A VERDADE SOBRE A PERCEPÇÃO
A percepção é um processo complexo com múltiplas facetas, iniciada quando nossos neurônios sensoriais captam informações do meio ambiente e a enviam ao cérebro na forma de impulsos elétricos. Temos uma percepção sensorial limitada. Não vemos a radiação infravermelha ou percebemos os campos eletromagnéticos como os pássaros que usam essa informação para se orientar. A quantidade de informação que entra por meio dos cinco sentidos é impressionante; cerca de 400 bilhões de bits por segundo.
Não recebemos nem processamos conscientemente essa quantidade. Pesquisadores afirmam que passam por nossa consciência apenas dois mil bits por segundo. Nas palavras do doutor Andrew Newberg, quando o cérebro trabalha para tentar criar uma história do mundo, ele precisa se livrar de muitos dados supérfluos. O cérebro precisa filtrar uma tremenda quantidade de informação irrelevante para nós. Ele faz isso inibindo coisas, evitando que algumas respostas e informações neurais acabem por chegar ao nível consciente, e assim ignoramos a cadeira em que estamos sentados. Ou seja, filtrando o que é conhecido. E, então, existe a filtragem do que é desconhecido...
Ao vermos alguma coisa que o cérebro não consegue identificar, buscamos algo similar. Se não houver nada semelhante, ou se for algo que saibamos não ser real, descartamos a informação com: “Eu devo estar imaginando coisas”.
Assim, nós não percebemos a realidade de fato, vemos a imagem dela que nosso cérebro construiu, usando o impulso sensorial e associações obtidas em suas vastas redes neurais.
“Dependendo de suas experiências, diz o doutor Newberg, e de como você as processa, isso realmente cria um mundo visual, o cérebro é, afinal, quem percebe a realidade e cria nossa versão do mundo”.
EMOÇÕES E PERCEPÇÕES
Nossas emoções decidem o que é digno de atenção. Os receptores são os mediadores na decisão sobre o que vai se tornar um pensamento ao chegar à consciência e o que vai permanecer como um padrão de pensamento não digerido, enterrado num nível mais profundo do corpo.
“As emoções foram projetadas para fixar quimicamente algo em nossa memória de longo prazo.”
(Joe Dispenza)
As emoções são ligadas a um nível ainda baixo do processamento visual, próximo do primeiro passo. De um ponto de vista evolutivo, isso faz sentido. Se você caminha por uma trilha e um tigre salta a sua frente, você vai processar essa imagem e começar a correr antes de saber por quê.
Quatrocentos bilhões de bits por segundo. ”Mesmo depois de jogar fora o “irreal” (marcianos) e o” irrelevante” (cheiro de xampu), ainda restam muitos bits. As emoções atribuem a eles um peso ou importância relativos. Elas são um atalho estrutural na percepção, e também nos dão a capacidade incomparável de não ver o que simplesmente “não queremos ver”.
“Nossos olhos estão se movendo o tempo todo. Eles se movem sobre todo esse campo de energia. Então, por que eles colocam em foco e começam a deixar entrar uma área e não outra? É muito simples: vemos aquilo em que queremos acreditar. E viramos as costas ao que não é familiar ou é desagradável.”
(Candace Pert, Ph. D)
Portanto, se construirmos a realidade como elemento de nosso estoque já existente de lembranças, emoções e associações, como podemos perceber algo novo?
A chave são os novos conhecimentos. Expandir nosso paradigma, nosso modelo do que é real e possível, acrescenta novas opções à lista utilizada por nosso cérebro. Lembre-se, essa lista é só uma descrição operacional da realidade. Não é a realidade propriamente dita.
Conhecimentos novos podem abrir nossas mentes a novos tipos e novos níveis de percepção e experiência.
Informações novas são importantes, mas o conhecimento completo envolve tanto a compreensão quanto a experiência. Se você quiser que alguém saiba como é comer um pêssego, pode descrever a experiência – “é suculento, doce, macio...” - mas ele ou ela nunca saberá de fato o que é comer um pêssego enquanto não morder um. Portanto, para expandir nosso paradigma e despertar para uma vida, mas rica, precisamos de novas experiências.
Quando foi a última vez que você provocou a própria mente? Que você fez algo escandalosamente diferente?
Em Viagem a Ixtlan, Carlos Castaneda descreve uma das lições de Don Juan: “Espreitar a si mesmo”. Ou seja, estudar os próprios hábitos como se espreitasse uma presa, de modo a se apanhar fazendo coisas habituais e então fazer algo totalmente novo.
De volta às velhas perguntas: se só percebemos o que conhecemos, como iremos perceber algo novo? Se é você quem faz, como poderá criar um novo você?
Quando compreendemos que só conseguimos experimentar a vida dentro das fronteiras do que já sabemos, torna-se óbvio que se quisermos ter uma vida mais abrangente e mais rica, com mais oportunidades de crescimento, realizações e felicidade, precisamos nos empurrar para frente, fazendo grandes perguntas, experimentando novas emoções e armazenando mais dados em nossas redes neurais.
Nós criamos o nosso mundo...
O resultado, pelo menos para a ciência, é: Nós criamos o mundo que percebemos. Quando abro os olhos e olho em torno, não vejo o “mundo”, mas o que meu equipamento sensorial consegue perceber, o que meu sistema de crenças me permite ver, o que minhas emoções desejam ou não ver.
Karl Pribram revolucionou o modo de pensar o cérebro quando declarou que ele é essencialmente holográfico: o processamento está espalhando por todo o cérebro e, como num holograma, cada parte contém o todo. O Universo é essencialmente holográfico e a única razão para sentirmos que estamos dentro da realidade, em vez de apenas percebê-la, é o fato de nosso cérebro estabelecer uma conexão holográfica com o que está lá fora. Portanto, nossa percepção não é processada apenas no cérebro, ela se move para além dele para interagir com o que está lá fora.
Mas se a realidade é holográfica, é possível perceber isso de imediato? Nossos sentidos são limitados; são cortadores de biscoito dando forma à realidade. Ao passo que os exploradores da consciência relatam ser possível experimentar completamente o mundo, todo o universo e um grão de areia, o que percebemos em nossos sentidos é Maya, ilusão. Tudo depende do ponto de vista.
Patricia Jorge Alves
Terapeuta Homeopata
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