
osso na perna induzindo uma febre acompanhada de risco à vida, e uma supuração
que destrói quase todo o membro, o cirurgião é capaz, com uma meticulosidade
separar dos tegumentos irritáveis, extraí-la em poucos minutos, sem ocasionar
qualquer grande sofrimento, sem consequências ruins, e quase sem qualquer
diminuição da força; bem como, outras intervenções cirúrgicas livrando o
sofredor, poupando-lhe muitos anos de tormento. Devemos nós tentarmos aliviar
uma hérnia estrangulada com uma imitação da mortificação e da supuração, que
são os únicos meios, ao lado da morte, que a natureza possui contra ela? Para o
resgate e preservação da vida, se não soubéssemos de algum outro modo, de
estancar a hemorragia de um ferimento em uma grande artéria do que causando uma
síncope de meia hora de duração, como a natureza faz? Poderiam os procedimentos
cirúrgicos necessários ao restabelecimento parcial do indivíduo serem
abandonados? Tem sido uma questão digna da maior admiração ver como a natureza,
sem ter recorrido a qualquer operação cirúrgica, sem ter acesso a algum remédio
vindo de fora. Quando deixada totalmente desamparada, desenvolve por si mesma
invisíveis operações nas quais se mostra capaz em geral, de uma maneira muito
tediosa, dolorosa e perigosa, mas ainda assim para remover doenças e afecções
de vários tipos. Porém ela não faz isso para que imitemos. Nós não
conseguiríamos imitar, não deveríamos imitar, por existem meios infinitamente
mais fáceis, rápidos e muito seguro que a faculdade implantada em nossa mente
está fadada a descobrir, a fim de servir aos objetivos da medicina, a mais
essencial e mais honrada de todas as ciências terrenas.A Homeopatia nos dias de
hoje, com inúmeros nobres homeopatas,
conhecedores da “ Divina Arte da Cura”; pesquisando, estudando e experimentando
inúmeros medicamentos, trazendo a cura suave e duradoura. Muitas doenças
crônicas tidas como incuráveis pela alopatia, onde o homem sofredor podendo ser
amenizada e até curado pela “aguinha”,
faz da homeopatia a verdadeira ciência! Palavras de Hahnemann: “A Medicina é a
Ciência da Experiência”; o seu objetivo é erradicar as doenças por meio dos
remédios. O conhecimento das doenças, o conhecimento dos remédios, e o
conhecimento do seu emprego constituem a medicina. Como o sábio e beneficente
Criador permitiu aqueles inumeráveis estados do corpo humano diferentes da
saúde, os quais denominamos doenças, ele deve ao mesmo tempo ter nos revelado
um modo distinto, por meio do qual podemos ter ciência das doenças, que deverá
bastar para nos dar condições de empregar os medicamentos capazes de vencê-las;
ele deve ter nos mostrado um modo igualmente distinto, por meio do qual podemos
descobrir nos medicamentos aquelas propriedades que nos tornam adequados para a
cura de doenças, se Ele não pretendia abandar os seus filhos ao léu, ou exigir
deles o que está além de suas forças.Essa Arte tão indispensável à humanidade
sofredora não pode continuar escondida na obscura especulação, ou ser difundida
no imenso vácuo da conjectura, ou ser interpretada erroneamente como “ervinha e
aguinha”; deve estar acessível, prontamente acessível a nós, a homeopatia hoje
não pode mais ser confundida com tratamento “natural”, mas sim com a seriedade
que merece, com a visão da “Cura” dos males tanto crônicos como agudos. No
Pronto Atendimento com uma eficácia fascinante no ato da cura. Chegou o momento
de despertar as consciências adormecidas numa hipnose que há milênios vem se
alastrando adoecendo a humanidade.Dois mil anos foram gastos pelos médicos na
tentativa de se descobrir as mudanças internas invisíveis que acontecem no
organismo em doenças, e na procura de suas causas aproximadas e de uma
natureza, porque imaginavam que não poderiam curar antes que tivessem adquirido
esse conhecimento. “A alma é o princípio da vida, a causa da sensação; é a
força invisível, indissolúvel que rege o nosso organismo e mantém o acordo
entre todas as partes do nosso ser. Nada de comum têm as faculdades da alma com
a matéria. A inteligência, a razão, o discernimento, a vontade, não poderiam
ser confundidos com o sangue das nossas veias ou com a carne do nosso corpo. O
mesmo sucede com a consciência, esse privilégio que temos para medir os nossos
atos, para discernir o bem do mal. Essa linguagem íntima, que se dirige a todo
homem, ao mais humilde ou ao mais elevado, essa voz cujos murmúrios podem
perturbar o estrondo das maiores glórias nada tem de material”.(DENIS,Léon –
Depois da Morte, A Vida Imortal cap. 10, pág. 120, Ed. FEB).“Vimos que coisa
alguma se aniquila no Universo. Quando a Química nos ensina que nenhum átomo se
perde, quando a Física nos demonstra que nenhuma força se dissipa, como
acreditar que esta unidade prodigiosa em que se resumem todas as potências
intelectuais, que este eu consciente, em que a vida se desprende das cadeias da
fatalidade, possa dissolver-se e aniquilar-se? Não só a lógica e a moral, mas
também os próprios fatos – como estabeleceremos adiante –, fatos de ordem
sensível, simultaneamente fisiológicos e psíquicos, tudo concorre, mostrando a
persistência do ser consciente depois da morte, para nos provar que além do
túmulo a alma se encontra qual ela própria se fez por seus atos e trabalhos, no
curso da existência terrestre.Se a morte fosse a última palavra de todas as
coisas, se os nossos destinos se limitassem a esta vida fugitiva, teríamos
aspirações para um estado melhor, de que nada, na Terra, nada do que é matéria
pode dar-nos a idéia? Teríamos essa sede de conhecer, de saber, que coisa
alguma pode saciar? Se tudo cessasse no túmulo, por que essas necessidades,
esses sonhos, essas tendências inexplicáveis? Esse grito poderoso do ser
humano, que retumba através dos séculos, essas esperanças infinitas, esses
impulsos irresistíveis para o progresso e para a luz mais não seriam, pois, que
atributos de uma sombra passageira, de uma agregação de moléculas apenas
formadas e logo esvaídas? Que será então a vida terrestre, tão curta que, mesmo
em sua maior duração, não nos permite atingir os limites da Ciência; tão cheia
de impotência, de amargor, de desilusão, que nela nada nos satisfaz
inteiramente; onde, depois de acreditar termos conseguido o objeto de nossos
desejos insaciáveis, nos deixamos arrastar para um alvo, sempre cada vez mais
longínquo, mais inacessível? A persistência que temos em perseguir, apesar das
decepções, um ideal que não é deste mundo, uma felicidade que nos foge sempre,
é uma indicação firme de que há mais alguma coisa além da vida presente. A
Natureza não poderia dar ao ser aspirações e esperanças irrealizáveis. As
necessidades infinitas da alma reclamam forçosamente uma vida sem limites”.
”.(DENIS,Léon – Depois da Morte, A Vida Imortal cap. 10, pág. 120, Ed. FEB).A
natureza interna essencial de qualquer enfermidade, de qualquer caso individual
de doença, até onde nos é necessário conhecê-la, com o propósito de curá-la,
expressa-se pelos sintomas, visto que eles se apresentam às investigações do
verdadeiro observador em toda a sua extensão, conexão e sucessão. A fim de ser
capaz de realizar uma cura, é necessário ter uma imagem fiel da doença com
todas as suas manifestações, e em acréscimo, quando essas puderem ser
descobertas, um conhecimento de suas causas predisponentes em ordem, após
efetuar a cura por meio de medicamentos homeopáticos, para nos dar condições de
remover por meio de um regime de vida melhorado, organizado e assim prevenir
uma recaída, aumentando a força vital e reorganizando o mental e emocional. O
Médico homeopata tem a necessidade de proceder de uma maneira bem simples, tudo
o de que ele carece é ter cuidado ao observar e fidelidade ao copiar, evitando
as conjecturas e perguntas que direcionam sem sugestionar o paciente.O relato
do paciente de seus transtornos, sua história, o homeopata vê, ouve, sente tudo
o que há de caráter alterado ou não usual, e anota cada particularidade sem a
mudança de palavras e em ordem, de modo
que possa formar uma imagem precisa da totalidade de sinais e sintomas do
paciente.Os principais sinais são aqueles sintomas que são mais constantes,
diferentes, raros, peculiares e até estranhos dentro de uma visão cartesiana. O
homeopata assinala-os, como os mais fortes, a feição principal da imagem. Se a
imagem ainda não está completa, se há regiões ou funções do corpo em relação ao
estado dos quais nem o paciente nem os seus acompanhantes disseram alguma
coisa, o homeopata então pergunta o que eles podem se lembrar sobre essas
regiões ou funções, sem induzir mas sim direcioná-lo para que o paciente
esclareça o homeopata para uma minuciosa pesquisa medicamentosa.Ao ter todo
esse zeloso cuidado, o homeopata terá sucesso em pintar toda a imagem pura da
doença; ele terá diante dele a doença em si, tal como ela é revelada pelos
sinais, sem os quais o homem, que nada conhece salvo por meio dos seus
sentidos, nunca poderia descobrir a natureza oculta de coisa alguma, e tampouco
ele poderia descobrir uma doença. Quando encontramos a doença, nosso próximo
passo é procurar o medicamento com o maior número de similaridade, para assim
fazer o restabelecimento do doente.“ Portanto, a fim de sermos capazes de
curar, necessitamos apenas opor à irritação anormal existente da doença um
medicamento apropriado, quer dizer, uma outra força morbífica cujos efeitos
sejam muito semelhantes àquelas que a doença mostra. É somente por essa
propriedade de produzir no corpo são uma série de sintomas mórbidos
específicos, que os medicamentos conseguem curar doenças, quer dizer, removem e
extinguem a irritação mórbida através de uma adequada contra ação.”(Escritos
Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel Hahnemann”, copilado e
traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 426 “ A Medicina da Experiência”).Sempre tenha
sido um esforço do homem descobrir e explicar a correlação dos vários
constituintes do corpo vivo, e a maneira como reagem uns sobre os outros, e
sobre as forças externas, dizer como eles dão origem àqueles instrumentos vivos
(órgãos) que são necessários para a manutenção da vida, e como, fora os órgãos
necessários, um todo encerrado em si, um indivíduo hígido, é formado e
sustentado, tem se mostrado impossível, tentado explicar isso ou sobre os
princípios da Mecânica, Física e Química, ou sobre as leis dos corpos líquidos
e sólidos no mundo inorgânico; ou pela Gravitação ou Fricção, ou pelo impulso,
ou a vis inertiae [a via da inércia], ou pelas leis da atração e coesão de
inúmeros corpos similares tocando-se mutuamente em muitos pontos, ou da repulsão
de dessemelhantes; nem tem sido explicado pelas formas das substâncias
elementares individuais que compõem o corpo do homem, segundo essas pudessem
ser descritas como planas, ou pontiagudas, ou esféricos, ou espirais, ou
capilares, ou como ásperas ou macias, angulares ou curvas, ou pelas leis da
elasticidade, do poder contrátil e expansivo de substâncias inorgânicas, ou da
difusão da luz e produção de calor, ou de fenômenos magnéticos, elétricos ou
galvânicos, ou pelo modo de operação de substâncias que contêm oxigênio,
hidrogênio, carbono, ou azoto, ou de ácidos, óxidos ou metais, ou de gelatina,
albumina, amido, glúten ou açúcar.Hahnemann nos explica que embora todas as
partes componentes do calabouço humano devam ser encontradas em outras partes
da natureza, elas agem juntas em sua união orgânica, para o pleno
desenvolvimento da vida, e para a quitação das outras funções dos homens, de
uma maneira tão peculiar e anômala (que só pode ser definida em termo
vitalidade) que essa peculiar, vital relação das partes entre si e com o mundo
externo não pode ser avaliada ou explicada por alguma outra regra do que aquela
que provê a si mesma; portanto, por nenhuma das leis conhecidas da mecânica, da
estática ou da química. Todas aquelas teorias, as quais épocas após épocas tem
ressurgido, quando colocadas em contato com a experiência simples, e testada
por meio de um experimento imparcial, sempre tem se mostrado ser de difícil
comprovação e infundadas.“Todavia, a despeito do uniforme desapontamento dessas
inumeráveis tentativas, os fisiologistas e os patologistas gostariam ainda de
retornar à antiga levedura, não porque eles viram qualquer verossimilhança
dessas hipóteses que conduza a descobertas úteis na arte de curar, mas porque
eles implantaram a essência da arte médica, e seu próprio orgulho principal, ao
explicarem muito além do inexplicável. Eles imaginaram impossível tratar
cientificamente os estados anormais do corpo humano(doenças), sem possuírem uma
idéia palpável das leis fundamentais das condições normais e anormais do
arcabouço humano.Esse foi o primeiro e grande engano que praticaram em si
mesmos e no mundo. Esse foi o infeliz conceito que, desde os dias de Galeno até
os nossos, tornou a arte médica um palco para a exibição das mais fantásticas,
amiúde as mais autocontraditórias, hipóteses,explicações, demonstrações,
conjecturas, dogmas, e sistemas, cujas más conseqüências não devem ser vistas
de modo superficial. Mesmo o estudante foi ensinado a pensar que ele era mestre
da arte de descobrir e remover a doença, quando sua cabeça foi abarrotada com
essas hipóteses infundadas, as quais pareciam elaboradas com o propósito
explícito de distrair seus cérebros, e levá-los tão longe quanto possível da
verdadeira concepção de doença e de sua cura.De tempos em tempos, é verdade, um
acúmulo de fatos, amiúde de natureza a prender o observador com o mínimo de
atenção, impôs aos homens a convicção de que a doutrina da estrutura e de
funções do corpo humano no estado de saúde(fisiologia), e das mudanças internas
conseqüentes à degeneração da doença(patologia), derivada de princípios
atômicos e químicos, é errônea; mas ao evitarem esse erro, ainda
desencaminhando pela vã fantasia de que a tarefa da profissão médica era
explicar todas as coisas, eles descambaram para o lado oposto, o mal não menos
perigoso da supertição.Ora os homens criaram para si mesmos algo incorpóreo
imaginário, que guiou e regulamentou todo o sistema em suas vicissitudes de
saúde e doença(Archaeus de Van Helmont, Alma Animal de Stahl); ora eles se gabaram
de ter descoberto o segredo das constituições físicas e dos temperamentos, como
também a origem das doenças particulares e das epidemias, nas constelações dos
astros,em uma influência que emana dos corpos celestes, muitos milhões de
quilômetros distantes; ou (segundo à moderna noção em voga, baseada em antigas
absurdidades) o corpo humano, de acordo com o velho número três místico,
manifestado em um aspecto tríplice, representava uma miniatura do
universo(microcosmo, macrocosmo), e assim, por meio do nosso conhecimento do
grande todo, miseravelmente imperfeito como é, devia ser explicado até os
mínimos detalhes. Aquilo que havia frustrado a límpida Química e a Física, o
nebuloso, o pouco inteligente misticismo e a fantasia frenética foram trazidos
à luz: a antiga Astrologia devia explicar aquela confusa e moderna filosofia
natural. Assim fizeram os líderes das seitas médicas e seus seguidores, sempre
que buscaram analisar a saúde e a doença e sua cura, desviando-se para mais ou
para menos da verdade; e o único uso da pilhas de fólios, in-quarto,in-oitavo,
que custam um lamentável desperdício de tempo e energia, é amedrontar-nos que
todos esses imensos exercícios são nada senão tolices perniciosas.”(Escritos
Menores, Ed. Organon,2006 “Obras Completas de Samuel Hahnemann”, copilado e
traduzido por R.E.Dudgeon. Pág. 467 “ Sobre o Valor Dos Sistemas especulativos
de Medicina”).Léon Denis em seu livro Depois da Morte nos elucidou com uma
clareza de idéias para que possamos verdadeiramente refletir sobre nossos males
que, apesar do progresso da ciência e do desenvolvimento da instrução, o homem
se ignora a si próprio. Sabe pouca coisa das leis do Universo, nada sabe das
forças que estão em si. O “conhece-te a ti mesmo”, do filósofo grego,
tornou-se, para a imensa maioria dos homens, um apelo estéril. Tanto como há
vinte séculos, o ser humano ignora o que é, de onde veio, para onde vai, qual o
fim real da sua existência. Nenhum ensino veio dar-lhe a noção exata de seu
papel neste mundo, de seus deveres e de seus destinos.Ele, nos escreveu que a
Ciência, materialista em seus princípios como em seus fins, com frias negações
e exagerada inclinação para o individualismo, mas também com o prestigio de
seus trabalhos e descobertas.A Religião sem provas e a Ciência sem ideal, engalfinham-se,
combatem-se, sem se poderem vencer, porque cada uma delas corresponde a uma
necessidade imperiosa do homem: uma fala ao coração, a outra dirige-se ao
espírito e à razão. Em torno de numerosas esperanças e de aspirações
derribadas, os sentimentos generosos se enfraquecem, a divisão e o ódio
substituem a benevolência e a concórdia.No meio dessa confusão de idéias, a
consciência perdeu sua bússola e sua rota. Ansiosa, caminha ao acaso e, na
incerteza que sobre ela pesa, o bem e o justo se obscurecem. A situação moral
dos humildes, de todos esses que se curvam ao fardo da vida, tornou-se
intolerável entre duas doutrinas que, como perspectiva às suas dores, como
termo aos seus males, somente oferecem, uma o nada, a outra um paraíso
inacessível ou uma eternidade de suplícios.As conseqüências desse conflito se
fazem sentir por toda parte: na família, no ensino e na sociedade. Tanto a
Ciência como a Religião não mais sabem fortalecer as almas nem armá-las para os
combates da vida. A própria Filosofia, dirigindo-se somente a algumas
inteligências abstratas, abdica a seus direitos sobre a vida social e perde
toda a influência.Para isso só há um meio: achar um terreno de conciliação onde
essas duas forças inimigas, o Sentimento e a Razão, possam unir-se para o bem e
salvação de todos. Todo ser humano tem em si essas duas forças, sob cujo
império pensa e procede; e tal acordo traz às faculdades o equilíbrio e a
harmonia, centuplica os meios de ação e dá à vida a retidão, a unidade de
tendências e de vistas, enquanto as contradições e lutas entre ambos acarretam
a desordem. E o que se produz em cada um de nós manifesta-se na sociedade
inteira, causa a perturbação moral de que ela sofre. Para terminar esse
conflito, é necessário que a luz se faça aos olhos de todos, grandes e
pequenos, ricos e pobres, homens, mulheres e crianças; é preciso que um novo
ensino popular venha esclarecer as almas quanto à sua origem, aos seus deveres
e destinos. Tudo está nisso. Só essas soluções podem servir de base a uma
educação viril, tornar a Humanidade verdadeiramente forte e livre. Sua
importância é capital, tanto para o indivíduo a quem dirigem em sua tarefa
cotidiana como para a sociedade, cujas instituições e relações elas regulam. A
idéia que o homem faz do Universo, das suas leis, o papel que lhe cabe neste
vasto teatro, reflete-se sobre toda a sua vida e influi em suas determinações.
É segundo essa ideia que traça para si um plano de conduta, fixa um alvo e para
ele caminha. Por isso procuraríamos em vão esquivar-nos a tais problemas, pois
eles, por si só, se impõem ao nosso espírito, dominam-nos, envolvem-nos em suas
profundezas e formam o eixo de toda a civilização.
Patricia
Jorge Alves
Terapeuta
Homeopata
Hipnóloga
Condicionativa
Coordenadora
do Curso de Homeopatia em São Paulo
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