Arnica Montana é uma
planta da família das Compostas, chamada vulgarmente de tabaco do Voga ou
Betonia das montanhas, pela propriedade esternutatória das suas flores. É uma
planta vivaz, com rizoma marrom escuro, que cresce especialmente em lugares
úmidos das montanhas, onde florece entre julho e agosto.
É no momento da
floração que recolhemos a planta para preparar o medicamento. Há uma mosca, a
mosca – arnica, que coloca seus ovos na flor da planta, e assim acrescenta suas
propriedades às da planta, propriedades essas irritantes, semelhantes aos
efeitos da “mosca espanhola”. Por isso certas farmacopéias homeopáticas
recomendam preparar a tintura mãe apenas com raízes frescas; outras recomendam
uma boa limpeza das flores e depois a preparação da tintura mãe com a planta
inteira.
Na Homeopatia
emprega-se a planta inteira, inclusive com raízes recolhida no momento da
floração no hemisfério norte.
As flores de Arnica
Montana são empregadas desde a Idade Média para curar e cicatriza as feridas.
Extrai-se de Arnica um
princípio cristalizado de um belo amarelo ouro, sabor acre e amargo, pouco
solúvel na água e de natureza alcalóidica: A Arnicina; uma essência completa,
concentrando éteres, ácido fórmico, acético, isobutírico, assim como uma quinona.
A experimentação
homeopática confirmou a toxicologia, acrescentando os sintomas subjetivos,
fazendo uma síntese completa da ação do remédio. Arnica corresponde em
homeopatia aos traumatismos e suas conseqüências, pelo fato que provoca um
estado hemorrágico, criando em seguida um estado subjetivo de
hipersensibilidade muito grande ao toque como encontramos nos traumatismos: um
órgão contuso fica sensível e doloroso ao toque. Corresponde também ao estado
de intoxicação do organismo que criam os traumatismo. Os tecidos machucados,
contusos ou mesmo destruídos pelo traumatismo, têm suas células dilaceradas ou
esmagadas. A substância intracelular espalha-se pelo organismo sob a forma de
dejetos orgânicos tóxicos e mesmo sépticos; os grandes feridos estando em estado
de choque, quer sejam traumática ou não, porque quando uma doença mesmo
infecciosa, um estado circulatório ou outro, desenvolver este estado de choque,
Arnica será o remédio na Lei de Semelhança. Arnica é mais que um remédio dos
estados traumáticos: pelo seu poder hemorrágico altera profundamente a
circulação. Corresponderá a transtornos circulatórios variados. Agindo sobre o
tecido muscular, podendo corresponder à fadiga, excessos físicos e notadamente
à hipertrofia do coração, causadas por excessos físicos ou conseqüência de uma
hipertensão. Associando o estado hemorrágico, o esforço cardíaco e o transtorno
circulatório na sua sintomatologia, torna-se um remédio da hipertensão e suas
conseqüências: congestão, hemorragia cerebral, hemiplegia e mesmo coma. O coma
é de qualquer forma resultado de um traumatismo; Arnica se junta com Opium,
Glonoinum e mesmo outros remédios deste estado. Além de ser um remédio dos
traumatismos, será um grande remédio dos transtornos musculares, das
hemorragias, da hipertensão, do coma, das doenças infecciosas em certos estados
e mesmo um remédio mental quando o sujeito apresentar de uma forma marcada a
mentalidade particular que corresponde a esses estados.
Arnica Montana age
efetivamente nos músculos e no tecido celular. Pela sua influência especial
sobre a fibra muscular, determina alterações na circulação arterial e capilar,
pelos quais se explica sua ação nas vísceras e particularmente no cérebro e no
bulbo.
Afeta de tal forma os
vasos sanguíneos e especialmente os capilares, que sua dilatação e o
extravasamento sanguíneo tornam-se possíveis. Produz no organismo quadros
semelhantes aos que resultam de uma contusão ou traumatismo e é útil sobretudo
nos casos onde o traumatismo , mesmo curado, parece ser a causa dos problemas
existentes. O remédio está imperiosamente indicado após uma contusão ou
desgaste excessivo de um órgão, um esforço muscular, quando o corpo e os
membros doem como se tivessem sido golpeados ou que a cama fosse muito dura.
Na sua patogenesia
Arnica Montana produz sob a pele equimoses como as que vemos após uma contusão
e favorecem a reabsorção do sangue extravasado, evitando a supuração. Está
especialmente indicado quando um traumatismo anterior é a causa primitiva da
doença que afeta o indivíduo. Após um traumatismo ou excesso do uso algum
músculo ou uma entorse.
Em uma contusão, arnica
será o primeiro, mas para a fraqueza dos tendões, podendo seguir um quadro
semelhante, Rux Toxicodendron será seu complementar.
Se a fraqueza e
sensibilidade dolorosa persistirem nas articulações, após Rux Toxicodendron,
estará indicado Calcarea ostrearum.
DOSE INTOXICANTE
Vê-se aparecer
simultaneamente transtornos digestivos, nervosos e circulatórios. Há esforços
de vômitos, uma ansiedade extrema, um sentimento de constrição no diafragma, em
seguida sobrevém uma dispnéia mais ou menos intensa, delírio, abaixamento da
velocidade do pulso que se torna cheio; em seguida suores frios, hemorragias,
dejeções sanguinolentas, movimentos convulsivos dos membros e mesmo tremores de
todo o corpo.
TOXICOLOGIA
A Arnica é segundo
Richaud um veneno paralisante medular cuja ação aproxima-se um pouco do extrato
fluido, em injeção subcutânea, matam uma cobaia. Em doses mais elevadas no
homem, produz náuseas, vômitos e hemorragias. Cazin estudou bem os efeitos
tóxicos de Arnica; segundo ele, os efeitos primários consistem em uma viva
irritação digestiva; os efeitos secundários em uma excitação do cérebro e do
sistema nervoso. Se a dose intoxicante é mais forte, vê-se aparecer
simultaneamente transtornos digestivos, nervosos e circulatórios. Há esforços
de vômitos, uma ansiedade extrema, um sentimento de constrição do diafragma, em
seguida sobrevém uma dispnéia mais ou menos intensa, delírio, abaixamento da
velocidade do pulso que se torna cheio; em seguida suores frios, hemorragias,
dejeções sanguinolentas, movimentos convulsivos nos membros e mesmo tremores em
todo o corpo.
Envenenamento pela Arnica se apresentará de
três maneiras, conforme Charette:
Desencadear crises de
espirros, por isso é também conhecida pelo nome de Tabaco dos Voges ou Betonia
das montanhas.
Forma Gastrointestinal:
câimbras estomacais, náuseas, diarréia coleriforme; sintomas nervosos de
sonolência, vertigens , tremores e até convulsões. Vômitos.
Forma Nervosa: coma com
perda completa do conhecimento; convulsões tônicas, com contrações fibriliares.
Paraplegia.
Forma cardíaca: Pressão
dolorosa retro – esternal, com angústia, diarréia, parada cardíaca, pulso fino
e irregular. Produz sob a pele equimoses como os resultantes de uma contusão,
queda; favorece a reabsorção de sangue extravasado, evitando a supuração.
Transtornos por cólera,
más notícias, excitação emocional, susto, pena, apuro, raiva, perdas
econômicas. Sensibilidade a todas as impressões externas, à dor, ao ruído.
Assusta-se com facilidade, por trivialidades. Irritável.
Principal medicamentos
dos traumatismos, contusões e golpes, principalmente de partes moles,
acompanhadas de extravasamento sanguíneo.
É útil após uma
extração
dentária e para deter a hemorragia. Será útil
para reabsorver os hematomas e para a cicatrização das fraturas, sempre
provocadas por traumatismo.
Intervenções cirúrgicas
que são sempre traumatizantes para o organismo e após um parto.
Pessoas que ficam em
estado de choque por motivos diversos, podendo chegar a uma prostração ,
inconsciência ou coma.
O esforço cardíaco e o
transtorno circulatório. Torna-se um medicamento para hipertensão e suas
conseqüências: congestão, hemorragia cerebral, hemiplegia, comoção cerebral,
meningites de origem traumática; fraturas no crânio; quando suspeitam de
extravasamento sanguíneo.
Em situações de Stress,
susto e sobressalto por trivialidades inesperadas; hipersensibilidade ao
extremo; traumatismo físico fechado (aberto dê Calendula); traumatismos oculares (Ledum Palustre); afonia
dos oradores, fadiga, esforço físico bem como mental.
Arnica Montana cresce
nas montanhas(sobre as pedras). Adapta-se bem as pessoas rudes, duras e
ásperas, pouco afeitas ao contato e a conversa. O Paciente Arnica pode ser uma
pessoa dura, autoritária e ególatra, acredita saber tudo melhor que ninguém e,
portanto, não tem nada que aprender. É orgulhoso, violento e temerário.
Sente que a cama é
muito dura(assinatura do medicamento, arnica cresce nas montanhas entre as
pedras). Tem a sensação que o corpo está machucado, dolorido e cansado. Não
quer que o toquem, temor de ser tocado, nem sequer quer se aproximem.
Hipersensibilidade está relacionada com os temores ao dano, à injúria, a que
passe algo. A consciência exagerada de sua gravidade e ao mesmo tempo a negação
pelo temor da mesma com a indiferença, condicionam o estado de alerta de
Arnica.
Arnica é útil quando a
mulher tem uma hipersensibilidade excessiva aos movimentos do feto, sendo
dolorosos e insuportáveis.
O sono e a mentalidade
de um doente são sempre reflexos de seu estado físico. O nosso psiquismo acaba
sempre se colocando em diapasão com as nossas misérias corporais. Um
traumatizado, machucado, contuso, temendo que o toquem, começa por dormir mal,
não podendo permanecer deitado no mesmo lugar, agitando-se e mexendo-se
constantemente procurando uma posição melhor. Seu sono será agitado, cheio de
pesadelos e sonhos penosos( trauma de um acidente, susto, perda, assalto);
podendo ocorrer terrores noturnos, podendo gerar palpitações cardíacas É
próximo de Opium pelos maus efeitos do medo. O mental ficará impregnado de
tristeza podendo criar um grande vácuo em seu mental bem como no emocional.
Afecções da Bexiga pós
traumáticas ou pós operatórias.
O Fundo Psórico de
Arnica, apresenta uma hipersensibilidade, insegurança, temor da morte. Temem o
infortúnio e divide com Argentum Nitricum o temor que caiam paredes e edifícios
em cima. Temem o infortúnio que para ele seria morrer subitamente e de um
golpe. É sensível a todo choque, movimento ou exercício, a leitura e reflexão.
Naturalmente é muito
sensitivo, sem dúvida sua aguda sensibilidade mental se volta muito exagerada;
e as emoções mentais lhe provocam cefaléia, que lhe traz irritabilidade;
sobressaltos; aqui vemos claramente sua angústia existencial, o sofrimento de
um medicamento que perde sua agilidade física e mental e agora sofre por ter
que executar tarefas com limitações mentais e físicas.
Arnica tem a impressão
de que a vida já lhe deu uma grande pancada. Ou ainda em Hahnemann quando diz: “Tem
sonhos a respeito de pessoas escoriadas que resultam muito aterrantes”.
Desconforto da Mente e
do Corpo como se estivesse evitando fazer algo que é extremamente necessário,
acompanha total falta de disposição para realizar qualquer tipo de trabalho.
Sensação de não ser bom pra nada, falta de esperança. Apreensão por males
futuros. Bagatelas inesperadas lhe assustam. Horror de morte instantânea, com
angústia cardíaca à noite. Medo de ser atingido por aqueles que vêm em sua
direção.
Na sua defesa Sicótica,
com sintomas reativos como esquecimento, o que acabou de ler, escapa de sua
memória,esquecendo as palavras que está por dizer; apresenta uma alegria
irreflexiva com grande frieza e picardia; arrogância e atrevimento. Diz que não há nada
de problema com ele. É contraditório, nada pode ser feito para satisfazê-lo.
Obstinado e “cabeça dura”, resiste a opinião dos outros. Rabugice, deseja todo
tipo de coisa e posteriormente as repele. Só ele sabe!
No Sifilinismo:
desgosto pelo trabalho, aversão ao trabalho mental. Recusa-se a responder, não
gosta de simpatia. Sente indiferença por suas ocupações.
Inconsciente quando lhe
falam, indolência, indiferença às ocupações. Se sente inútil, não pensa em
nada.
A claudicação do
intelecto configura o clássico sintoma observado nos estados de perda de
consciência: “O estupor retorna rapidamente depois de responder”. O enfermo
responde corretamente as perguntas que lhe formular, mas muitas vezes não
termina a resposta e cai de novo no estupor.
Uma Planta que nasce nas montanhas, na pedra, parecendo sensível, singela, flores pequenas com caules finos e longos com facilidade de quebra, e que guarda em sua assinatura um grande poder curativo!
Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata
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