Nos
séculos XVIII e XIX, o espírito científico avançou tremendamente, realizando
novas descobertas, embora esse mesmo espírito sancionasse o uso de métodos
curativos mais do que primitivos e em escala maciça. Foi nesse período,
significativamente, que um médico alemão, Samuel Hahnemann, formulou pela
primeira vez na história da medicina, as Leis e princípios complexos que regem
a saúde e a doença, comprovando-os numa experiência clínica verdadeira. No
entanto, ninguém lhe deu crédito. Aparentemente suas ideias eram muito
avançadas para o primitivo estado mental em que viviam os seus colegas. Eles
pareciam incapazes de dar o salto necessário para alcançar uma ideia que estava
séculos à frente de seu pensamento.
Ao
invés disso, os conceitos mais materialistas, manifestados por Louis Pasteur,
foram largamente aceitos, por adequarem-se melhor à necessidade de uma
conceitualização newtoniana. As teorias e pesquisas de Pasteur sobre a natureza
dos micróbios levaram todos a acreditar que a causa das moléstias fora explicada.
Com o avanço da moderna ciência da bacteriologia, no entanto, chegou-se à
conclusão de que tanto o micróbio quanto a suscetibilidade constitucional são
necessários para dar início ao processo da doença. No entanto, os médicos modernos
parecem ter fechado os olhos para esse fato. Eles continuam a procurar novos
micróbios, bactérias , vírus, etc., e depois desenvolvem poderosas drogas para
exterminá-los. Toda a pesquisa concentra-se na procura de uma causa microbiana,
ignorando amplamente a suscetibilidade constitucional das vítimas. Outra
abordagem perfeitamente válida, que poderia inclusive produzir melhores
resultados, seria estudar a relativa resistência dos sobreviventes ao organismo
supostamente virulento.
Infelizmente,
a obsessão dos pesquisadores médicos em sua determinação de perseguir essa
ideia errônea sobre micróbios e fatores concretos causadores da doença, apesar
dos resultados cada vez mais desapontadores, sobretudo nas doenças crônicas,
está levando progressivamente ao desenvolvimento de drogas cada vez mais
tóxicas que estão se tornando uma ameaça à saúde pública.
Torna-se
evidente para os indivíduos mais conscientizados que a procura obsessiva de uma
causa concreta da moléstia não é, na verdade , a base da moderna terapêutica. A
maior parte das drogas prescritas para moléstias como artrite, asma, colite,
úlcera, doenças do coração, epilepsia e depressão não se destinam a ser
curativas, mesmo em sua concepção original. Elas não combatem de forma alguma,
a causa, mas apenas oferecem uma frágil esperança como paliativo, isso sem
falar do perigo dos efeitos colaterais. Esse, por si só, é um sinal da
impotência da medicina moderna para lidar efetivamente com a doença.
Vemos
que a medicina ortodoxa (deriva de raízes gregas, que significam “outro” e
“sofrimento”) apesar de criar para si mesma uma sólida estrutura financeira,
inércia institucional e conexões políticas, mostra-se ao mesmo tempo
extremamente insuficiente em suas leis e princípios básicos. A medicina
alopática sempre se desenvolveu em meio a uma sociedade científica que
experimentava os maiores avanços tecnológicos já testemunhados na história; no
entanto ironicamente isso acontecia sem que qualquer lei ou princípio
justificasse seus métodos. Toda a ciência é um sistema baseado em leis e
princípios verificados por contínuos dados experimentais e empíricos. A
medicina ortodoxa autodenomina-se “ciência”, mas merecerá realmente este nome?
Onde estão suas Leis e Princípios, que são o fundamento de qualquer ciência? A
lei dos “Contrários” é o que cura?
Consideremos
como deve ser o sistema terapêutico ideal. Ele deve ser efetivo com um mínimo
ou sem nenhum risco para o indivíduo. Sua eficácia deve ser baseada não apenas
no alívio ou na ausência de sintomas, mas no fortalecimento do corpo e no bem
estar do indivíduo, permitindo-lhe um prolongamento da vida. Não deveria ser
proibitivamente caro, podendo ser prontamente acessível a toda a população.
O
mais importante é que o sistema terapêutico ideal deve ter uma concepção clara
das seguintes questões:
O
que é, exatamente e em sentido mais complexo, o Ser Humano?
O
que significa verdadeiramente ser saudável?
O
que é precisamente um estado de doença?
Devemos
também, discutir outra questão vital, que não pode ser isolada das demais: Qual
é o objetivo da Vida Humana? Não podemos falar convincentemente de saúde e
doença de um indivíduo sem primeiro conhecer claramente o propósito fundamental
da vida. Assim, o que procuramos em nossas vidas?
O
Homem quer dinheiro, poder, fama, terra, sexo, ausência de sofrimento e
libertação da ansiedade e da tensão. No entanto, se meditarmos mais sobre esses
desejos, logo chegaremos à resposta de que todos, através desses desejos,
procuram um estado interior que é a felicidade; uma felicidade incondicional e
contínua. Uma felicidade que depende muito pouco das condições externas e que
persistirá, apesar das mudanças transitórias que, caleidoscopicamente passam
por nós na vida.
Se
uma pessoa experimenta uma limitação da sensação de bem estar, tanto a nível físico
quanto emocional ou mental da existência, a possibilidade de que se manifeste
este estado de felicidade interna é impedida. Na moléstia grave, a consciência
é mobilizada para lidar com seu processo e com suas manifestações. A doença é o
reflexo do que estamos fazendo, pensando e consequentemente de que maneira
reagimos perante as vicissitudes da vida. A escolha é responsabilidade total
das consequências posteriores. À Partir do momento que uma doença grave se
instale ela nos oferece um reajuste de todos os nossos comportamentos que
tivemos no decorrer de nossas vidas. É um freio! A dor é consequência de nossos
atos e ações. As reações fisiológicas e anatômicas não são a causa e sim o
efeito. Um exemplo é a Depressão uma doença instalada em todas as classes
sociais. Ela é só um fator fisiológico, anatômico, celular? Quem é o motorista
deste carro que chamamos corpo físico? São fatores externos que corroboraram
para a moléstia ser instalada? Nosso terreno estando suscetível às invasões
externas causa danos profundos e muitas vezes irreversíveis. Somos sim,
responsáveis por tudo o que nos acontece!
Neste
sentido, podemos ver que a preservação da saúde é o pré-requisito essencial
para que o Homem atinja o objetivo fundamental na vida: A felicidade
incondicional, podendo ajuda-lo a atingir os estágios evolutivos mais altos.
O
Espírito humano está intimamente ligado ao organismo físico numa única
totalidade integrada. Apesar de as
modernas tendências afirmarem o contrário, essa perspectiva holística foi muito
claramente estendida através da história, como mostra a seguinte citação de um
texto sumeriano, A Escritura Sagrada Da Promessa Divina:
“Honra
teu corpo, que é teu representante neste Universo. Sua magnificência não é
nenhum acidente. É a estrutura através da qual devem surgir teus trabalhos; é
por ela que o espírito e o espírito nele contido falam. A carne e o espírito
são duas fases da tua realidade no espaço e no tempo. Quem ignora uma delas,
desintegra-se em mortandades. Assim está escrito...”
Existem
leis e princípios de acordo com os quais
doença, ou uma série de doenças, aparece numa pessoa.
Também
existem leis e princípios que regem a cura, e todo terapeuta, não importa o
método terapêutico utilizado, deveria conhece-los e aplicá-los.
O
objetivo principal e final de um ser humano é a felicidade contínua e
incondicional. Todo sistema terapêutico deveria conduzir uma pessoa ao seu
objetivo.
A
primeira e precípua tarefa de um profissional que decidiu dedicar-se ao estudo
e à prática de uma verdadeira ciência terapêutica é, acima de tudo,
restabelecer a saúde de um indivíduo doente.
O
que é um Ser Humano?
Como
é construído o Ser Humano?
Como
funciona o Ser Humano no contexto de seu universo?
Quais
são as Leis e Princípios que governam a função do Ser Humano tanto na saúde
quanto na doença?
Entendendo
sobre essas questões poderemos praticar a Homeopatia em sua amplitude, de modo
que o indivíduo restabeleça a harmonia consigo mesmo e com o universo que o
circunda. É necessário a compreensão de suas respostas, a fim de poder
reconhecer e apreciar uma verdadeira cura quando ela se manifesta no indivíduo.
O
organismo humano não é uma entidade isolada, auto suficiente. Cada indivíduo
nasce, vive e morre de modo inseparável dos grandes contextos das influências
físicas, sociais, políticas e espirituais. As Leis que regem o Universo físico
não são separadas das leis que regem as funções dos organismos vivos. Devemos
compreender que o conjunto no qual o ser humano é encontrado, como é
influenciado por ele, e por outro lado, como ele afeta esse conjunto.
O
organismo humano originalmente foi designado para funcionar harmoniosa e
compativelmente com o meio ambiente. A intenção desse desígno era obviamente
estabelecer um equilíbrio dinâmico no qual ambos, tanto o indivíduo quanto o
meio ambiente, fossem mutuamente beneficiados. Qualquer desequilíbrio leva
inevitavelmente à destruição, que diminui tanto o Ser Humano quanto o Universo no
qual ele vive. Como os Seres Humanos são dotados de consciência e percepção, a
responsabilidade é total em relação a si mesmo quanto ao Cosmos: “De viverem de Acordo com as Leis da
Natureza”.
“O gênero humano, idealmente, devia ter
consciência e percepçãosuficientes para viver de acordo com a Ordem do Universo
e colaborar com ela, sendo dessa forma, livre para alcançar as mais altas
possibilidades de evolução.
Ao
invés disso, encontramo-nos em meio a desordem ao caos e consequentemente às
doenças.
Numa
era de avanço tecnológico sem precedentes, vemos a atmosfera, a água, a terra
submetidos a danos nunca visto.
“A
moderna epidemia da competição, da violência, e da guerra nos remete a
destruição do gênero humano.”
O
que então podemos chamar de saúde?
Nossos
alimentos são verdadeiramente saudáveis? Não! Transgênicos, alimentos
modificados em toda sua amplitude.
E a
água que bebemos?
Como
reagimos as vicissitudes da vida? A busca do poder desenfreada, as guerras
familiares, amor egoísta, abusos de poder, sexo em desequilíbrio etc.
Por
que isso acontece?
O Ser
Humano se desvinculou de sua natureza e consequentemente da Natureza Universal.
Violações humanas, resultando destruição em todos os lados para onde nossas
vistas se deparam. A humanidade se perdeu. Perdeu a consciência interna que lhe
possibilitaria uma percepção correta de si mesma e do Todo.
O
Ser Humano afeta e é afetado por desviarmos de nossa natureza, estabelecendo um
ciclo vicioso dentro da gosma que foi gerada por ele mesmo.
A
maior parte das pessoas, experimenta graus de desequilíbrio que vão desde o
ligeiro até o mais grave. O desequilíbrio da capacidade do organismo para
enfrentar as influências internas e externas é enorme. Com isso sempre é
afetado causando graves desequilíbrios.
O
indivíduo é uma totalidade e as perturbações não se manifestam unicamente no
nível físico da existência como supõe a prática da moderna medicina alopática.
Cada pessoa é perturbada em todos os níveis da existência, em graus variados.
O
centro da existência humana depende da habilidade do organismo em manter seu
equilíbrio dinâmico com um mínimo de perturbação e um máximo de constância. O
mecanismo de defesa está constantemente tentando criar esse equilíbrio, mas nem
sempre é bem sucedido.
Se o
mecanismo de defesa funcionasse sempre
com perfeição, jamais haveria sofrimento, sintomas ou a própria doença.
Na
maioria das pessoas, esse mecanismo deixa de funcionar. Se os estímulos são
mais fortes do que a resistência natural do organismo, cria-se um estado de
desequilíbrio que se manifesta na forma de sinais e sintomas. Embora os efeitos
sejam experimentados por todas as pessoas, em todos os níveis, as manifestações
são expressas de modo relativo, com maior força em um dos níveis, mental,
emocional ou físico, dependendo do grau de predisposição e do terreno de cada
indivíduo. Esses sintomas ou grupos de sintomas são erroneamente chamados de
“doenças”, quando na realidade, apresentam o resultado da luta dos mecanismos
de defesa para contra atacarem o estímulo morbífico.
O
Ser Humano é um todo, uma entidade integrada e não fragmentada em partes
independentes. A medicina em geral acumulou uma grande quantidade de informação
sobre anatomia, fisiologia, patologia, psicologia, psiquiatria, bioquímica,
biologia molecular, biofísica e assim por diante, relacionada aos seres humanos.
Cada um desses ramos de estudo examinou o indivíduo de seu ângulo particular.
Ninguém nega que a matéria revelada através desses laboriosos estudos tem sido
esclarecedora e geralmente útil. Mas tais estudos não nos deram até agora uma
ideia clara e íntegra do que é um Ser Humano funcionando em sua totalidade, não
apenas no seu nível molecular, ou no nível dos órgãos, nem somente no nível
psicológico. A moderna terapêutica tem uma visão fragmentada do ser humano. Se
o fígado estiver afetado, receita-se alguma coisa para o fígado. O conhecimento
é casual ao invés de ser baseado em Leis sistematicamente verificadas e em
princípios derivados da observação do Todo, ou seja: O que causou a dor no
fígado? É só a alimentação? Como vive esse indivíduo que apresentou dor no
fígado? Como pensa, age, sente?
Somos
um Todo dentro de um Sistema Global.
Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata
Excelente texto, sobre cura e os alimentos, e os elementos que estão disponibilizados na natureza, como a Água que você cita em seu texto... que as vezes nem damos o devido valor, por ter em tamanha abundância.
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