Temos
assinalado a existência, no homem, de enorme quantidade de ações vitais,
completando-se simultaneamente, e trabalhando cada órgão com autonomia própria,
mas fiéis à comodidade e solidárias no conjunto de que são partes.O
papel do sistema nervoso na vida orgânica é dos mais importantes; mas qual o
papel representado pelas diferentes partes desse sistema? Os gânglios
simpáticos são centros ou somente aparelho de reforço? O que há de certo é que
o grande simpático, transmite muito rapidamente a periferia às impressões
centrais que agitam o órgão da inteligência. A rapidez com que nossos rostos se
cobrem de rubor ou de palidez, segundo a natureza e a força das impressões
recebidas. Os nervos simpáticos entram em jogo, após excitação recebida do
centro intelectual, dilatando ou contraindo as artérias da face.Entre
os agentes vitais ou excitadores da matéria viva, determinando o movimento
consciente voluntário. Pelo fato de dobrar um dedo, o primeiro tempo deste ato
tem lugar na camada cortical das células da parte anterior dos lóbulos
cerebrais(volição). As células nervosas da camada cortical enviam a excitação
através das fibras brancas da coroa radiante aos núcleos centrais do hemisfério
oposto; pelas fibras centrífugas, ou por um movimento retrógrado, reenviam o
influxo às células, no ponto de localização correspondente aos movimentos do
membro superior. O fluído nervoso que deve excitar as fibras musculares do antebraço
a entrarem em contração, repassa pelos núcleos centrais, para daí descer à
medula alongada, à medula espinhal, e aos nervos do plexo branquial, até aos
músculos flexores colocados no antebraço, do qual um feixe, contraindo-se
produz a flexão do dedo que procuramos mover.A experiência
permitiu a Helmholtz calcular a velocidade do fluido. A corrente nervosa, ou a
onda vibratória nervosa, percorre os nervos com uma velocidade de 20 a 30
metros por segundo. Em outros termos, uma excitação produzida à origem de um
nervo motor, se este tivesse o comprimento de 30 metros, gastaria um segundo
para fazer contrair os músculos situados na outra extremidade deste nervo. O
mesmo sucederia, fica entendido, com um nervo sensitivo; somente a onda ou
corrente nervosa seguiria marcha inversa, isto é, centrípeta. Como se vê, é uma
velocidade pouco considerável, principalmente comparada à da eletricidade.
O que parece
indicar que os diferentes movimentos da energia nervosa, neste caso particular,
devem seguir o trajeto no cérebro, partindo de um centro volitivo, é que um homem atacado de uma paralisia da metade
do corpo (hemiplegia), embora seja incapaz de fazer agir os centros motores
cerebrais destruídos, possui ainda a faculdade de querer o movimento dos membros que, embalde, ele se esforça por
produzir. Este fato permite supor que a vontade tem sua sede independente, e
que não se acha localizada mais especialmente em um hemisfério central do que
em outro. O mesmo acontece com a consciência.Tal
coordenação de elementos tão diversos é obtida mediante os diferentes sistemas
nervosos, cuja rede abarca todo o corpo.Inútil
lembrar, longamente, que todos os órgãos da vida, vegetativa - coração, vasos,
pulmões, canal intestinal, fígado, etc. -, por estranhos que sejam uns aos
outros e por absorvidos que pareçam em suas necessidades peculiares, estão,
contudo, jungidos a estreita solidariedade, devida aos sistemas
grande-simpático e ganglionário, cuja ação regular escapa à vontade.Para
que as funções se completem, sem tréguas, importa exista uma estabilidade que
mal se ajusta à mobilidade característica dos atos voluntários.Entretanto,
este sistema não fica isolado no ser; revela-se ao espírito por sensações de
bem ou mal-estar, quais a fome e a sede, e, às vezes, por impressões mais
nítidas, quando a enfermidade atinge um órgão.Os
fenômenos gerais da vida orgânica têm como regulador o sistema nervoso
cérebro-espinhal, isto é, os nervos sensitivos, os motores, a coluna vertebral
e o cérebro.A
fisiologia tem estudado e demonstrado as respectivas funções desses órgãos.
Chegou-se a isolá-los por diferentes processos, reconhecendo-se que a vida
psíquica tem um território bem determinado. Onde situar a sede da atividade
psíquica?A
experiência fornece-nos, a propósito, indicações precisas. Tomemos qualquer
vertebrado inferior, uma rã por exemplo. Vemo-la saltar, coaxar, tentar fugir;
sua atividade cerebral, por mais restrita que a suponhamos, se exerce por
movimento de luta e defesa, numa agitação incessante.Pois
bem: - podemos, de chofre, suprimir todas essas manifestações, bastando
destruir, a estilete, o sistema nervoso central.
Muda-se
logo a cena. O animal que gritava, saltava, debatia-se, defendia-se, tornou-se
massa inerte, que nenhuma excitação pode revelar. Não mais movimentos, nem
espontâneos nem reflexos.Entretanto,
o coração continua a bater, e os nervos e músculos motores são excitáveis pela
eletricidade: - todos os aparelhos, todos os tecidos estão vivos, salvo o
aparelho central destruído.Suprimiu-se
o aparelho adequado às manifestações intelectuais, o princípio inteligente não
mais pode utiliza os fenômenos psíquicos desapareceram.O
nervo motor que põe em relação cérebro e músculos devem conduzir algo da célula
central a esse músculo que se contrai à sua influência. Por idêntica maneira, a
sensação, carreada pela fibra nervosa sensível, deve ser transmitida por algo
que modifica o estado da célula central.Podemo-nos
determinar a natureza desse algo e dizer o que ele seja? Questão posta tantas
vezes, ainda não pôde ser deslindada. No intuito de forrar-se a embaraços,
comumente se apela para a ação do nervo. Mas, quem diz ação nervosa não aclara
grande coisa quanto à natureza dessa tal ação.Os
físicos pretenderam, contudo, reduzir essa influência a um agente físico outro,
e era, então, a eletricidade que se apresentava naturalmente, de vez que,
quando se subtrai um músculo à influência da vontade transmissível pelo nervo
motor, pode-se, perfeitamente, substituir esta ação pela eletricidade.Entretanto,
essa teoria é indemonstrável no estado atual da ciência . Interrompido o filete
nervoso, por seccionamento, a corrente elétrica ainda continuará pelas partes
condutoras convizinhas, ao passo que a menor lesão, fisiológica ou anatômica,
impede a influência nervosa de transmitir-se ao músculo.A
influência nervosa é, pois, uma ação especial, um agente fisiológico distinto
de qualquer outro. Difere da força vital, como vimos na experiência da rã, cuja
vida vegetativa e movimentos automáticos persistem, apesar da supressão da
influência neuropsíquica, tal como sucede aos membros paralisados que
continuam vivos, não obstante subtraídos à influência da vontade.Os
trabalhos de Crookes e de Rochas demonstraram, experimentalmente, a existência
dessa força nervosa.O
célebre físico inglês publicou as investigações feitas com Honre.Utilizando
instrumentos de mensuração, exatos quão delicados, ele mediu essa força
atuante sobre objetos inanimados sem contacto visível.Com A. de Rochas, vimos
como essa força pode exteriorizar-se, confirmando, assim, as experiências de
Crookes.Há,
portanto, uma notável progressão entre a evolução do principio inteligente e as
forças que lhe servem para manifestar-se no organismo vivo. Nos seres
inferiores, nos quais não há funções diferenciadas, só a força vital se
revela; mas, com o desenvolvimento do organismo e a especificação das
propriedades protoplásmicas, aparece o regulador, o coordenador das ações
vitais: o sistema neuroganglionar, sempre acionado pela força vital. Finalmente,
prosseguindo a evolução, os fenômenos da vida psíquica assumem importância mais
a mais crescente, o sistema cérebro-espinhal organiza-se e surge uma
diferenciação especial da energia: - a força nervosa, que afetará
especialmente a vida intelectual.Mais
tarde, veremos o papel que ela representa na vida psíquica, e como as suas
modificações determinam os estados sonambúlicos e as alterações outras na
personalidade.É
a alma que condiciona o corpo, isto é, que o modela sob um plano preconcebido,
tanto quanto o dirige por meio do perispírito.A
forma humana, ressalvadas as alterações próprias da idade, conserva o seu tipo,
apesar do afluxo incessante de matéria que passa pelo corpo. Destarte,
assemelha-se a uma rede, entre cujas malhas se insinuam as moléculas. Esse
retículo fluídico contém, igualmente, as leis do mecanismo vital, e fica
estável através do turbilhão das ações físico-químicas, que destroem e
reconstroem, incessantemente, o edifício orgânico.Compõe-se,
portanto, o ser humano de três elementos distintos: a alma com o seu
perispírito, a força vital, e a matéria.A
força vital representa aqui um duplo papel: dá ao protoplasma suas
propriedades gerais, e ao perispírito o grau de materialidade necessária para
que ele possa manifestar as leis que oculta, enfim, fazendo-as passar da
virtualidade ao ato.A
grande autoridade de Claude Bernard, a quem consultamos muitas vezes, vem,
ainda neste ponto, confirmar a nossa forma de ver. Eis como ele se exprime em
seu livro - Investigações sobre os problemas da Fisiologia:“Há
- diz - como que um desenho vital, que traça o plano de cada ser e de cada
órgão; de sorte que, considerado isoladamente, cada fenômeno orgânico é
tributário das forças gerais da natureza, a revelarem como que um laço
especial, parecendo dirigidos por alguma condição invisível na rota que
perseguem, na ordem que as encadeia”.“Assim
é que as ações químico-sintéticas da organização e da nutrição se manifestam
como se fossem animadas por uma força impulsiva governando a matéria; fazendo
uma química apropriada a um fim, e pondo em jogo os reativos cegos dos
laboratórios, à maneira dos próprios químicos”. "E essa potência de evolução, imanente no
óvulo, que nos limitamos a enunciar aqui, que constituiria, só por si, o “quid
proprium” da vida; pois é claro que essa propriedade do ovo, a produzir um
mamífero, uma ave, ou um peixe, não é nem física, nem química."O
Dr. Thales Onofri de Oliveira, Médico Homeopata escreveu em seu livro
Homeopatia e Espiritismo, editora Inede, 3ª edição, 2010, junto com outros
colegas médicos mostrando cientificamente e desmistificando a crença errônea
que nos dias de hoje muitos cientistas riem da notável existência da alma e sua
imortalidade. Quão orgulhosos e cegos a medicina vem se alastrando com pilares
não construídos dentro de bases sólidas, nos explica que: Aparições
materializadas tem sido fotografadas em presença de numerosas testemunhas como,
o espírito de Katie King, em casa de William Crookes, os espíritos de Iolanda e
Leila, na da Sra. D’ Esperance, e o Abdullah, fixado na placa sensível de
Aksakof.E
o que dizer de inúmeros fenômenos espíritas catalogados por diferentes
pesquisadores, quais os moimentos de corpos pesados, tanto por contato sem
força mecânica, quanto os colocados a certa distância do médium; mesas e
cadeiras elevadas do chão sem ninguém lhes tocar, elevação de corpos humanos,
aparições, materializações luminosas, aporte e transporte de objetos diversos,
a escrita direita e tantos outros que se repetiram com incrível regularidade em
muitos laboratórios de pesquisa espalhados pelo Planeta? Todos atestam a
existência de uma força de caráter inteligente, estranha ao meio, aos
experimentadores e testemunhas, capaz de atuar sobre a matéria por intermédio
da força nervosa do médium, um fluido animal especial chamado ectoplasma.Ainda
no que concerne ao atestado da sobrevivência da alma, vale citar as
experiências de incorporação de mais de cento e vinte entidades diferentes, ao longo
de doze anos de observações, pela mediunidade da Sra. Piper e assinaladas pelo
Sr. Hodgson, que inicialmente cético, teve que se curvar à evidência dos fatos,
referendando a veracidade dos mesmos. Participaram dessas experiências: C. W.
Elliot, Presidente da Universidade de Harvard; William James, Professor de
Psicologia da Universidade de Harvard; Newbold, Professor de Psicologia da
Universidade da Pensilvânia; além do Professor Hyslop da Universidade de
Columbia, Nova York.A
respeito deste último, vale salientar que sendo cético, no intuito de comprovar
a veracidade do fato, apresentou-se com um nome falso, e vestindo uma máscara
preta, tornando impossível toda e qualquer tentativa de identificação, além de
abster-se de pronunciar uma única palavra durante as sessões. Inumeráveis
experimentos foram desenvolvidos na Europa e América. Vale ressaltar os
trabalhos do Congresso de Psicologia de Paris, em 1900, em que várias sessões
foram consagradas aos estudos dos fenômenos espirituais. Personalidades eminentes
como os Drs. Paul Gibier, diretor do Instituto Anti Rábico de Nova York,
Darieux, diretor dos Annales dês Sciences Psychiques, Encausse, Joire, Pascal,
Charles Richet, professor da Faculdade de Medicina e diretor da Revue
Scientifique, o Coronel de Rochas, Cammille Flamarion, o Dr. Duclaux, diretor
do Instituto Pasteur; Sully-Prudhomme, Foullieè, Bérgson, Séailles, entre
outros, ali estavam presentes, seja apresentando os trabalhos, seja
comprovando-lhes a idoneidade.
Esses fatos fizeram com que Léon Denis: ( 1 de janeiro de 1846 - Tours, 12 de Março de 1927) foi um filósofo espírita e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a idéia da sobrevivência da alma e suas conseqüências no campo da ética nas relações humanas. Autodidata, tendo mostrado inclinações literárias e filosóficas, aos 18 anos travou contato com O Livro dos Espíritos e tornou-se adepto da Doutrina Espírita. Desempenhou importante papel na sua divulgação, enfrentando as críticas do positivismo materialista, do ateísmo e a reação do Catolicismo. Foi ainda membro atuante da Maçonaria. Escreveu:
“Seja qual for a parte que se atribua às exagerações, fraude ou embuste, do conjunto desses estudos se destaca um número tão importante de fatos e de provas que já não é lícito, depois disto, a quem preze a verdade, permanecer silencioso ou indiferente. Passou o tempo das ironias levianas. O desdém não é uma solução. É preciso que a ciência se pronuncie pois o fenômeno está aí, revestindo tantos aspectos, multiplicando-se de tal modo que se impõe a sua atenção. A alma livre e imortal, não mais se firma como entidade vaga e ideal, mas como um ser real, associado a uma forma e produtor de uma força sutil cuja manifestação constante solicita a atenção dos investigadores.”
A vida resulta,
portanto, evidente da união da força vital com o perispírito, dando aquela a
vida, propriamente dita, e este as leis orgânicas, concorrendo à alma com a
vida psíquica.
Destes
três fatores, só um é sempre e por toda parte identifico - a vida. O Espírito,
transitando pela matéria vivente, e as primitivas eras do mundo, conseguiram,
paulatinamente, a transformação progressiva e aperfeiçoada. Cremos seja ele o
agente de evolução das formas orgânicas e, daí, a razão do rito,
conservando-lhe as leis. Nem foi senão lentíssima e progressivamente que essas
leis se lhe incrustaram na contextura.Havemos
de ver de que modo um movimento, voluntário de início, pode tornar-se habitual,
maquinal, e, por fim, automático e inconsciente . Este o lado fisiológico. A mesma coisa ocorre
com as manifestações intelectuais, dado o paralelismo das duas evoluções. e difícil,
em primeiro lugar, representam umas matérias fluídicas, invisíveis,
imponderáveis, agindo sobre a matéria, para ordená-la mediante leis; nada
obstante, podemos encontrar analogias que permitem fazer uma idéia, assaz
aproximada, dessa espécie de ação. Conhecemos em física um instrumento chamado
eletroímã, que nos vai servir de comparação. Compõe-se ele, principalmente, de
um cilindro de ferro destemperado e dobrado em forma de ferradura, à volta do
qual se enrola, à direita e à esquerda dos respectivos ramos, um longo fio de
cobre isolado. As extremidades de ferro chamam pólos do eletroímã.Fazendo
passar uma corrente elétrica no fio de cobre, o ferro se imanta e conserva essa
propriedade por tanto tempo quanto dure a ação elétrica. Se voltarmos o aparelho
de modo a ficarem os pólos no ar, colocando por cima um cartão delgado e
polvilhado com limalha de ferro, veremos que esta se ordena espontaneamente em
linhas regulares, a formar desenhos variáveis e correspondentes à forma dos
pólos. A essas figuras deu-se o nome de fantasma ou espectro magnético, e às
aglomerações de limalha chamaram-se linhas de força, por isso que traduzem
objetivamente a ação dás forças magnéticas.Temos,
assim, um exemplo material do que ocorre com todo ser animado.Umas
forças invisíveis, imponderáveis - o magnetismo - agindo sem contacto sobre a
matéria - a limalha. Em nosso tempo, a eletricidade representa o papel da força
vital, o eletroímã o do perispírito, e a limalha representam as moléculas
componentes dos tecidos orgânicos.Podem
formar-se no ímã pólos secundários, chamados pontos conseqüentes, de sorte que
também eles produzem espectro secundários, que, misturando-se aos primeiros,
originam as mais complicadas figuras.O
magnetismo é bem uma força imponderável, pois que um ímã capaz de elevar um
peso vinte e três vezes maior que o seu, nem por isso pesa mais do que antes de
ser imantado.Comparando-se
a ação do perispírito sobre a matéria à do eletroímã sobre a limalha, podemos
fazer uma idéia do seu modo operatório. Concebe-se que lhe seja possível
modelar a substância do ser embrionário, de feição a imprimir-lhe a forma
exterior, fadada ao tipo específico, ao mesmo tempo em que facetar os órgãos
interiores: - pulmões, coração, fígado, cérebro, etc., propiciados às funções
vitais.O
espectro magnético não forma senão um desenho no cartão, desenho que figura um
agregado feito na esfera da influência magnética; entretanto, se pudéssemos
dispor, em torno dos pólos e em forma de leque, uma série de cartões, veria o
espectro magnético a estender-se e a formar um campo magnético em todas as
direções. É o que se dá com o perispírito, com a só diferença de serem internas
as suas linhas de força, ou, por melhor comparar: - o corpo físico é o espectro
magnético do perispírito.São
simples os desenhos formados pelos pólos do eletroímã, porque simples é o
movimento molecular do ferro. No envoltório fluídico, esse movimento é muito
complexo, e, daí, uma grande diversidade nos seres vivos. Da mesma forma que a
ação magnética se mantém enquanto a corrente elétrica circula no fio de cobre,
mantém-se vivo o corpo enquanto haja força vital animando o perispírito.Podemos
levar ainda mais longe a analogia. As propriedades magnéticas do ferro brando
permanecem latentes, enquanto à eletricidade não as desperta, orientando as
moléculas metálicas.Assim,
dormitam, também, as propriedades organogênicas do perispírito, por assim
dizer, enquanto a alma pervaga no espaço
e não se tornam ativas senão sob a influência da força vim. A razão aí
está de poderem os Espíritos, em suas manifestações, reconstituir um corpo
temporário, acionando o mecanismos perispiritual, desde que um médium lhes
forneça a força vital e a matéria indispensável a essa operação.Temos,
em suma, que uma força imponderável - a eletricidade - determina, por indução,
o nascimento de outra força imponderável - o magnetismo -, que tem ação
diretiva sobre a matéria bruta. No ser vivente, a força vital age sobre o
perispírito e este pode, então, desenvolver suas propriedades, que são, qual o
vimos, a formação e reparação do corpo físico.Como
o perispírito é matéria, tem forma bem determinada e é indestrutível, podemos
conceber-lhe modificações sucessivas de movimento atômico, correspondendo a
modificações e complicações cada vez maiores no seu modus operandi. Por outras
palavras, vale dizer que, começando por organizar formas rudimentares, pôde,
após longa evolução de milhões de anos e de inumeráveis reencarnações, dirigir
organismos mais e mais delicados e aperfeiçoados, até chegar aos humanos. Alma
e perispírito formam um todo indivisível, constituindo, no conjunto, as partes
ativa e passiva, as duas faces do princípio pensante. O invólucro é as partes
materiais, a que tem por função reter todos os estados de consciência, de sensibilidade
ou de vontade; é o reservatório de todos os conhecimentos, e, como nada se
perde na natureza, sendo o invólucro indestrutível, a alma tem memória integral
quando se encontra no espaço.O
perispírito é a idéia diretora, o plano imponderável da estrutura orgânica. É
ele que armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as volições e
idéias da alma. E não somente incrusta
na substância todos os estados anímicos determinados pelo mundo
exterior, como se constitui a testemunha imutável, o detentor indefectível dos
mais fugidios pensamentos, dos sonhos apenas entrevistos e formulados.E,
enfim, o guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado. Em sua
substância incorruptível, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento,
tornando-o, por excelência, o conservador, de nossa personalidade, por isso que
nele é que reside a memória.A
alma jamais abandona o invólucro, sua túnica de Nesso, mas bálsamo consolador
também.Desde
períodos multimilenares em que a alma iniciou as peregrinações terrestres, sob
as formas mais ínfimas da criação, até elevar-se gradativamente às mais
perfeitas, o perispírito não cessou de assimilar, por maneira indelével, as
leis que regem a matéria, pois à medida que o progresso se realiza as criações
multifárias do pensamento formam bagagem crescente, qual tesouro incessantemente
abastecido. Nada se destrói,tudo se acumula nesse perispírito tão imperecível e
incorruptível como a força ou a matéria de que saiu. Os espetáculos maravilhosos
que nossa alma contempla, as harmonias sublimes que se dilatam nos espaços
infinitos, os esplendores da arte, tudo se fixou em nós, e nós para sempre
possuímos o que pudemos adquirir. O mínimo esforço é levado mecanicamente ao
nosso ativo, nada se perde, e assim é que lenta, mas seguramente, galgamos a
escada do progresso.Com
a morte do homem, quando o despojo mortal se lhe decompõe; quando os elementos
que o conformaram entram no laboratório universal, a alma subsiste integral,
completa, conservando o que fez sua personalidade, isto é, a memória, e, o que
mais é: - não apenas a da última encarnação, porque a de todas as que tenha
experimentado.Panorama
imponente e severo que se lhe desenrola à vista, no qual ela pode ler os
ensinamentos do passado e discernir os deveres do futuro.Agora,
queremos estabelecer como pôde o perispírito adquirir as suas propriedades
funcionais, passando e repassando em sucessivas reencarnações pelo tamis da
animalidade.Preciso
é, portanto, demonstrarmos a unidade do princípio pensante no homem e no
animal, e estabelecermos que não há transições bruscas entre um e outro; que a
lei de continuidade não se interrompe, que o homem não constitui um reino à
parte no seio da natureza, e que só mediante uma evolução contínua, por
esforços consecutivos, chega a atingir o ponto culminante na criação.
Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata
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