“Cada
vez que uma grande revelação se apresenta no domínio das Ciências, o
descobridor ou o iniciado vê logo coligados ou supostos depositários da lei
divina e os intitulados oráculos dos conhecimentos vulgares ou ciência oficial,
em guerra aberta contra o que chamam inovações. Ridicularizada e proscrita, só
muito mais tarde é que a Verdade penetra na cidadela dos idólatras das idéias
aceitas.”
Paul Gibier
Todo
conhecimento finito e todo entendimento da criatura são relativos. A
informação e os ensinamentos, ainda que colhidos de fontes elevadas, são apenas
relativamente completos: precisos apenas em relação ao local e verdadeiros para
a pessoa.
Os
fatos físicos são suficientemente uniformes, mas a verdade é um fator vivo e
flexível na filosofia do universo. As personalidades em evolução são apenas
parcialmente sábias e relativamente verazes, nas suas comunicações. Podem estar
certas apenas dentro dos limites da sua experiência pessoal. Aquilo que, pela
aparência, pode ser totalmente verdadeiro em um lugar, pode ser apenas
relativamente verdadeiro em outro segmento da criação.
A
verdade divina, a verdade final, é uniforme e universal, mas a história das
coisas espirituais, como é contada por inúmeros indivíduos, procedentes de
várias esferas, pode, algumas vezes, variar quanto aos detalhes, devido a essa
relatividade na totalização do conhecimento e na abrangência da experiência
pessoal, bem como na duração e no alcance dessa experiência. Conquanto as leis
e os decretos, os pensamentos e as atitudes da Primeira Fonte e Centro sejam
eterna, infinita e universalmente verdadeiros, ao mesmo tempo, a sua aplicação
e os ajustamentos que recebem, em cada universo, sistema, mundo, e inteligência
criada, estão de acordo com os planos e a técnica dos Filhos Criadores, quando
atuam e funcionam nos seus universos respectivos, tanto quanto em harmonia com
os planos locais e os procedimentos do Espírito Infinito e de todas as outras
personalidades celestes coligadas.
A
falsa ciência do materialismo sentenciaria o homem mortal a reduzir-se a um
marginal no universo. Tal conhecimento parcial é potencialmente um mal; é
conhecimento que se compõe, tanto do bem, quanto do mal. A verdade é bela,
porque é tanto completa quanto simétrica. Quando o homem busca a verdade, ele
está buscando o divinamente real.
Os
filósofos cometem o seu mais grave erro quando são conduzidos à falácia da
abstração e à prática de focalizar a sua atenção em um aspecto da realidade e
de proclamar, então,um tal aspecto isolado como sendo a verdade inteira. O
filósofo sábio irá sempre recorrer ao projeto da criação que está por trás e
que é preexistente a todos os fenômenos universais. O pensamento criador,
invariavelmente, precede à ação criadora.
A
autoconsciência intelectual pode descobrir a beleza da verdade e a sua
qualidade espiritual, não apenas pela consistência filosófica dos seus
conceitos, mas, ainda mais certa e seguramente, pela resposta inequívoca do
sempre presente Espírito da Verdade. A felicidade vem como conseqüência do
reconhecimento da verdade, porque esta pode ser factual, pode ser
vivenciada. O desapontamento e a tristeza advêm após o erro, porque, não sendo
este uma realidade, não pode ser factualizado pela experiência. A verdade
divina é mais conhecida pelo seu aroma espiritual.
O
MACROCOSMO
Entre
notáveis trabalhos de pesquisas o Dr. Paul Gibier,de 1882 a 1884, constam nos
anais da Academia de Ciências, a descoberta do micróbio da raiva, concorrendo
para a celebridade deste predileto discípulo de Pasteur. A sua memória sobre
hidrofobia e seu tratamento, a Faculdade Médica de Paris concedeu a mais
elevada recompensa que se pode dar às teses (1884).
Não
limitemos a Ciência ao quadro do seu saber, indaguemos ao mais alto nível de
compreensão. Interroguemos a nós mesmos o porque estamos neste planeta e que
força nos conduzimos até aqui.Depois que nos libertarmos nosso pensamento da
ação do peso, a fim de nos emanciparmos da servidão que nos liga à Terra,
seguiremos com os olhos bem abertos para o novo.
Iniciamos
com a afirmativa: Matéria e Energia, constitui o Universo Animado.
Cada
período terrestre, de aproximadamente vinte e cinco mil e alguns centos de anos,determinado
pelo fenômeno astronômico conhecido sob o nome de precessão dos equinócios,
cataclismas são acometidos com grande intensidade. Mudanças de inclinações do eixos
dos pólos, deslocando às águas, que em razão de sua fluidez, tendem
naturalmente a correr para o lado onde são mais atraídas, como o prova o
fenômeno das marés.Blocos de gelos despedaçando não sendo mais sustentadas
pelas águas, surgindo novas terras, novos continentes.
Fazendo
um paralelo com a mudança natural terrestre, observemos e nossa anatomia e
fisiologia.
A
teoria atômica, como a dos equivalentes químicos, encontradas nas
transformações de corpos entre si, nos induz a considerar a matéria como sendo
um composto de elementos extremamente sutis, agrupados uns com os outros, de
diferentes modos; dando o nome de moléculas a estes elementos. Estas moléculas,
compõem-se de aglomerações de outros elementos “indivisíveis”, estes elementos
são os átomos.
O
que é a matéria? “É uma coisa que podemos ver e tocar, coisa formada de partes
elementares, que, consideradas como matéria não existem absolutamente”, suponho
que muitas pessoas ficariam surpreendidas ouvindo tal definição. Sendo
sustentado por personagens eminentes, os partidários do átomo inextensível. Que
seria o átomo então? Uma ficção matemática? Os elementos da matéria.
Em
virtude da grande lei da conservação da matéria, que Lavoisier definitivamente
estabeleceu, apesar de seus movimentos e migrações perpétuas, o átomo não varia
nem se destrói: é indestrutível e invariável, constituindo apenas um elemento
fluídico, cíclico, giratório do fluido universal de que a matéria é formada.
A
energia animal dos átomos, de um movimento tão rápido, que a imaginação não
pode fazer uma idéia dele, é o agente real que fixa a molécula, sendo por sua vez
energia condensada. A idéia da impenetrabilidade da matéria dos corpos é
absolutamente falsa. O volume das moléculas pode ser, quando muito, avaliado
por milionésimos de milímetros, e mesmo, levando em conta o espaço considerável
que as separa, é ainda por trilhões, quintilhões, sextrilhões que devemos
contá-las em um milímetro cúbico. Elas estão em um estado contínuo de agitação,
de projeção, de choques violentos, de atração, de repulsões energéticas, das
quais é sem dúvida um pálido reflexo o movimento browniano das partículas
microscópicas.
Cada
molécula, formada por uma multidão de átomos turbilhões,é hoje considerada por
alguns sábios do modo pelo qual ela foi antigamente por iniciados da Índia e do
Egito, como um sistema planetário, com todas as complicações de movimento e de vida,
dirigida segundo os pandits da Índia atual, por inteligências elementares
inferiores. Os corpos, que são aglomerações de moléculas, seriam assim os
análogos das vias – lácteas e das nebulosas resolúveis.
Para
compreender a essência da vida, não é inútil fazer o exame comparado do
Universo e do Homem. Do Macrocosmo e do Microcosmo. E depois só podemos ter
concepções claras das coisas, elevando nossa alma acima das coisas ordinárias
do pensamento, de onde nascem, quase
sempre os preconceitos, as idéias errôneas, as ilusões a respeito do que nos
cerca. A libertação do nosso espírito do quadro estreito da vida cotidiana, cujas
ele tende a amoldar-se.
Considerando
o macrocosmo na imensidade, veremos que a comparação da molécula com a nebulosa
é racional. Ignoramos as leis dos movimentos moleculares, e se estamos mais
familiarizados com as que governam os planetas do nosso sistema, desconhecemos
as leis dos movimentos estelares. Os movimentos da molécula, como concebemos,
sejam comparáveis ao das estrelas e seus planetas, subentendendo-se que as
proporções do tempo de evolução da molécula devem ser reduzidas às do espaço em
que ela evolui. Não percebemos os movimentos das moléculas, com uma velocidade
aproximadamente de 30 quilômetros por segundo, teríamos uma vida “curta” como o mais
rápido pensamento, com ocupações relativamente numerosas e longas, senão
fúteis.
Laplace,
como o prova este trecho da sua Exposição do Sistema do Mundo:
“Uma
de suas propriedades notáveis, a da atração – escreve ele –, é que se as
dimensões de todos os corpos do Universo, suas distâncias mútuas e velocidades
crescessem ou decrescessem proporcionalmente, descreveriam curvas inteiramente
semelhantes às que descrevem, de modo que o Universo ofereceria sempre a mesma
aparência aos seus observadores. Estas aparências são, por conseguinte,
independentes do movimento absoluto que possa haver no espaço. A simplicidade
das leis da Natureza não nos permite, pois, observar e conhecer senão as
relações.”
Considerando
os cometas, esses gigantes dos campos celestes, que nada mais são além de
“matéria cósmica”, que se busca e se acumula para, mais tarde, em um ponto do
infinito, formar um novo mundo solar. Nesse estado, a energia, tomando a forma de
átomos, para se confederar em moléculas, ainda não saiu completamente do estado
potencial; mas, basta que um ponto se materialize, e todas as moléculas novas
irão agitar-se sobre este ponto; e a energia, encontrando-se sob sua “nova
forma”; a matéria passará ao estado dinâmico. Chuvas de moléculas se
multiplicarão; os pontos de energia materializarão uns sobre os outros,
desenvolvendo uma quantidade de calor, a ponto de se tornarem volátil. E assim se formam os sóis que giram nos céus. Destes
sóis em fusão, escapam as massas anulares voláteis, que esfriam no espaço onde vão se perder. Perder não é o termo, porque
elas são retidas pela atração ou segundo Newton “quam ego attractionem
appello”(o que denomino atração),pela atração do seu sol, cujos planetas ficam
sendo.Eis o que nos dirão as estrelas.
“Que
a gravidade, por um vasto e lento processo de cristalização, cujo progresso nas
profundezas do espaço o astrônomo contempla com emoção, devia condensar, pouco
a pouco, a matéria então prodigiosamente dilatada e confeccioná-la em sistemas
estelares, solares e planetários”. (E.
Jouffret.)
“O
Sol, fazendo viver, pela ação benéfica de sua luz e calor, os animais e as
plantas que enchem a Terra, deve analogamente produzir efeitos semelhantes
sobre os outros planetas; porque não é natural pensar-se que a matéria, cuja
atividade vemos desenvolver-se de tantos
modos, seja estéril sobre um planeta tão grande como Júpiter, que tem, como o
globo terrestre, seus dias, noites e anos, e sobre o qual os observadores notam
mudanças que indicam forças muito ativas. Entretanto, seria dar demasiada
extensão à analogia, concluir por isso a semelhança entre os habitantes dos
planetas e os habitantes da Terra. O homem, feito para a temperatura de que
goza e para o elemento que respira, não poderia, segundo toda a aparência,
viver em outros planetas. Mas, não existirá neles uma infinidade de
organizações relativas às diversas constituições dos globos do Universo? Se a
única diferença dos elementos e dos climas põe tanta variedade nas produções terrestres,
quanto mais devem diferir as dos diversos planetas e seus satélites? A
imaginação mais ativa não pode fazer uma idéia delas; mas a sua existência é
muito verossímil.” (Laplace, Essai sur les
Probabilités.)
Depois
que a Ciência nos fez assistir à formação dos sistemas, à gênese dos mundos,
seja-nos permitido perguntar-lhe para que todo esse movimento, toda essa
agitação! Dou ainda a palavra aos mais autorizados na questão. Diz, E.
Jouffret:
Segundo
um cálculo de Helmholtz, o sistema solar não possui mais que 454ª parte da
energia transformável, que ele possuía no estado de nebulosa. Embora esse
resíduo constitua ainda provisão, cuja enormidade nos confunde o entendimento,
ela será um dia consumida também. Mais tarde, a transformação terá lugar no
Universo inteiro e, por fim, estabelecer-se-á um equilíbrio geral de
temperatura, como de pressão.
A energia não será mais, suscetível de
transformação. Não será mais o nada, nem será a imobilidade a
mesma soma de energia subsistirá, sempre, sob a forma de movimentos atômicos;
mas será a ausência de todo o movimento sensível, de toda a diferença e de toda
a tendência, isto é, a morte absoluta.
Tal
é, admitida a permanência das leis que regem hoje a Natureza e, segundo o
raciocínio, o estado a que há de chegar o Universo...
Laplace,
enganado pelo cálculo, não suspeitou esse desmoronamento final.
O
homem aí está, no meio do espaço sem limites, quer em largura, quer em
profundeza ou em todas as direções. Quando o compreende, se resigna a ser uma
célula do Grande Ser! Pode ele limitado conceber o que não tem limites. Há
milhares de anos, estrelas que não parecem mudar de lugar. Instrumentos
inventados pelo homem permitem calcular; por exemplo, as estrelas chamadas
fixas se afastam ou se aproximam, com a velocidade de 20, 30, 35 e mais
quilômetros por segundo. Dez, vinte,
trinta vezes mais rápida que uma bala ao sair do cano de um revólver.
Não
entra no plano deste estudo fazer o histórico das diversas teorias emitidas a
respeito dos fenômenos que presidem à conservação das funções da matéria
organizada, isto é, à vida. Suponho que as doutrinas físico-químicas, animista,
vitalista ou stahlista, etc., são conhecidas. Recordemos que, de uma parte, uns
não queriam ver na vida senão um conjunto particular de fenômenos regidos pelas
leis da Física e da Química, ao passo que outros, os animistas, consideravam-na
como a manifestação onipotente da alma (Stahl) ou de um arqueu inferior (Basile
Valentin, Van Helmont, etc.). Esta coisa imaterial, segundo os animistas, é o grande
deus ex machina da vida; é ela que
fiscaliza o bom funcionamento das células, preside às secreções e regula, em
uma palavra, todos os atos da vida orgânica, a inteligência ou parte
intelectual da alma, conservando-se acima do todo.
Se
admitirmos a existência autônoma da energia
“como ser real, elemento constitutivo do Universo”? Assim não penso; a energia
coexiste ao lado da matéria, admita-se. Como a matéria, que, do estado cósmico
ou radiante (W. Crookes) passa às formas gasosa, líquida, sólida e às suas
combinações infinitas, a energia torna-se luz, movimento, calor, magnetismo,
eletricidade, conforme o modo pelo qual opera sobre a matéria ou une-se a ela.
Associada à substância organizada, a energia se transformaria em vida, em
inteligência, etc. E do mesmo modo que a matéria em movimento tende ao repouso,
em conseqüência do que se chama em mecânica a
degradação da energia, e perde sua energia
dinâmica, do mesmo modo a matéria organizada e viva, sob a influência de
uma lei análoga à da degradação, perderia, por sua vez, a energia dinâmica,
isto é, vital, como o elemento motor
do qual acabamos de falar, voltaria ao grande reservatório comum da
energia potencial para onde, tendem,
“no fim dos tempos”, todas as forças do Universo: seria sempre o aniquilamento imediato para a
consciência; seria, como se diz ainda – sem saber exatamente porquê – o
regresso ao Inconsciente.
“Eis
a doutrina interior que Fot (Buda),
no seu leito de morte, revelou pessoalmente a seus discípulos:
“Todas estas opiniões
teológicas – disse ele – não passam de quimeras; todas estas narrativas da
Natureza dos deuses, de seus atos, de suas vidas, são apenas alegorias,
emblemas mitológicos, sob os quais se escondem idéias engenhosas de moral e o
conhecimento das operações da Natureza, no jogo dos elementos e na marcha dos
astros”.
“A verdade é que tudo se
reduz ao nada; que tudo é ilusão, aparência, sonho; que a metempsicose moral
não é mais que o sentido figurado da metempsicose física, desse movimento
sucessivo, pelo qual os elementos de um mesmo corpo, que não perecem, passam,
quando ele se dissolve, para outros meios e formam outras combinações. A alma
não é mais que o princípio vital, resultante das propriedades da matéria (isto
foi escrito em 1820, 7ª edição) e do jogo de elementos existentes no corpo,
onde elas criam um movimento espontâneo. Supor que este produto do jogo dos
órgãos, nascido com eles, adormecido com eles, subsiste quando os órgãos não
mais existem, é um romance talvez agradável, mas realmente quimérico, fruto de imaginação
iludida. O próprio Deus não é senão o princípio motor, a força oculta espalhada
nos seres, a soma de suas leis e propriedades, o princípio animador, em outras
palavras, a alma do Universo, a qual, em razão da infinita variedade de suas
relações e operações, considerada ora como simples e ora como múltipla, agora como ativa e logo como
passiva, apresentou sempre ao espírito humano um enigma insolúvel. Tudo quanto
ele pode compreender de mais claro, nisto, é que a matéria não perece nunca;
que ela possui essencialmente propriedades pelas quais o mundo é regido como um
ser vivo e organizado; que o conhecimento dessas leis, em relação ao homem, é o
que constitui a sabedoria; que a virtude e o mérito residem na observância
delas, e o mal, o pecado, o vício, em sua ignorância e infração; que a
felicidade e a infelicidade resultam delas, pela mesma necessidade que faz as
coisas pesadas descerem e as coisas leves subirem, e por uma fatalidade de
causas e de efeitos cuja cadeia vai do último átomo até aos mais elevados
astros. Eis o que foi revelado no leito de morte pelo nosso Buda-Sidarta
Guatama.”
PATRICIA JORGE ALVES
TERAPEUTA HOMEOPATA
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